17 maio, 2016
15 outubro, 2015
Participação do 21o. Congresso Internacional de Educação a distância - CIEAD
http://www.abed.org.br/hotsite/21-ciaed/pt/minicursos/
25 março, 2015
Sobre as discussões sobre a redução da maioridade penal...
https://18razoes.wordpress.com/2015/03/24/reducao-da-maioridade-penal-para-adolescentes-os-riscos-do-oportunismo-2/#more-1242
15 março, 2015
O relatório final da Comissão da Verdade "Rubens Paiva" afirma que a segurança pública militarizada e a educação precária, heranças da ditadura, mantêm a sociedade desigual.
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/redemocratizacao-incompleta-perpetua-desigualdades-no-brasil-diz-relatorio-573.html
E sejam vocês mesmos os agentes de mudança, começando pela própria vida, pq reclamar que os outros não fazem é fácil.
Nesta semana que passou alguns alunos muito queridos me escreveram ou me procuraram dizendo que deixariam de estudar por não estar conseguindo o FIES. Fiquei muito triste e tenho acompanhado muito de perto a angústia de tantos alunos como eles, inclusive com algumas ações na faculdade para ajudá-los enquanto o aditamento não sai...
Sei que é difícil pensar no futuro estando tudo tão incerto (eu que o diga) mas perguntei a uma dessas alunas desde quando ela tinha FIES...e ela disse que tinha 50% de Prouni e 50% de FIES desde que começou a faculdade, três anos atrás...e que se não fosse por isso nunca teria conseguido entrar numa faculdade...eu sei o quanto é difícil pensar em uma faculdade vindo de uma família que nunca pode estudar pois foi assim comigo, mas que ela já tinha ido tão longe que devia continuar tentando... no final da nossa conversa ela disse que continuaria tentando pois falta tão pouco pra terminar...fiquei orgulhosa e triste...Orgulhosa pela força dela e triste por ver que as políticas públicas não se mantém em função de interesses políticos mesquinhos...
Muitos conseguiram estudar nesses últimos anos com as bolsas e financiamentos, que agora ficaram tão difíceis...mas muitos já se formaram ou estão perto disso, e parece que nada tem valor...
Eu tive graduação gratuita, mestrado com bolsa e estou lutando no doutorado onde as verbas não chegam tão facilmente...sou de uma classe que há 20 anos não teria a menor chance de colocar os pés numa universidade, e já passei por duas e estou na terceira como aluna e pretendo um dia estar como professora...Há 20 anos, eu nem sonhava...
Vamos fazer as devidas críticas, vamos cobrar postura ética, mas não vamos ignorar a realidade. Não precisei viver a ditadura militar para sofrer a dor de quem deu a vida pela democracia...Mas vamos fazer uma democracia verdadeira, com discussão ampla e irrestrita, profunda e não rasa como tantos gritos que vemos por ai...vamos cobrar mas antes vamos olhar para nós mesmos e vermos o quanto somos corruptos nas pequenas coisas da vida...corrupção não é questão de tamanho, é questão de atitude, ou se é ou se não é. Quer cobrar, cobre, mas junte a isso um pouquinho mais de coerência...e um pouquinho mais de conhecimento histórico (não, leu na veja ou viu na rede globo não vale, não vale mesmo, a manipulação começa ai) e bom senso para discutir de forma aprofundada um tema que é tão importante pra nossa nação.
LUTAR É PRA TODO DIA!
20 abril, 2014
01 abril, 2014
04 fevereiro, 2014
sobre os auto-enganos
"Este é um livro sobre as mentiras que contamos a nós mesmos. Mentimos para nós o tempo todo: adiantamos o despertador para não perder a hora, acreditamos nas juras da pessoa amada, só levamos realmente a sério os argumentos que sustentam nossas crenças. Além disso, temos a nosso próprio respeito uma opinião que quase nunca coincide com a extensão de nossos defeitos e qualidades. Sem o auto-engano, a vida seria excessivamente dolorosa e desprovida de encanto. Abandonados a ele, entretanto, perdemos a dimensão que nos reúne às outras pessoas e possibilita a convivência social.
O problema é que as mentiras que nos contamos não trazem seu nome verdadeiro estampado na fronte. É preciso, por isso, analisar os caminhos que nos levam até elas: encontraremos aí a origem de grandes conquistas e alegrias, mas também dos sofrimentos que muitas vezes causamos a nós mesmos e às pessoas que nos cercam."
10 janeiro, 2014
Meu Tchaikóvsky se foi...
Meu Tchaizinho se foi...meu companheirinho de quase 15 anos. Num dia em que voltei tão triste para Fortaleza, num período tão difícil da minha vida, com a perda da minha vó, com tantos desencontros e desesperanças, mais essa. Pensando em responder a pergunta que minha sobrinha me fez,sobre meu companheiro só posso dizer que não, não devo morrer agora, mas sem dúvida um pedacinho de mim se foi com meu tchaicovildo...
01 janeiro, 2014
O primeiro dia do ano de 2014
Hoje, ao assistir "A vida Secreta de Walter Mitty", de Ben Stiller, fiquei emocionada. A Cena em que ele lê o título da última capa da Life, antes mesmo de mostrar a foto, me fez encher os olhos de lágrimas. Sou uma chorona, uma sentimental, sei disso, muitas coisas que aos olhos dos outros parecem bobas a mim tocam profundamente. Ainda mais hoje, ainda mais agora...
Perdi minha avó materna ha 3 dias. Passamos 11 dias com ela no hospital, literalmente desde a minha chegada no aeroporto de São Paulo, na noite do dia 18. Nesses dias revi minha infância ao seu lado, mas vou escrever sobre isso mais tarde. Hoje, ao ir ao cinema com parte da minha família (meu irmão e minha sobrinha, que moram em Fortaleza, meu filho e a namorada, que moram em São Paulo) vivi a felicidade dos pequenos momentos que a vida em família nos proporciona. Passei por momentos muito difíceis ao esperar ligações de quem devia estar ao meu lado nesse momento de luto mas que, não sei por que motivo, simplesmente não estava, mas esse fato também me mostrou que não adianta esperar das pessoas aquilo que elas não estão dispostas a dar. Sofri muito. Estou sofrendo, mas tudo isso reforçou em mim a certeza de que, por mais problemas que a família possa ter, são eles que realmente estão ao nosso lado, não importa o que aconteça. Por causa deles minha força para lutar se renova e minhas pequenas desistências se justificam pois desistir do que é pequeno é o mínimo que se deve esperar de quem quer ser feliz.
Passei a virada do ano tentando pensar em quais as possibilidades de mudanças que 2014 pode me proporcionar, e ao assistir ao filme de hoje fiquei surpresa e feliz por ver que, não importa o quanto a gente acerte e não se reconheça isso, o que importa é cada tentativa em busca do que é justo, correto e que nos faz crescer como pessoa, mais que qualquer coisa. Não acredito que os fins justificam os meios. A vida é a caminhada, não o fim do caminho. Não vale fazer qualquer coisa a qualquer preço, há que se ter ternura e justiça no coração, por mais difícil que seja no mundo louco e competitivo que vivemos hoje. Há que se ter coragem. Nesses dias, mais que nunca, meu sobrenome fez sentido para mim. Que venham as batalhas, não tenho medo delas.
11 junho, 2013
Nestes dias que passei sem escrever no meu blog estive em tantas histórias, em tantos momentos de alegrias, em tantas dificuldades, que justificariam voltar a escrever como antes...mas o tempo e o vento me levaram pra longe...
mas não tão longe que não possa voltar, que não deva...como um amigo querido que oferece o ombro, volto à procura do acolhimento que esse espaço sempre me deu.
Minha escrita sempre foi motivada pela dor, poucos são os escritos que não tratam de algum tipo de dor, pela injustiça, pela ignorância alheia, pelos amores que se foram, por perdas tantas...catártico, esse exercício me mantém viva...
em época de facebook ninguem mais lê blogs como o meu, então também me sinto um pouco sozinha agora...mas é um momento bom pra se ser sozinha...
04 novembro, 2012
Gonzaga - de pai pra filho
15 agosto, 2012
sobre as saudades...sobre à beira do caminho...
12 agosto, 2012
sobre meu companheiro mais fiel...
05 julho, 2012
sobre a escatologia do ser
sobre pouco, quase nada, do muito que poderia ser
04 junho, 2012
sobre angústias outras...
03 junho, 2012
sobre a vida e seus Instantes
16 novembro, 2011
sobre religiões e preconceitos...
ELIANE BRUM - 14/11/2011 09h59 - Atualizado em 14/11/2011 09h59
A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
A parábola do taxista e a intolerância. Reflexão a partir de uma conversa no trânsito de São Paulo. A expansão da fé evangélica está mudando “o homem cordial”?
ELIANE BRUM
documentarista. Ganhou mais
de 40 prêmios nacionais e
internacionais de reportagem.
É autora de um romance -
Uma Duas (LeYa) - e de três
livros de reportagem: Coluna
Prestes – O Avesso da Lenda
(Artes e Ofícios), A Vida Que
Ninguém Vê (Arquipélago
Editorial, Prêmio Jabuti 2007)
e O Olho da Rua (Globo).
E codiretora de dois
documentários: Uma História
Severina e Gretchen Filme
Estrada.
elianebrum@uol.com.br
@brumelianebrum
O diálogo aconteceu entre uma jornalista e um taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30. Como estava escuro demais para ler o jornal, como ela sempre faz, puxou conversa com o motorista de táxi, como ela nunca faz. Falaram do trânsito (inevitável em São Paulo) que, naquela sexta-feira chuvosa e às vésperas de um feriadão, contra todos os prognósticos, estava bom. Depois, outro taxista emparelhou o carro na Pedroso de Moraes para pedir um “Bom Ar” emprestado ao colega, porque tinha carregado um passageiro “com cheiro de jaula”. Continuaram, e ela comentou que trabalharia no feriado. Ele perguntou o que ela fazia. “Sou jornalista”, ela disse. E ele: “Eu quero muito melhorar o meu português. Estudei, mas escrevo tudo errado”. Ele era jovem, menos de 30 anos. “O melhor jeito de melhorar o português é lendo”, ela sugeriu. “Eu estou lendo mais agora, já li quatro livros neste ano. Para quem não lia nada...”, ele contou. “O importante é ler o que você gosta”, ela estimulou. “O que eu quero agora é ler a Bíblia”. Foi neste ponto que o diálogo conquistou o direito a seguir com travessões.
- Você é evangélico? – ela perguntou.
- Sou! – ele respondeu, animado.
- De que igreja?
- Tenho ido na Novidade de Vida. Mas já fui na Bola de Neve.
- Da Novidade de Vida eu nunca tinha ouvido falar, mas já li matérias sobre a Bola de Neve. É bacana a Novidade de Vida?
- Tou gostando muito. A Bola de Neve também é bem legal. De vez em quando eu vou lá.
- Legal.
- De que religião você é?
- Eu não tenho religião. Sou ateia.
- Deus me livre! Vai lá na Bola de Neve.
- Não, eu não sou religiosa. Sou ateia.
- Deus me livre!
- Engraçado isso. Eu respeito a sua escolha, mas você não respeita a minha.
- (riso nervoso).
- Eu sou uma pessoa decente, honesta, trato as pessoas com respeito, trabalho duro e tento fazer a minha parte para o mundo ser um lugar melhor. Por que eu seria pior por não ter uma fé?
- Por que as boas ações não salvam.
- Não?
- Só Jesus salva. Se você não aceitar Jesus, não será salva.
- Mas eu não quero ser salva.
- Deus me livre!
- Eu não acredito em salvação. Acredito em viver cada dia da melhor forma possível.
- Acho que você é espírita.
- Não, já disse a você. Sou ateia.
- É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai pegar.
- Olha, sinceramente, acho difícil que Jesus vá me pegar. Mas sabe o que eu acho curioso? Que eu não queira tirar a sua fé, mas você queira tirar a minha não fé. Eu não acho que você seja pior do que eu por ser evangélico, mas você parece achar que é melhor do que eu porque é evangélico. Não era Jesus que pregava a tolerância?
- É, talvez seja melhor a gente mudar de assunto...
O taxista estava confuso. A passageira era ateia, mas parecia do bem. Era tranquila, doce e divertida. Mas ele fora doutrinado para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás. Como resolver esse impasse? (Talvez ele tenha lembrado, naquele momento, que o pastor avisara que o diabo assumia formas muito sedutoras para roubar a alma dos crentes. Mas, como não dá para ler pensamentos, só é possível afirmar que o taxista parecia viver um embate interno: ele não conseguia se convencer de que a mulher que agora falava sobre o cartão do banco que tinha perdido era a personificação do mal.)
Chegaram ao destino depois de mais algumas conversas corriqueiras. Ao se despedir, ela agradeceu a corrida e desejou a ele um bom fim de semana e uma boa noite. Ele retribuiu. E então, não conseguiu conter-se:
- Veja se aparece lá na igreja! – gritou, quando ela abria a porta.
- Veja se vira ateu! – ela retribuiu, bem humorada, antes de fechá-la.
Ainda deu tempo de ouvir uma risada nervosa.
A parábola do taxista me faz pensar em como a vida dos ateus poderá ser dura num Brasil cada vez mais evangélico – ou cada vez mais neopentecostal, já que é esta a característica das igrejas evangélicas que mais crescem. O catolicismo – no mundo contemporâneo, bem sublinhado – mantém uma relação de tolerância com o ateísmo. Por várias razões. Entre elas, a de que é possível ser católico – e não praticante. O fato de você não frequentar a igreja nem pagar o dízimo não chama maior atenção no Brasil católico nem condena ninguém ao inferno. Outra razão importante é que o catolicismo está disseminado na cultura, entrelaçado a uma forma de ver o mundo que influencia inclusive os ateus. Ser ateu num país de maioria católica nunca ameaçou a convivência entre os vizinhos. Ou entre taxistas e passageiros.
Já com os evangélicos neopentecostais, caso das inúmeras igrejas que se multiplicam com nomes cada vez mais imaginativos pelas esquinas das grandes e das pequenas cidades, pelos sertões e pela floresta amazônica, o caso é diferente. E não faço aqui nenhum juízo de valor sobre a fé católica ou a dos neopentecostais. Cada um tem o direito de professar a fé que quiser – assim como a sua não fé. Meu interesse é tentar compreender como essa porção cada vez mais numerosa do país está mudando o modo de ver o mundo e o modo de se relacionar com a cultura. Está mudando a forma de ser brasileiro.
Por que os ateus são uma ameaça às novas denominações evangélicas? Porque as neopentecostais – e não falo aqui nenhuma novidade – são constituídas no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis de mercado. Por isso, nessas novas igrejas, não há como ser um evangélico não praticante. É possível, como o taxista exemplifica muito bem, pular de uma para outra, como um consumidor diante de vitrines que tentam seduzi-lo a entrar na loja pelo brilho de suas ofertas. Essa dificuldade de “fidelizar um fiel”, ao gerir a igreja como um modelo de negócio, obriga as neopentecostais a uma disputa de mercado cada vez mais agressiva e também a buscar fatias ainda inexploradas. É preciso que os fiéis estejam dentro das igrejas – e elas estão sempre de portas abertas – para consumir um dos muitos produtos milagrosos ou para serem consumidos por doações em dinheiro ou em espécie. O templo é um shopping da fé, com as vantagens e as desvantagens que isso implica.
É também por essa razão que a Igreja Católica, que em períodos de sua longa história atraiu fiéis com ossos de santos e passes para o céu, vive hoje o dilema de ser ameaçada pela vulgaridade das relações capitalistas numa fé de mercado. Dilema que procura resolver de uma maneira bastante inteligente, ao manter a salvo a tradição que tem lhe garantido poder e influência há dois mil anos, mas ao mesmo tempo estimular sua versão de mercado, encarnada pelos carismáticos. Como uma espécie de vanguarda, que contém o avanço das tropas “inimigas” lá na frente sem comprometer a integridade do exército que se mantém mais atrás, padres pop star como Marcelo Rossi e movimentos como a Canção Nova têm sido estratégicos para reduzir a sangria de fiéis para as neopentecostais. Não fosse esse tipo de abordagem mais agressiva e possivelmente já existiria uma porção ainda maior de evangélicos no país.
Tudo indica que a parábola do taxista se tornará cada vez mais frequente nas ruas do Brasil – em novas e ferozes versões. Afinal, não há nada mais ameaçador para o mercado do que quem está fora do mercado por convicção. E quem está fora do mercado da fé? Os ateus. É possível convencer um católico, um espírita ou um umbandista a mudar de religião. Mas é bem mais difícil – quando não impossível – converter um ateu. Para quem não acredita na existência de Deus, qualquer produto religioso, seja ele material, como um travesseiro que cura doenças, ou subjetivo, como o conforto da vida eterna, não tem qualquer apelo. Seria como vender gelo para um esquimó.
Tenho muitos amigos ateus. E eles me contam que têm evitado se apresentar dessa maneira porque a reação é cada vez mais hostil. Por enquanto, a reação é como a do taxista: “Deus me livre!”. Mas percebem que o cerco se aperta e, a qualquer momento, temem que alguém possa empunhar um punhado de dentes de alho diante deles ou iniciar um exorcismo ali mesmo, no sinal fechado ou na padaria da esquina. Acuados, têm preferido declarar-se “agnósticos”. Com sorte, parte dos crentes pode ficar em dúvida e pensar que é alguma igreja nova.
Já conhecia a “Bola de Neve” (ou “Bola de Neve Church, para os íntimos”, como diz o seu site), mas nunca tinha ouvido falar da “Novidade de Vida”. Busquei o site da igreja na internet. Na página de abertura, me deparei com uma preleção intitulada: “O perigo da tolerância”. O texto fala sobre as famílias, afirma que Deus não é tolerante e incita os fiéis a não tolerar o que não venha de Deus. Tolerar “coisas erradas” é o mesmo que “criar demônios de estimação”. Entre as muitas frases exemplares, uma se destaca: “Hoje em dia, o mal da sociedade tem sido a Tolerância (em negrito e em maiúscula)”. Deus me livre!, um ateu talvez tenha vontade de dizer. Mas nem esse conforto lhe resta.
Ainda que o crescimento evangélico no Brasil venha sendo investigado tanto pela academia como pelo jornalismo, é pouco para a profundidade das mudanças que tem trazido à vida cotidiana do país. As transformações no modo de ser brasileiro talvez sejam maiores do que possa parecer à primeira vista. Talvez estejam alterando o “homem cordial” – não no sentido estrito conferido por Sérgio Buarque de Holanda, mas no sentido atribuído pelo senso comum.
Me arriscaria a dizer que a liberdade de credo – e, portanto, também de não credo – determinada pela Constituição está sendo solapada na prática do dia a dia. Não deixa de ser curioso que, no século XXI, ser ateu volte a ter um conteúdo revolucionário. Mas, depois que Sarah Sheeva, uma das filhas de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, passou a pastorear mulheres virgens – ou com vontade de voltar a ser – em busca de príncipes encantados, na “Igreja Celular Internacional”, nada mais me surpreende.
Se Deus existe, que nos livre de sermos obrigados a acreditar nele.
(Eliane Brum escreve às segundas-feiras)