Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

03 junho, 2012

sobre a vida e seus Instantes

ele entrou no carro e sentiu o silêncio que pesava, tão oposto ao estridente lá fora...seguiu devagar pelas ruas absolutamente inertes numa velocidade muito abaixo da ideal para quem vai sozinho pela vida. Dentre as possibilidades todas, escolheu a menos provável. Além de deixar o show mais cedo, iria mais cedo para casa.
Uma tristeza meio leve mas extremamente óbvia transportou-o pelo caminho. Revia seus passos nos últimos dias e não compreendia o que se passara. Tudo parecia em câmera lenta contrastando com a efusividade fútil anterior ao dia em que a beijou. Contrariando as obviedades, contrariando as possibilidades todas que o cercavam, foi naquele beijo e no carinho dela que ele simplesmente sentiu-se leve, como há muito não sabia...pelas obviedades que separam versos distintos, quando uma peça parece muito diferente da outra para encaixar-se pelas vicissitudes sociais, retraiu-se por um momento, como quem vive um sonho absurdo e acorda com medo que alguém tenha percebido...ouviu admirado alguém que indiretamente dizia que aquilo não era assim tão absurdo, que podiam viver a intensidade do momento sem pudores ou retraimentos. Ele, acostumado que era a retrair-se e por isso mesmo era tão criticado, decidiu mudar. Decidiu viver aquilo na intensidade que seu corpo pedia, que sua alma clamava, tomado pela voz doce e segura que o levava pelos belos caminhos que a noite trazia...Hermeneuticamente tentou compreender os sinais, embarcou neles disposto a mudar seu retraimento sempre tão combatido. Decidiu que tomaria as rédeas na transposição do rio da vida, que duraria alguns instantes, mas que poderiam ser inesquecíveis...E foi. Brincou; Mostrou-se. Desnudou-se. E morreu.

Nenhum comentário: