
Uma tristeza meio leve mas extremamente óbvia transportou-o pelo caminho. Revia seus passos nos últimos dias e não compreendia o que se passara. Tudo parecia em câmera lenta contrastando com a efusividade fútil anterior ao dia em que a beijou. Contrariando as obviedades, contrariando as possibilidades todas que o cercavam, foi naquele beijo e no carinho dela que ele simplesmente sentiu-se leve, como há muito não sabia...pelas obviedades que separam versos distintos, quando uma peça parece muito diferente da outra para encaixar-se pelas vicissitudes sociais, retraiu-se por um momento, como quem vive um sonho absurdo e acorda com medo que alguém tenha percebido...ouviu admirado alguém que indiretamente dizia que aquilo não era assim tão absurdo, que podiam viver a intensidade do momento sem pudores ou retraimentos. Ele, acostumado que era a retrair-se e por isso mesmo era tão criticado, decidiu mudar. Decidiu viver aquilo na intensidade que seu corpo pedia, que sua alma clamava, tomado pela voz doce e segura que o levava pelos belos caminhos que a noite trazia...Hermeneuticamente tentou compreender os sinais, embarcou neles disposto a mudar seu retraimento sempre tão combatido. Decidiu que tomaria as rédeas na transposição do rio da vida, que duraria alguns instantes, mas que poderiam ser inesquecíveis...E foi. Brincou; Mostrou-se. Desnudou-se. E morreu.
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