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16 novembro, 2011

sobre religiões e preconceitos...

Eu não entendo, aliás, entendo (alienação histórica), mas não concordo: Por que os religiosos não aceitam a não religião dos ateus? Eles até aceitam que o sujeito tenha uma crença diferente da dele, mas acham abominável que não tenham crença nenhuma...tolerância, cadê você??

http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2011/11/dura-vida-dos-ateus-em-um-brasil-cada-vez-mais-evangelico.html

ELIANE BRUM - 14/11/2011 09h59 - Atualizado em 14/11/2011 09h59

TAMANHO DO TEXTO

A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico

A parábola do taxista e a intolerância. Reflexão a partir de uma conversa no trânsito de São Paulo. A expansão da fé evangélica está mudando “o homem cordial”?

ELIANE BRUM

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Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista (Foto: ÉPOCA)ELIANE BRUMJornalista, escritora e
documentarista. Ganhou mais
de 40 prêmios nacionais e
internacionais de reportagem.
É autora de um romance -
Uma Duas (LeYa) - e de três
livros de reportagem: Coluna
Prestes – O Avesso da Lenda
(Artes e Ofícios), A Vida Que
Ninguém Vê
(Arquipélago
Editorial, Prêmio Jabuti 2007)
e O Olho da Rua (Globo).
E codiretora de dois
documentários: Uma História
Severina e Gretchen Filme
Estrada.
elianebrum@uol.com.br
@brumelianebrum

O diálogo aconteceu entre uma jornalista e um taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30. Como estava escuro demais para ler o jornal, como ela sempre faz, puxou conversa com o motorista de táxi, como ela nunca faz. Falaram do trânsito (inevitável em São Paulo) que, naquela sexta-feira chuvosa e às vésperas de um feriadão, contra todos os prognósticos, estava bom. Depois, outro taxista emparelhou o carro na Pedroso de Moraes para pedir um “Bom Ar” emprestado ao colega, porque tinha carregado um passageiro “com cheiro de jaula”. Continuaram, e ela comentou que trabalharia no feriado. Ele perguntou o que ela fazia. “Sou jornalista”, ela disse. E ele: “Eu quero muito melhorar o meu português. Estudei, mas escrevo tudo errado”. Ele era jovem, menos de 30 anos. “O melhor jeito de melhorar o português é lendo”, ela sugeriu. “Eu estou lendo mais agora, já li quatro livros neste ano. Para quem não lia nada...”, ele contou. “O importante é ler o que você gosta”, ela estimulou. “O que eu quero agora é ler a Bíblia”. Foi neste ponto que o diálogo conquistou o direito a seguir com travessões.

- Você é evangélico? – ela perguntou.
- Sou! – ele respondeu, animado.
- De que igreja?
- Tenho ido na Novidade de Vida. Mas já fui na Bola de Neve.
- Da Novidade de Vida eu nunca tinha ouvido falar, mas já li matérias sobre a Bola de Neve. É bacana a Novidade de Vida?
- Tou gostando muito. A Bola de Neve também é bem legal. De vez em quando eu vou lá.
- Legal.
- De que religião você é?
- Eu não tenho religião. Sou ateia.
- Deus me livre! Vai lá na Bola de Neve.
- Não, eu não sou religiosa. Sou ateia.
- Deus me livre!
- Engraçado isso. Eu respeito a sua escolha, mas você não respeita a minha.
- (riso nervoso).
- Eu sou uma pessoa decente, honesta, trato as pessoas com respeito, trabalho duro e tento fazer a minha parte para o mundo ser um lugar melhor. Por que eu seria pior por não ter uma fé?
- Por que as boas ações não salvam.
- Não?
- Só Jesus salva. Se você não aceitar Jesus, não será salva.
- Mas eu não quero ser salva.
- Deus me livre!
- Eu não acredito em salvação. Acredito em viver cada dia da melhor forma possível.
- Acho que você é espírita.
- Não, já disse a você. Sou ateia.
- É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai pegar.
- Olha, sinceramente, acho difícil que Jesus vá me pegar. Mas sabe o que eu acho curioso? Que eu não queira tirar a sua fé, mas você queira tirar a minha não fé. Eu não acho que você seja pior do que eu por ser evangélico, mas você parece achar que é melhor do que eu porque é evangélico. Não era Jesus que pregava a tolerância?
- É, talvez seja melhor a gente mudar de assunto...

O taxista estava confuso. A passageira era ateia, mas parecia do bem. Era tranquila, doce e divertida. Mas ele fora doutrinado para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás. Como resolver esse impasse? (Talvez ele tenha lembrado, naquele momento, que o pastor avisara que o diabo assumia formas muito sedutoras para roubar a alma dos crentes. Mas, como não dá para ler pensamentos, só é possível afirmar que o taxista parecia viver um embate interno: ele não conseguia se convencer de que a mulher que agora falava sobre o cartão do banco que tinha perdido era a personificação do mal.)

Chegaram ao destino depois de mais algumas conversas corriqueiras. Ao se despedir, ela agradeceu a corrida e desejou a ele um bom fim de semana e uma boa noite. Ele retribuiu. E então, não conseguiu conter-se:

- Veja se aparece lá na igreja! – gritou, quando ela abria a porta.
- Veja se vira ateu! – ela retribuiu, bem humorada, antes de fechá-la.
Ainda deu tempo de ouvir uma risada nervosa.

A parábola do taxista me faz pensar em como a vida dos ateus poderá ser dura num Brasil cada vez mais evangélico – ou cada vez mais neopentecostal, já que é esta a característica das igrejas evangélicas que mais crescem. O catolicismo – no mundo contemporâneo, bem sublinhado – mantém uma relação de tolerância com o ateísmo. Por várias razões. Entre elas, a de que é possível ser católico – e não praticante. O fato de você não frequentar a igreja nem pagar o dízimo não chama maior atenção no Brasil católico nem condena ninguém ao inferno. Outra razão importante é que o catolicismo está disseminado na cultura, entrelaçado a uma forma de ver o mundo que influencia inclusive os ateus. Ser ateu num país de maioria católica nunca ameaçou a convivência entre os vizinhos. Ou entre taxistas e passageiros.

Já com os evangélicos neopentecostais, caso das inúmeras igrejas que se multiplicam com nomes cada vez mais imaginativos pelas esquinas das grandes e das pequenas cidades, pelos sertões e pela floresta amazônica, o caso é diferente. E não faço aqui nenhum juízo de valor sobre a fé católica ou a dos neopentecostais. Cada um tem o direito de professar a fé que quiser – assim como a sua não fé. Meu interesse é tentar compreender como essa porção cada vez mais numerosa do país está mudando o modo de ver o mundo e o modo de se relacionar com a cultura. Está mudando a forma de ser brasileiro.

Por que os ateus são uma ameaça às novas denominações evangélicas? Porque as neopentecostais – e não falo aqui nenhuma novidade – são constituídas no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis de mercado. Por isso, nessas novas igrejas, não há como ser um evangélico não praticante. É possível, como o taxista exemplifica muito bem, pular de uma para outra, como um consumidor diante de vitrines que tentam seduzi-lo a entrar na loja pelo brilho de suas ofertas. Essa dificuldade de “fidelizar um fiel”, ao gerir a igreja como um modelo de negócio, obriga as neopentecostais a uma disputa de mercado cada vez mais agressiva e também a buscar fatias ainda inexploradas. É preciso que os fiéis estejam dentro das igrejas – e elas estão sempre de portas abertas – para consumir um dos muitos produtos milagrosos ou para serem consumidos por doações em dinheiro ou em espécie. O templo é um shopping da fé, com as vantagens e as desvantagens que isso implica.

É também por essa razão que a Igreja Católica, que em períodos de sua longa história atraiu fiéis com ossos de santos e passes para o céu, vive hoje o dilema de ser ameaçada pela vulgaridade das relações capitalistas numa fé de mercado. Dilema que procura resolver de uma maneira bastante inteligente, ao manter a salvo a tradição que tem lhe garantido poder e influência há dois mil anos, mas ao mesmo tempo estimular sua versão de mercado, encarnada pelos carismáticos. Como uma espécie de vanguarda, que contém o avanço das tropas “inimigas” lá na frente sem comprometer a integridade do exército que se mantém mais atrás, padres pop star como Marcelo Rossi e movimentos como a Canção Nova têm sido estratégicos para reduzir a sangria de fiéis para as neopentecostais. Não fosse esse tipo de abordagem mais agressiva e possivelmente já existiria uma porção ainda maior de evangélicos no país.

Tudo indica que a parábola do taxista se tornará cada vez mais frequente nas ruas do Brasil – em novas e ferozes versões. Afinal, não há nada mais ameaçador para o mercado do que quem está fora do mercado por convicção. E quem está fora do mercado da fé? Os ateus. É possível convencer um católico, um espírita ou um umbandista a mudar de religião. Mas é bem mais difícil – quando não impossível – converter um ateu. Para quem não acredita na existência de Deus, qualquer produto religioso, seja ele material, como um travesseiro que cura doenças, ou subjetivo, como o conforto da vida eterna, não tem qualquer apelo. Seria como vender gelo para um esquimó.

Tenho muitos amigos ateus. E eles me contam que têm evitado se apresentar dessa maneira porque a reação é cada vez mais hostil. Por enquanto, a reação é como a do taxista: “Deus me livre!”. Mas percebem que o cerco se aperta e, a qualquer momento, temem que alguém possa empunhar um punhado de dentes de alho diante deles ou iniciar um exorcismo ali mesmo, no sinal fechado ou na padaria da esquina. Acuados, têm preferido declarar-se “agnósticos”. Com sorte, parte dos crentes pode ficar em dúvida e pensar que é alguma igreja nova.

Já conhecia a “Bola de Neve” (ou “Bola de Neve Church, para os íntimos”, como diz o seu site), mas nunca tinha ouvido falar da “Novidade de Vida”. Busquei o site da igreja na internet. Na página de abertura, me deparei com uma preleção intitulada: “O perigo da tolerância”. O texto fala sobre as famílias, afirma que Deus não é tolerante e incita os fiéis a não tolerar o que não venha de Deus. Tolerar “coisas erradas” é o mesmo que “criar demônios de estimação”. Entre as muitas frases exemplares, uma se destaca: “Hoje em dia, o mal da sociedade tem sido a Tolerância (em negrito e em maiúscula)”. Deus me livre!, um ateu talvez tenha vontade de dizer. Mas nem esse conforto lhe resta.

Ainda que o crescimento evangélico no Brasil venha sendo investigado tanto pela academia como pelo jornalismo, é pouco para a profundidade das mudanças que tem trazido à vida cotidiana do país. As transformações no modo de ser brasileiro talvez sejam maiores do que possa parecer à primeira vista. Talvez estejam alterando o “homem cordial” – não no sentido estrito conferido por Sérgio Buarque de Holanda, mas no sentido atribuído pelo senso comum.

Me arriscaria a dizer que a liberdade de credo – e, portanto, também de não credo – determinada pela Constituição está sendo solapada na prática do dia a dia. Não deixa de ser curioso que, no século XXI, ser ateu volte a ter um conteúdo revolucionário. Mas, depois que Sarah Sheeva, uma das filhas de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, passou a pastorear mulheres virgens – ou com vontade de voltar a ser – em busca de príncipes encantados, na “Igreja Celular Internacional”, nada mais me surpreende.

Se Deus existe, que nos livre de sermos obrigados a acreditar nele.

(Eliane Brum escreve às segundas-feiras)

11 novembro, 2011

Contardo Calligaris: Homofobia e homossexualidade

Contardo Calligaris: Homofobia e homossexualidade: Experiência mostra que indivíduos homofóbicos sentem excitação diante a de estímulos homossexuais Desde o fim do ano passado, em São Paul...

22 outubro, 2011

sobre o amor...


Venho de uma família italiana simples e um tanto quanto grosseira. Sempre acreditaram no que a tv dizia, sempre acharam que as "autoridades" é que tinham a razão e eu, como comecei a ler muito, muito mesmo, desde os 7 anos, aos 10 já intuia que as coisas não eram bem assim...

Na casa de uma amiga, me deparei com uma daquelas revistas de adolescentes...era o ano de 1983/1984, e eu vi uma foto do Lobão e achei a foto interessante, aquela coisa meio desgrenhada, fazendo careta, e não sei explicar o motivo mas aquilo me arrebatou de uma maneira absurda...e ai fui ler o que ele escrevia, e ai sim foi uma emoção ainda mais intensa, tudo o que ele falava ali era exatamente o que eu pensava mas todo mundo achava que eu era louca!! Me apaixonei por aquela figura, toda vez que suas músicas tocavam no radio eu parava pra ouvir, ainda não podia ter seus discos mas meu primeiro salário, aos 14 anos, foi usado pra comprar o LP O rock errou;

Meu primeiro show dele foi na Usp, mas o primeiro momento em que eu pude realmente chegar perto dele foi no Tom Brasil, em 1995...peguei no seu braço, dizendo que estava emocionada, e ele riu seu riso aberto e pegou no meu ombro e me levou de volta pelo corredor em direção da sala onde ele ia receber o povo...eu tinha entrado tão tensa que não soube esperá-lo...Várias outras vezes fui falar com ele, já em Fortaleza, inclusive no belíssimo show que ele fez no Teatro José de Alencar...É sempre renovada a minha felicidade ao ouvir sua voz grave...

Nestes 28 anos (!) acompanhei cada momento, cada música, cada angústia que ele vivia, cada careta e onde quer que ele estivesse, lá eu estaria. Minha família odiava isso porque dizia que ele era um doido, mas eu simplesmente os ignorava. Interessante é que mesmo minha mãe, que não gostava dele, passou a me avisar quando ele estava na tv...ainda hoje amigos meus de SP me avisam quando sabem de algo sobre ele...recebo mensagens dos amigos daqui também: "liga a tv rapido, Lobao ta no Jo"....

Ontem estava trabalhando e tive que sair correndo pro show, cheguei atrasada, ele ja tinha começado, ouvir sua voz la da avenida me deu uma angústia de chegar logo, parecia que eu estava presa no tempo, andando em câmera lenta...e quando cheguei, não conseguia ver mais nada, só ouvi-lo, curtindo cada nota, cada som, cada grito...saudades como se ele fosse alguém muito próximo, o que no fundo é verdade, sempre fui muito próxima a ele...

Depois, ficar na fila, angustiada, esperando para dar um abraço nele e autografar o livro (no final do ano passado pelo menos umas 15 pessoas me disseram que iam me dar o livro, eu tive que dizer pra não fazerem isso pois eu já tinha comprado, óbvio). Sua simpatia sempre contrastou com sua ácida crítica, o que eu adoro. Tirar fotos, não querer sair de perto, não saber muito o que falar...Como professora de filosofia e psicologia já tive milhões de ideias sobre coisas que queria conversar com ele, discutir algumas de suas ideias, mas ali o meu momento tiete me impedia. Nunca consegui falar o que pensava. Me envergonho um pouco, acho bobo, mas somente com ele me sinto assim. Desisti de entender, faz tempo, e só sinto...

Sai de lá em êxtase e fui beber com os meus amigos, que tão queridos que são, ficaram aguentando eu falar do meu platônico amor...Tanto tempo depois, aos 38 anos, ainda me sinto como naquele dia em que o vi pela primeira vez. E isso me deixa muito, muito feliz, Obrigada, meu lobo querido...

08 setembro, 2011


Passou entre as pedras na areia que vão em direção ao mar. Os pés calejados de tantas andanças não sentiam a aspereza das pedras e o coração amortecido pela dor parecia não bater...seguia como pluma levada pelo vento sem pressa de chegar, tomado de uma inexplicável leveza que somente o entorpecimento é capaz de causar.

Uma leve brisa lançava seus cabelos desordenadamente em tantas direções quanto as que seu coração pretendia seguir. Todas as decisões tão arduamente tomadas pareciam grãos de areia sob as mãos molhadas na água salgada do mar, ínfimas partículas que se misturavam e se perdiam, tão pequenas que eram quase impossíveis de se ver.

Os pés chutavam a água que vinha com as ondas tentando mandá-las para longe, mas a água ignorava sua vontade e só voltava em seu balanço natural. Contra certas coisas não há força que valha mas mesmo assim seguia tentando. Sua crença era maior que as obviedades, e por mais que toda a verdade lhe fosse jogada como avalanche de areia, não conseguia, ainda assim, vitar sonhar...tinha raiva de si por ainda ter que lutar contra sentimento tão ignóbil, e em sua luta interna acreditava ganhar mesmo sabendo que a esperança ainda pairava naquele ar duro de fim de tarde.

As ondas que vinham já cobriam suas coxas e o caminhar era cada vez mais árduo. Em certos momentos flutuava levado pela água que depois pousava novamente seus pés no chão. Uma leve chuva começava a cair e rapidamente tornou-se tormenta, com suas gotas resvalando no mar e molhando ainda mais o seu rosto, confundindo os sais, da água e da lágrimas. Agora já estava quase coberto pelas ondas cada vez maiores que vinham e iam, com sua força excepcional. Os pés não mais tocavam o chão, os braços engolidos pela água boiavam ao seu lado, não havia mais motivo para tentar ter força, estavas a boiar quando uma leve vertigem tomou conta de seu corpo e o fez tombar. Morreu de angústia.

06 setembro, 2011

sobre os sonhos e as fantasias...



Sonho não é fantasia
quando à paixão renuncia
por uma amor verdadeiro
que pode não ser o primeiro
ou derradeiro...


sobre os erros e os acertos...


Se você errou, peça desculpas, mas sinceras, fingir que se arrependeu não adianta.

Se errou, veja onde errou e conserte o erro, e a única forma de fazê-lo é sendo sincero a respeito dele.

Se acha que a pessoa exagerou por não acreditar que você é o centro do mundo e que o seu problema é maior que o de todo mundo, e que por ser grande demais você tem o direito de desrespeitar, tripudiar e ignorar a dor alheia, peça desculpas veementemente. Nada justifica sua intolerância.

Se tudo não passou de mal entendido, lembre-se que nós seres humanos usamos a linguagem como forma de nos comunicarmos e por si mesma a linguagem é relação, e não coisa em sí, e portanto pode ser falha. Seja claro, não fale nas entrelinhas, não espere que o outro adivinhe que depois de fazer uma grande besteira você percebeu isso e quer ser perdoado (muitas pessoas não conseguem nem falar essa palavra, sentem que serão menores ou menosprezadas por isso, e isso não é verdade, aceitar um erro é ser mais sábio que aquele que continua encontrando justificativas superficiais para ele), ou pior, que no fundo a pessoa quer que você finja que nada aconteceu. Pior erro comete aquele que não consegue compreender isso.

As pessoas erram, mas permanecer no erro é bobagem e tem consequências. Se a sua felicidade futura depende de refazer seus trajetos e mudar os rumos, mude, mas mude logo porque o tempo passa rápido e quando você perceber pode ser tarde demais.

Não adianta pedir para a pessoa ignorar o que passou, falem, discutam, briguem e sigam em frente. Fingir que algo não aconteceu nunca fez o problema desaparecer...em algum momento a sujeira sai de baixo do tapete e normalmente não há como colocá-la de volta. Melhor limpar logo toda a sujeira.

Certas coisas, por óbvias que são, não precisam ser ditas. Se você quer esquecer algo, a melhor forma de começar é não falando disso.

Certas coisas, mesmo óbvias, precisam ser ditas. Por mais que alguém saiba do amor do outro, é preciso demonstrar, e demonstrar de novo, e fazer de novo...Não há nada que dure para sempre, mas se for infinita enquanto durar, já é de grande valor. O poetinha tinha razão. Mas se acabou, acabou. Siga em frente e guarde pra si suas lembranças. Todo mundo as tem mas nem todos ficam expondo isso o tempo todo.

Se gosta dos seus amigos, diga a eles. Eu amo meus amigos que são mais que irmãos para mim. Eles serão sempre meu porto seguro em cada uma das minhas navegações, precisas ou não precisas. Eles entendem meus erros, compreendem minhas angústias e não as usam para me diminuir. Só isso já faz deles o bem maior que há no mundo.

Se escolheu um caminho, siga em frente. Fazer escolhas sempre é conquistar algo e perder algo. Não inventaram ainda jeito pra isso, e enquanto não inventarem, conforme-se. Eu sou a pessoa menos conformada do mundo, mas também entendo que certas coisas são indissolúveis. Se não depende de mim, paciência. Se depende, eu mudo. Faço e refaço o meu caminho, mas nunca olho para trás. Decisões tomadas, trajetos pensados, siga em frente.

Ouvir é das coisas mais difíceis para um ser humano mediano. Nós. Os sábios ouvem muito e falam pouco. Eu serei assim um dia.

Sua verdade, por ser sua, é importante, mas não é a única e provavelmente não é a melhor. Dialética é das coisas mais importantes que Platão inventou, e ele era um sábio. Pare de achar que sabe mais que todo mundo, humildade é fundamental.

O amor é o sentimento mais importante, mas sem respeito ele acaba. Seja pelo amigo, pelo filho, pelo amado...Amar é doar, e poucas pessoas estão prontas para isso. Se não estiver pronto, apresse-se. A vida passa e o que foi perdido nunca volta. Viver é viver agora.

05 setembro, 2011

...uma bailarina torta...


Baila baila bailarina

seu pax de deux ideal

baila bailarina baila

ri da vida, seja o sonho

rima pernas, braços e sorrisos,

lábios olhos e destino

enlaça em corpo ardente

desejoso de suas curvas

em suaves tons, vais e vem...

passa, volta, vive, solta

baila baila bailarina torta

mas só baila em fantasia

seja apenas noite, não dia

que só em fantasia baila

a fantasia de outrora

do pax de deux ideal

não torne pax de deux real

pois somente platonicamente

idealmente vive

quando ideal em real se torna

corta a carne e a fantasia é morta

e tu, bailarina torta


agora é somente bailarina morta...

02 setembro, 2011

sobre o não ser, sendo...


jogue sua alma na minha, jogue seu corpo no meu
não me tire a graça, caminha comigo, seja meu
só não me faça pensar, ouvir, falar
daquilo que já não posso
cada passo que dou é distância
não me leve de volta à lama
onde me entornas, exausto

30 agosto, 2011

sobre os amigos que passam pelo nosso caminho e deixam marcas...


Recebi um e-mail que me emocionou, principalmente pelo turbilhão de coisas que tenho vivido nos últimos meses...Quando tinha 15 anos trabalhei numa empresa e lá conheci o Jucivânio, Juba, um cara tranquilo, de voz doce, amigo pra todas horas e que foi meu grande parceiro. Lembro que no primeiro dia de trabalho, ele que era o boy, assinou o caderno de ponto(super oficial, na época não tinha ponto biométrico) com o meu nome e o dele abaixo, Juba, claro...o nosso chefe quase matou a gente, primeiro pq ele assinou por mim, depois por ter colocado o apelido e não o nome dele...rsrs...tanto tempo depois, é muito bom reencontrar uma pessoa tão especial...:

P.S.: Que foto é essa??? Com almofadinha de coração?? Bom, ao menos minha máquina de escrever Olivetti Letera 82 tá ali ao lado, essa era minha companheira, aquela que faria eu ser escritora...eu dormia atrás de uma cortina que separava o quarto da minha mãe, encostada na parede...



Eu ainda tenho guardado a 7 chaves,todas as cartas que recebi.
Eu ainda tenho o telegrama que você me enviou no dia do meu aniversário.Você fez uma surpresa:comprou um bolo,me deu de presente um cinto e depois me dispensou para fazer as entregas/você era a minha chefe...
No dia do seu aniversário,eu fui com um amigo.Quando chegamos na sua festa,eu senti uma dor de dente muito forte,você parou tudo e veio me dar atenção juntamente com a sua mãe e a sua avó.Eu fui embora mais cedo daquela festa.
Eu ainda lembro do dia que você desfilou na escola em que estudava,quando cheguei,a primeira pessoa que me reconheceu foi o seu irmão.
Eu ainda lembro no dia em que você me trancou acidentalmente no banheiro do trabalho,todos ficaram procurando por mim...
Eu ainda lembro no dia em que eu comprei um camiseta de surf,e estava usando,você queria de qualquer maneira comprar aquela camiseta,só por causa de uma mensagem,e olha o destino... (você se lembra da mensagem?).
Eu não imaginava que você sabia que eu era apaixonado pela Andréia. rs
Eu ainda me lembro o quanto que você dançava bem (pé de valsa) rs...

28 agosto, 2011

ainda sobre a palestra de Boff


Boff fala contundentemente que estamos em um momento crítico no qual ou formamos uma aliança global para cuidar da mãe terra e uns dos outros ou correremos o risco de destruição de nossa própria vida e da devastação do meio.

É preciso pensar um novo tipo de educação que saiba lidar com os problemas ambientais.

Como disse Evo Morales, "ou acabamos com o capitalismo ou o capitalismo acaba com a mãe terra"

Em um evento mundial, depois da palestra de Boff, todos os 192 membros mudaram e decidiram passar a chamar a terra de "mãe terra"

Não há separação entre a terra e a humanidade...um astronauta que veja a terra de longe não irá perceber distinção entre a terra e as espécies que vivem nela...

Devemos lembrar que a palavra homem vem da palavra humus (daí também vem humilde e humildade), que é a terra viva, e que somos a parte consciente, inteligente da terra, e por isso mesmo não faz sentido destruirmos aquilo do qual somos parte.

Leonardo Boff é amigo do Papa Ratinzger, mas este o condenou por formar um novo grupo, a teologia da libertação, com forte influência marxista e que defende antes de mais nada os empobrecidos (achei a palavra perfeita, não é pobre, mas empobrecido, fica a impressão mais forte de que é uma ação e não um fato). Ele diz que o Papa nunca teve que lidar com pobres e por isso nunca entenderia o que é a Teologia da Libertação...achei interessante e fiquei com vontade de conhecer melhor suas ideias. Detalhes aqui: http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=575

Uma das coisas que eu mais gostei foi a fala dele sobre o celibato. Diz que é um grande erro da igreja essa tentativa de manter algo antinatural por questões econômicas e não religiosas. Ele diz que a pessoa tem que escolher ser celibatária, e que a Igreja funcionou muito bem durante vários séculos com padres casados que passavam para os filhos seu legado...Hoje a Igreja tem menos de 10% do total de padres necessários para a população católica e sua grande maioria é formada por estrangeiros...é, parece que ser padre tem deixado de ser uma boa nessa época globalizada...

Eu estava numa cidade distante, angustiada com muitas coisas mas mesmo assim tudo aquilo me tocou...me reconheci quando ele falou de pessoas que entendem sua participação na divindade e não precisam estar entre quatro paredes sob uma definição legal para se entender como religiosas. Como diria Platão, existem prazeres menores e mundanos, e desses eu também gosto, mas de fato eu gosto mais do que ele chama de prazeres superiores, aqueles que nos elevam a alma...Obrigada Professor Boff por sua bela presença...