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22 outubro, 2011

sobre o amor...


Venho de uma família italiana simples e um tanto quanto grosseira. Sempre acreditaram no que a tv dizia, sempre acharam que as "autoridades" é que tinham a razão e eu, como comecei a ler muito, muito mesmo, desde os 7 anos, aos 10 já intuia que as coisas não eram bem assim...

Na casa de uma amiga, me deparei com uma daquelas revistas de adolescentes...era o ano de 1983/1984, e eu vi uma foto do Lobão e achei a foto interessante, aquela coisa meio desgrenhada, fazendo careta, e não sei explicar o motivo mas aquilo me arrebatou de uma maneira absurda...e ai fui ler o que ele escrevia, e ai sim foi uma emoção ainda mais intensa, tudo o que ele falava ali era exatamente o que eu pensava mas todo mundo achava que eu era louca!! Me apaixonei por aquela figura, toda vez que suas músicas tocavam no radio eu parava pra ouvir, ainda não podia ter seus discos mas meu primeiro salário, aos 14 anos, foi usado pra comprar o LP O rock errou;

Meu primeiro show dele foi na Usp, mas o primeiro momento em que eu pude realmente chegar perto dele foi no Tom Brasil, em 1995...peguei no seu braço, dizendo que estava emocionada, e ele riu seu riso aberto e pegou no meu ombro e me levou de volta pelo corredor em direção da sala onde ele ia receber o povo...eu tinha entrado tão tensa que não soube esperá-lo...Várias outras vezes fui falar com ele, já em Fortaleza, inclusive no belíssimo show que ele fez no Teatro José de Alencar...É sempre renovada a minha felicidade ao ouvir sua voz grave...

Nestes 28 anos (!) acompanhei cada momento, cada música, cada angústia que ele vivia, cada careta e onde quer que ele estivesse, lá eu estaria. Minha família odiava isso porque dizia que ele era um doido, mas eu simplesmente os ignorava. Interessante é que mesmo minha mãe, que não gostava dele, passou a me avisar quando ele estava na tv...ainda hoje amigos meus de SP me avisam quando sabem de algo sobre ele...recebo mensagens dos amigos daqui também: "liga a tv rapido, Lobao ta no Jo"....

Ontem estava trabalhando e tive que sair correndo pro show, cheguei atrasada, ele ja tinha começado, ouvir sua voz la da avenida me deu uma angústia de chegar logo, parecia que eu estava presa no tempo, andando em câmera lenta...e quando cheguei, não conseguia ver mais nada, só ouvi-lo, curtindo cada nota, cada som, cada grito...saudades como se ele fosse alguém muito próximo, o que no fundo é verdade, sempre fui muito próxima a ele...

Depois, ficar na fila, angustiada, esperando para dar um abraço nele e autografar o livro (no final do ano passado pelo menos umas 15 pessoas me disseram que iam me dar o livro, eu tive que dizer pra não fazerem isso pois eu já tinha comprado, óbvio). Sua simpatia sempre contrastou com sua ácida crítica, o que eu adoro. Tirar fotos, não querer sair de perto, não saber muito o que falar...Como professora de filosofia e psicologia já tive milhões de ideias sobre coisas que queria conversar com ele, discutir algumas de suas ideias, mas ali o meu momento tiete me impedia. Nunca consegui falar o que pensava. Me envergonho um pouco, acho bobo, mas somente com ele me sinto assim. Desisti de entender, faz tempo, e só sinto...

Sai de lá em êxtase e fui beber com os meus amigos, que tão queridos que são, ficaram aguentando eu falar do meu platônico amor...Tanto tempo depois, aos 38 anos, ainda me sinto como naquele dia em que o vi pela primeira vez. E isso me deixa muito, muito feliz, Obrigada, meu lobo querido...

08 setembro, 2011


Passou entre as pedras na areia que vão em direção ao mar. Os pés calejados de tantas andanças não sentiam a aspereza das pedras e o coração amortecido pela dor parecia não bater...seguia como pluma levada pelo vento sem pressa de chegar, tomado de uma inexplicável leveza que somente o entorpecimento é capaz de causar.

Uma leve brisa lançava seus cabelos desordenadamente em tantas direções quanto as que seu coração pretendia seguir. Todas as decisões tão arduamente tomadas pareciam grãos de areia sob as mãos molhadas na água salgada do mar, ínfimas partículas que se misturavam e se perdiam, tão pequenas que eram quase impossíveis de se ver.

Os pés chutavam a água que vinha com as ondas tentando mandá-las para longe, mas a água ignorava sua vontade e só voltava em seu balanço natural. Contra certas coisas não há força que valha mas mesmo assim seguia tentando. Sua crença era maior que as obviedades, e por mais que toda a verdade lhe fosse jogada como avalanche de areia, não conseguia, ainda assim, vitar sonhar...tinha raiva de si por ainda ter que lutar contra sentimento tão ignóbil, e em sua luta interna acreditava ganhar mesmo sabendo que a esperança ainda pairava naquele ar duro de fim de tarde.

As ondas que vinham já cobriam suas coxas e o caminhar era cada vez mais árduo. Em certos momentos flutuava levado pela água que depois pousava novamente seus pés no chão. Uma leve chuva começava a cair e rapidamente tornou-se tormenta, com suas gotas resvalando no mar e molhando ainda mais o seu rosto, confundindo os sais, da água e da lágrimas. Agora já estava quase coberto pelas ondas cada vez maiores que vinham e iam, com sua força excepcional. Os pés não mais tocavam o chão, os braços engolidos pela água boiavam ao seu lado, não havia mais motivo para tentar ter força, estavas a boiar quando uma leve vertigem tomou conta de seu corpo e o fez tombar. Morreu de angústia.

06 setembro, 2011

sobre os sonhos e as fantasias...



Sonho não é fantasia
quando à paixão renuncia
por uma amor verdadeiro
que pode não ser o primeiro
ou derradeiro...


sobre os erros e os acertos...


Se você errou, peça desculpas, mas sinceras, fingir que se arrependeu não adianta.

Se errou, veja onde errou e conserte o erro, e a única forma de fazê-lo é sendo sincero a respeito dele.

Se acha que a pessoa exagerou por não acreditar que você é o centro do mundo e que o seu problema é maior que o de todo mundo, e que por ser grande demais você tem o direito de desrespeitar, tripudiar e ignorar a dor alheia, peça desculpas veementemente. Nada justifica sua intolerância.

Se tudo não passou de mal entendido, lembre-se que nós seres humanos usamos a linguagem como forma de nos comunicarmos e por si mesma a linguagem é relação, e não coisa em sí, e portanto pode ser falha. Seja claro, não fale nas entrelinhas, não espere que o outro adivinhe que depois de fazer uma grande besteira você percebeu isso e quer ser perdoado (muitas pessoas não conseguem nem falar essa palavra, sentem que serão menores ou menosprezadas por isso, e isso não é verdade, aceitar um erro é ser mais sábio que aquele que continua encontrando justificativas superficiais para ele), ou pior, que no fundo a pessoa quer que você finja que nada aconteceu. Pior erro comete aquele que não consegue compreender isso.

As pessoas erram, mas permanecer no erro é bobagem e tem consequências. Se a sua felicidade futura depende de refazer seus trajetos e mudar os rumos, mude, mas mude logo porque o tempo passa rápido e quando você perceber pode ser tarde demais.

Não adianta pedir para a pessoa ignorar o que passou, falem, discutam, briguem e sigam em frente. Fingir que algo não aconteceu nunca fez o problema desaparecer...em algum momento a sujeira sai de baixo do tapete e normalmente não há como colocá-la de volta. Melhor limpar logo toda a sujeira.

Certas coisas, por óbvias que são, não precisam ser ditas. Se você quer esquecer algo, a melhor forma de começar é não falando disso.

Certas coisas, mesmo óbvias, precisam ser ditas. Por mais que alguém saiba do amor do outro, é preciso demonstrar, e demonstrar de novo, e fazer de novo...Não há nada que dure para sempre, mas se for infinita enquanto durar, já é de grande valor. O poetinha tinha razão. Mas se acabou, acabou. Siga em frente e guarde pra si suas lembranças. Todo mundo as tem mas nem todos ficam expondo isso o tempo todo.

Se gosta dos seus amigos, diga a eles. Eu amo meus amigos que são mais que irmãos para mim. Eles serão sempre meu porto seguro em cada uma das minhas navegações, precisas ou não precisas. Eles entendem meus erros, compreendem minhas angústias e não as usam para me diminuir. Só isso já faz deles o bem maior que há no mundo.

Se escolheu um caminho, siga em frente. Fazer escolhas sempre é conquistar algo e perder algo. Não inventaram ainda jeito pra isso, e enquanto não inventarem, conforme-se. Eu sou a pessoa menos conformada do mundo, mas também entendo que certas coisas são indissolúveis. Se não depende de mim, paciência. Se depende, eu mudo. Faço e refaço o meu caminho, mas nunca olho para trás. Decisões tomadas, trajetos pensados, siga em frente.

Ouvir é das coisas mais difíceis para um ser humano mediano. Nós. Os sábios ouvem muito e falam pouco. Eu serei assim um dia.

Sua verdade, por ser sua, é importante, mas não é a única e provavelmente não é a melhor. Dialética é das coisas mais importantes que Platão inventou, e ele era um sábio. Pare de achar que sabe mais que todo mundo, humildade é fundamental.

O amor é o sentimento mais importante, mas sem respeito ele acaba. Seja pelo amigo, pelo filho, pelo amado...Amar é doar, e poucas pessoas estão prontas para isso. Se não estiver pronto, apresse-se. A vida passa e o que foi perdido nunca volta. Viver é viver agora.

05 setembro, 2011

...uma bailarina torta...


Baila baila bailarina

seu pax de deux ideal

baila bailarina baila

ri da vida, seja o sonho

rima pernas, braços e sorrisos,

lábios olhos e destino

enlaça em corpo ardente

desejoso de suas curvas

em suaves tons, vais e vem...

passa, volta, vive, solta

baila baila bailarina torta

mas só baila em fantasia

seja apenas noite, não dia

que só em fantasia baila

a fantasia de outrora

do pax de deux ideal

não torne pax de deux real

pois somente platonicamente

idealmente vive

quando ideal em real se torna

corta a carne e a fantasia é morta

e tu, bailarina torta


agora é somente bailarina morta...

02 setembro, 2011

sobre o não ser, sendo...


jogue sua alma na minha, jogue seu corpo no meu
não me tire a graça, caminha comigo, seja meu
só não me faça pensar, ouvir, falar
daquilo que já não posso
cada passo que dou é distância
não me leve de volta à lama
onde me entornas, exausto

30 agosto, 2011

sobre os amigos que passam pelo nosso caminho e deixam marcas...


Recebi um e-mail que me emocionou, principalmente pelo turbilhão de coisas que tenho vivido nos últimos meses...Quando tinha 15 anos trabalhei numa empresa e lá conheci o Jucivânio, Juba, um cara tranquilo, de voz doce, amigo pra todas horas e que foi meu grande parceiro. Lembro que no primeiro dia de trabalho, ele que era o boy, assinou o caderno de ponto(super oficial, na época não tinha ponto biométrico) com o meu nome e o dele abaixo, Juba, claro...o nosso chefe quase matou a gente, primeiro pq ele assinou por mim, depois por ter colocado o apelido e não o nome dele...rsrs...tanto tempo depois, é muito bom reencontrar uma pessoa tão especial...:

P.S.: Que foto é essa??? Com almofadinha de coração?? Bom, ao menos minha máquina de escrever Olivetti Letera 82 tá ali ao lado, essa era minha companheira, aquela que faria eu ser escritora...eu dormia atrás de uma cortina que separava o quarto da minha mãe, encostada na parede...



Eu ainda tenho guardado a 7 chaves,todas as cartas que recebi.
Eu ainda tenho o telegrama que você me enviou no dia do meu aniversário.Você fez uma surpresa:comprou um bolo,me deu de presente um cinto e depois me dispensou para fazer as entregas/você era a minha chefe...
No dia do seu aniversário,eu fui com um amigo.Quando chegamos na sua festa,eu senti uma dor de dente muito forte,você parou tudo e veio me dar atenção juntamente com a sua mãe e a sua avó.Eu fui embora mais cedo daquela festa.
Eu ainda lembro do dia que você desfilou na escola em que estudava,quando cheguei,a primeira pessoa que me reconheceu foi o seu irmão.
Eu ainda lembro no dia em que você me trancou acidentalmente no banheiro do trabalho,todos ficaram procurando por mim...
Eu ainda lembro no dia em que eu comprei um camiseta de surf,e estava usando,você queria de qualquer maneira comprar aquela camiseta,só por causa de uma mensagem,e olha o destino... (você se lembra da mensagem?).
Eu não imaginava que você sabia que eu era apaixonado pela Andréia. rs
Eu ainda me lembro o quanto que você dançava bem (pé de valsa) rs...

28 agosto, 2011

ainda sobre a palestra de Boff


Boff fala contundentemente que estamos em um momento crítico no qual ou formamos uma aliança global para cuidar da mãe terra e uns dos outros ou correremos o risco de destruição de nossa própria vida e da devastação do meio.

É preciso pensar um novo tipo de educação que saiba lidar com os problemas ambientais.

Como disse Evo Morales, "ou acabamos com o capitalismo ou o capitalismo acaba com a mãe terra"

Em um evento mundial, depois da palestra de Boff, todos os 192 membros mudaram e decidiram passar a chamar a terra de "mãe terra"

Não há separação entre a terra e a humanidade...um astronauta que veja a terra de longe não irá perceber distinção entre a terra e as espécies que vivem nela...

Devemos lembrar que a palavra homem vem da palavra humus (daí também vem humilde e humildade), que é a terra viva, e que somos a parte consciente, inteligente da terra, e por isso mesmo não faz sentido destruirmos aquilo do qual somos parte.

Leonardo Boff é amigo do Papa Ratinzger, mas este o condenou por formar um novo grupo, a teologia da libertação, com forte influência marxista e que defende antes de mais nada os empobrecidos (achei a palavra perfeita, não é pobre, mas empobrecido, fica a impressão mais forte de que é uma ação e não um fato). Ele diz que o Papa nunca teve que lidar com pobres e por isso nunca entenderia o que é a Teologia da Libertação...achei interessante e fiquei com vontade de conhecer melhor suas ideias. Detalhes aqui: http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=575

Uma das coisas que eu mais gostei foi a fala dele sobre o celibato. Diz que é um grande erro da igreja essa tentativa de manter algo antinatural por questões econômicas e não religiosas. Ele diz que a pessoa tem que escolher ser celibatária, e que a Igreja funcionou muito bem durante vários séculos com padres casados que passavam para os filhos seu legado...Hoje a Igreja tem menos de 10% do total de padres necessários para a população católica e sua grande maioria é formada por estrangeiros...é, parece que ser padre tem deixado de ser uma boa nessa época globalizada...

Eu estava numa cidade distante, angustiada com muitas coisas mas mesmo assim tudo aquilo me tocou...me reconheci quando ele falou de pessoas que entendem sua participação na divindade e não precisam estar entre quatro paredes sob uma definição legal para se entender como religiosas. Como diria Platão, existem prazeres menores e mundanos, e desses eu também gosto, mas de fato eu gosto mais do que ele chama de prazeres superiores, aqueles que nos elevam a alma...Obrigada Professor Boff por sua bela presença...

para aquele que virá...


O que quero de ti
é a certeza sincera
da presença constante
ainda que incerta
pois em nada certeza há
o que quero de ti
é a presença constante
estar mesmo na ausência
estar no não estar
na inexata certeza
do dia que se move
para a certeza do não estar
da certeza de agora
que tem gosto de amora
e tem cor de amorar
o que quero não mando
não exigo, desmando
quero o querer
que no outro está
para o impossível da vida
fazer possível estar

sobre a ontologia do meu ser...


De tudo aquilo que sou
há aquilo que sou e sei
há o que sou e não sei
há o que sou e gosto
há o que nunca serei
De tudo aquilo que quero
O que não quero é o que mais quero
Do que deveria querer, não quero
Enquanto...

Do que sou, nem tudo aparece, apareço
escondido de mim, ou escondo de mim
aquilo que não quero, ou não mereço
O que sou ninguém vê
e o que sempre irão querer de mim
não serei
mas o que não serei também está em mim
mas não só, mas não tanto...

O que importa querer?
O que se vê sem ser
o que não se vê e é?
ou o uqe é ainda mais profundo
aquilo que não se sabe, não se vê, mas se quer
e ao querer parece ver
escolher o que ver
se enganar, escolher
mas não só, mas não tanto...

De tudo isso o que sobra?
Aquilo que se quis ver no outro
aquilo que se quis ver em si?
aquilo que se viu, era?
o mais triste é que ao ver
o visto é criação de quem vê
e nem sempre está no que é visto
mas nem sempre, mas nem tanto...

Cria-se o que é o outro, naquilo que o outro é
mas por não ser sempre, nem ser tanto, decepciona
decepciona aquele que criou
mas se criou como se decepciona com a cria?
o que se queria ver, e se viu,
não era o outro,
não é o que o outro é
não que é o outro
que é, mas nem sempre, mas nem tanto...

Como parar de ver?
Como parar de parecer?
Criar o que se quer ver no outro é morrer
mas nem sempre, mas nem tanto...(EB)

sobre as quedas...




A mão lânguida, solta e alva
escorre como água de banho morno
deixando-se pender, se perder, inerte massa
ao longo do corpo oco

as pernas trêmulas, ainda vivas
sombriamente prestes a desenbestada queda
como âncora bruta cai em maré incontida
ao corpo tomba em desmentida vida...(EB)



sobre a poesia...


A poesia é feita quando o amor sai do coração, escorre pelas mãos e percorre o papel...

Fazer poesia é fazer amor com as palavras (EB)

sobre a poesia...

A poesia é feita quando o amor sai do coração, escorre pelas mãos e percorre o papel...

27 agosto, 2011

sobre o tempo do tempo do tempo


Vem que ainda é cedo
e o sol (sem medo) veio nos brindar
colorindo corpos nus acesos
intensos de imprudente sonhar

Vem, que ainda há tempo
em nosso tão diferente passar
as almas não gostam de ver
os tempos que insistimos em contar

Vem, que ainda posso
ou já não posso contigo estar
mas enquanto o "se" se posta, imposto, eu digo
Vem, que ainda podemos amar...

sobre a palestra com Leonardo Boff



O ginásio poliesportivo de Juazeiro do Norte estava repleto de pessoas com cara de gente rica (o ingresso caro colaborou com isso). Quem organizou o evento foi a faculdade Leão Sampaio, e eu acho que boa parte das pessoas eram professores de lá. Gostei dos propósitos que eles tanto divulgaram, mas não gostei do telão passando durante TODO O TEMPO a propaganda dos apoiadores...
Bem, depois de um atraso que eu duvido que ocorra em lugares mais sérios, e depois da babação natural de pessoas que querem falar mais que ele, finalmente ele foi chamado! Entrou rodeado de crianças muito pequenas que, segundo a apresentadora, seriam os portadores da ética dos anos 2050...mas além das crianças e de uma cadeirante, ele entrou com pelo menos 3 seguranças, o que me fez pensar o motivo disso...num local com pessoas esclarecidas, que pagaram caro para estar alí, devia haver essa preocupação toda com segurança?
A imagem dele é encantadora. Parece mesmo um Papa Noel, e ele não deve gostar disso. Sua figura mistura algo de frágil mas com uma aura tão forte que é impactante. Mas a voz dele é única. Doce, suave, mesmo ao falar de coisas tão importantes e trágicas, sugere sempre uma leveza que me é estranha nesses assuntos (quem é meu aluno ou já me ouvi falar sabe, eu chego a ser dura ao falar de injustiças).
Ele passou um video feito a partir da CArta da Terra, documento feito por várias pessoas no mundo (ele, inclusive) depois de uma pesquisa sobre como deveriamos tratar o planeta. O video é lindo e nele eu vi imagens de colagens muito bonitas e delicadas, quando fui ver os livros a venda vi que havia cartões com material reciclado feitos por uma ONG de Petrópolis chamada filhos da terra...Comprei 3 cartões lindíssimos e pretendo transformá-los em quadros...
o Tema da palestra era "Ética, Educação e Inclusão: que Brasil queremos? Mas ele falou prioritariamente das questões contidas na Carta da Terra. Vou colocar minhas impressões sobre a fala dele num post a parte...

15 agosto, 2011

sobre as angústias da paixão...



O dia amanheceu triste e vazio. Claro que não foi o dia que amanheceu triste e vazio, para tantas pessoas naquele horário, em outros lugares, o dia amanhecia lindo, mas para ela o vazio interior reverberava no mundo inteiro, e não havia sol que iluminasse tal sentimento. Olhou o computador desligado ao lado da cama e, como sempre fazia, correu para ligá-lo, mas parou imediatamente ao lembrar que não havia mais motivo para tal correria...não fazia mais sentido por não haver vida ali dentro, vida que a alimentou por todos esses dias dos últimos meses, e que agora já não existia...Como o inseto monstruoso kafkiano sentiu-se pesada demais para se mover na cama, pernas curtas e coração idem...deixou-se ficar a olhar o teto, esperando algum milagre (que nesse mundo pós-modernos viria pelas ondas do celular) mas logo tomou-se de uma força maior e lançou-se para fora da cama, carregando sua tristeza escadas abaixo e vida acima...não conseguia pensar, evitava o confronto com as próprias idéias...o que queria ali era apenas estar enganada, ter a certeza que estava errada e que pedir desculpas bastaria para fazer o sol voltar a iluminar seu mundo...por um momento pensou que de alguma maneira já havia feito isso, e tudo o que recebeu em troca foi angustiante silêncio. Percebeu que nada mudaria por um motivo simples e completamente frustrante...reconhecia naquela situação, no outro, aquilo que ela mesma era, anos atrás. Percebeu que gostava no outro aquilo que fora um dia, impetuosidade e desespero, confronto e dedicação, paixão e medo...e soube que a única maneira de superar o problema seria esperar a ação do tempo, e que enquanto o tempo revelava no outro suas idiossincrasias insuportáveis, ela lembraria do quanto foi insuportável um dia e que agora reconhecia naquelas pessoas que passaram pela sua vida e que sofreram tanto por ela, uma dor maior que a que tinha percebido na época...como fora insuportável, como exigira tamanhos absurdos, como não percebera que suas palavras duras e atitudes idem aniquilavam o outro, não reconhecia neles suas necessidades de afeto mesmo quando estavam errados, mas ao mesmo tempo se perguntava o motivo pelo qual tais pessoas a amaram tanto, por tanto tempo lutaram para estar com ela, muitas vezes dizendo estar vivendo seus momentos mais felizes...não sei, não sei, responderia, mas no fundo talvez ela soubesse...apesar de toda essa exigência absurda de perfeição, ela amava. E sempre tão intensamente que fazia do outro esplendoroso amor, fazia surgir o melhor dos mundos possíveis quando os deitava em seu colo e acariciava seus cabelos por horas a fio, quando, atenta que era, antecipava sonhos e desejos e os realizava, quando fazia do outro altar de seus dias. A intensidade que angustiava ali era aliada, intenso ardor que a tudo superava, que fazia das horas minutos e que deixava sempre a sensação de se querer mais...só que agora, passado o tempo e com a maturidade alcançada, ela não conseguia mais viver desordenadamente, um dia sim, um dia não, um dia com, um dia sem...queria a sorte de um amor tranqüilo, mordido, de rotina para se tentar fugir dela, mas só um pouco, só às vezes, tão bom era viver sem medo, sem agruras, sem sofrimentos a toa, deitados na cama escolhendo o que assistir, interrompendo o assistido, reiniciando, renovando, refazendo, refazenda...Pensou que um dia ele perceberia tudo isso, mas isso seria só daqui há 10 anos, ou mais, e soube que a história tinha terminado, não passaria de vaga lembrança tantas vezes gravada e apagada na pós-modernidade que nos expõe e muitas vezes nos aniquila. A pós-modernidade havia-os reunido, a mesma pós-modernidade agora os separava...

13 agosto, 2011

sobre a filosofia em minha vida

A filosofia me dá tranquilidade e sabedoria para compreender o óbvio que emocionalmente insistimos em não ver.