Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

16 abril, 2009

Para que Filosofia? Uma pequena reflexão acerca

da pergunta que nos cerca.


Erika Bataglia da Costa

Mestranda em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará – UFC

Bolsista Capes-Reuni

“Se se deve filosofar, deve-se filosofar, e se não se deve filosofar, deve-se igualmente filosofar; em qualquer caso, portanto, deve-se filosofar; se, de fato, a filosofia existe, somos obrigados de qualquer modo a filosofar, dado, justamente, que ela existe; se, ao invés, não existe, também nesse caso somos obrigados a pesquisar como a filosofia não existe; mas pesquisando, filosofamos, porque a pesquisa é a causa da filosofia”

(Aristóteles, Protrético, 2)

Se um filho resolve falar para os seus pais que decidiu fazer vestibular para cursar Medicina, Direito ou Engenharia, não ouvirá deles a pergunta sobre o porquê da escolha. Se, no entanto, ele disser que decidiu fazer Filosofia, a primeira e estridente reação será: Filosofia? Por quê? O que é isso? Para que serve?

Ao ouvir que alguém faz faculdade de Matemática ou Física, História ou Geografia, a pergunta terá um teor um pouco diferente. Ela será em função do estranhamento diante da visão de alguém que quer ser professor, pois no mundo em que vivemos qualquer destas disciplinas referem-se essencialmente ao ensino, e, nós sabemos, ser professor no nosso país não faz com que a pessoa seja “rica”, “famosa” ou “poderosa”.

Em ambos os casos a questão que se coloca é a mesma. Só é aceitável aquele que procura profissões que possam garantir dinheiro ou poder, ou, melhor ainda, os dois. Procura-se aquilo que seja útil, que possa transformar em riqueza material qualquer coisa, tornando-as mercadorias, inclusive as pessoas.

Antes de falar sobre para que “serve” a Filosofia, precisamos nos indagar sobre o que é esse “servir” e qual a sua origem.

Em nossa vida cotidiana possuímos crenças que nos são passadas culturalmente através das gerações. Essas crenças são fatos, ideias e acontecimentos que aceitamos como se fossem óbvios e sequer questionamos, como se fossem verdades absolutas. A esse conhecimento prático, normalmente irrefletido, chamamos de senso comum.

É o senso comum que nos imputa as regras a serem seguidas, as normas a serem aceitas, a forma que devemos viver e, principalmente, para que “servem” as coisas. Segundo Chauí:

Achamos óbvio que todos os seres humanos seguem regras e normas de conduta, possuem valores morais, religiosos, políticos, artísticos, vivem na companhia de seus semelhantes e procuram distanciar-se dos diferentes dos quais discordam e com os quais entram em conflito. Isso significa que acreditamos que somos seres sociais, morais e racionais, pois regras, normas, valores, finalidades só podem ser estabelecidos por seres conscientes e dotados de raciocínio. (CHAUÍ, 15).

O problema é que, apesar de sermos seres racionais, normalmente não “raciocinamos” sobre as coisas do mundo, e simplesmente aceitamos os fatos como eles nos aparecem. E, pior, sequer percebemos que isto acontece, o que pode nos gerar terríveis consequências.

Ao longo da história da humanidade diversas crenças, antes aceitas incontestavelmente, começaram a ser questionadas e, em muitos casos, foram abandonadas. Aprendemos, em certos casos, que tomar por certos comportamentos, atitudes e ideias sem ao menos questioná-las pode ser perigoso.

Foi o caso, por exemplo, do nazismo. A Alemanha nazista, através de uma maciça campanha de propaganda, conseguiu convencer uma nação inteira da superioridade de sua raça e que as demais deveriam ser exterminadas. Um grupo de pessoas, inconformado com tal absurdo, questionou tal ação. Muitos morreram em função disso, mas os demais conseguiram mobilizar vários países e, tempos depois, ficou comprovado cientificamente, que não há diferença entre raças, aliás, o próprio termo raça foi abolido. Outro episódio que demonstra o quanto um determinado conhecimento, dado como certo e verdadeiro, pode passar séculos convencendo as pessoas foi a Inquisição da Igreja Católica. Durante boa parte da era medieval, os dogmas da Igreja foram impostos a todas as pessoas dos reinos da Europa. Porém, algumas pessoas passaram a questionar tais dogmas e, com medo de uma crise de fé, a Santa Inquisição julgou e condenou, muitas vezes à morte, estas pessoas que questionavam os seus dogmas. Podemos citar ainda, em nossa história recente, a revolução inicial de um grupo de pessoas na década de 1960 que, ganhando força, acabou derrotando a ditadura brasileira.

Aqueles alemães que não aceitaram o extermínio como natural, os “infiéis” que questionaram a forma com que a Igreja lucrava com os indultos cobrados dos fiéis e os jovens que foram às ruas lutar pela democracia no Brasil tinham algo em comum. Eles não aceitaram como óbvias as “verdades” impostas por aqueles que estavam no poder, eles questionaram, criticaram, combateram. Em suma, de certa maneira, podemos dizer que eles filosofaram.

Será então possível que todas as pessoas possam filosofar? Gramsci, filósofo italiano, costumava dizer:

Todos somos filósofos, no entanto, temos que distinguir o «filósofo» que todos somos, que ocasionalmente filosofa espontaneamente, do filósofo que sabe do ofício, o filósofo intencional, que concebe uma visão do mundo e da vida, que incessantemente está no encalce da verdade e na busca de fundamentos para as suas ideias, princípios e concepções.(apud CHAUÍ, 2008, pg. 14)

“Filosofar”, antes de tudo, é ter uma atitude diferente diante das “verdades postas”, daquilo que é aceito, do senso comum. Quando algo que era objeto de crença começa a nos aparecer como algo contraditório ou problemático, esse algo passa a ser motivo de questionamentos e indagações. A partir daí, mudamos da atitude a qual estamos acostumados e passamos à atitude filosófica.

Quem não se contenta com as crenças ou opiniões preestabelecidas, quem percebe contradições e incompatibilidades entre elas, quem procura compreender o que elas são e por que são problemáticas está exprimindo um desejo, o desejo de saber. E é exatamente isso o que, na origem, a palavra filosofia significa, pois, em grego, philosophía quer dizer “amor à sabedoria”. (CHAUÌ, 2008. pg.16).

Para Platão, a filosofia nasce com a admiração, e Aristóteles dizia que ela nascia com o espanto. Ambos perceberam que somente diante do desconhecido passamos a ter uma atitude que pode nos levar ao verdadeiro conhecimento. O grande problema é que nós achamos que já conhecemos tudo, que já sabemos o que são as coisas, e simplesmente as aceitamos como certas. Como vimos anteriormente, quase sempre nos enganamos quando temos essa postura. Por isso, é importante nunca deixar de ter uma atitude crítica diante não só do desconhecido, mas especialmente do “conhecido”.

Voltando à questão do “servir”, ou seja, da utilidade da filosofia, podemos perceber que aquilo que o senso comum, histórica e culturalmente, considerada útil, é aquilo que possui uma finalidade prática, clara e evidente. Como exemplo podemos citar as ciências. Ninguém questiona a utilidade das ciências, pois entende que o seu produto, a técnica, “serve”, ou seja, tem uma utilidade visível. O telescópio, o cronômetro, a luz elétrica, o avião, o computador, todos são instrumentos de uso indiscutível que surgiram a partir dos estudos científicos.

O problema que a maioria das pessoas não vê é que, se a ciência pretende ser um conhecimento verdadeiro, tem que se basear em instrumentos e formas corretas de agir. Essa pretensão das ciências pressupõe que elas admitem a existência da verdade, do correto, do pensamento racional, da melhor aplicação do conhecimento, e todos estes objetivos e propósitos não são científicos, mas filosóficos! Os cientistas partem destas questões como já resolvidas, mas é a filosofia quem as propõe e investiga!

Podemos dizer então que, da forma como o senso comum pensa a utilidade das coisas, a filosofia não teria uma determinada utilidade. Mas, se pensarmos melhor, perceberemos que em vários aspectos a utilidade da filosofia estaria ligada às mais importantes atitudes humanas. Enumeraremos algumas:

a. Filosofia como crítica à ideologia;

b. Filosofia para pensar bem (lógica);

c. Filosofia para agir bem (ética);

d. Filosofia para formar a consciência;

e. Filosofia para o trânsito da consciência ingênua à consciência problematizadora;

f. Filosofia para nos conduzir à felicidade;

a. Filosofia como crítica à ideologia

Ideologia é um termo usado comumente pelo senso comum com o sentido de um conjunto de ideias, doutrinas e visões de mundo de um determinado grupo, normalmente influenciada por quem detém o poder. Para Karl Marx, filósofo alemão, a ideologia é o modo pelo qual a classe dominante aliena a classe operária para dela tirar proveito.O processo de alienação faz com haja a transferência do domínio de algo para outrem. Dessa maneira, a ideologia submete o indivíduo à heteronomia (Do grego heteros (diversos) + Nomos (regras), sem que este o saiba. Desta forma, o sujeito transfere para o outro a responsabilidade pela criação das regras e dessa maneira passa a aceita-las sem questioná-las. O indivíduo, desta maneira, passa por um processo de “perda de si mesmo”, e todas as suas relações no mundo e com o mundo são moduladas em função da reprodução dos poderes hegemônicos.

A filosofia, nesse sentido, pode ser instrumento de emancipação do indivíduo, isto é, da “recuperação de si”. Para tanto, ela denuncia a dominação disfarçada de pseudo-liberdade que a ideologia nos impõe. Neste sentido, a filosofia é necessária ao restabelecimento da autonomia do indivíduo na medida em que, invocando a razão crítica presente nele mesmo, submete o próprio conteúdo de sua consciência ao exame da validade de seus fundamentos sociais, políticos, etc. Assim, esta autopurgação sistemática (conhece-te a ti mesmo), seguindo regras claras em sua elaboração, aplana o terreno existencial sobre o qual brotará a liberdade genuína.

b. Filosofia para pensar bem (Lógica)

A palavra lógica originou-se do grego logos, que significa palavra, ideia, discurso. Por outro lado, o discurso, a fala, a linguagem, é aquilo que manifesta o pensamento. Este, por sua vez, é fundamental para o conhecimento da realidade. Pode-se mesmo dizer, que o conhecimento é a realidade organizada em e no pensamento. Quando o pensamento esta de acordo com a realidade o sujeito encontra-se na verdade. Para tanto, o pensamento atribui a si mesmo regras e princípios rigorosos (princípio de identidade, não-contradição, terceiro excluído, causalidade) que o permitem discorrer ordenadamente sobre os dados oriundos da realidade externa e interna. É necessária a obediência a estas regras para que a verdade sobre tais dados seja alcançada. A lógica é, precisamente, a parte da Filosofia que irá garantir as regras de retidão do pensar. No entanto, ela não se constitui como fim em si mesma, mas apenas como meio para se garantir que nosso pensamento proceda corretamente a fim de chegar a conhecimentos verdadeiros. Neste sentido, a Filosofia, através da lógica, torna possível o ordenamento do pensar garantindo a posse pelo espírito de um valor fundamental à civilização, refiro-me à verdade.

c. Filosofia para agir bem (Ética);

A palavra ética vem do grego ethos e significa costumes, modo de ser e também caráter. É uma parte da Filosofia que pretende investigar e estabelecer os fundamentos e a validade das normas morais e dos juízos de valor ou de apreciação sobre as ações humanas qualificadas de boas ou más. Podemos dizer que o seu objetivo maior é fazer com que as pessoas vivam em comunidade da melhor maneira possível.

A ética é pautada por princípios, e é a reflexão filosófica que fundamenta as normas e os princípios em questão. Assim, caberá à filosofia justificar racionalmente a submissão da liberdade ao bem. Neste sentido, a filosofia é necessária à harmonização das liberdades entre si e do comércio destas com o mundo. Muito embora o direito e a moralidade também promovam a harmonia, não o fazem, no entanto, em uma dimensão fundacional, tal qual a filosofia, e, além disso, podem estar a serviço dos interesses de uma minoria. Ademais, é a filosofia quem denuncia quando o direito e a moralidade se encontram a serviço não da liberdade de todos, mas de poucos.

Platão, a este respeito, escreveu que devemos sempre agir de forma a buscar o bem e o justo, e em um de seus diálogos nos diz que Uma vida sem este exame não é digna de ser vivida (PLATÃO, 1997. pg.38a).

Como devemos agir, quais regras devem ser seguidas e quais devem ser descartadas, como interagir com o outro respeitando sua liberdade e tendo a minha liberdade respeitada, como colaborar para a convivência harmônica sem ser submisso às ideologias vigentes, como respeitar o outro e ser por ele respeitado, são objetos da reflexão ética fundamentais para a vida em comum.

d. Formar a consciência (definição de consciência)

A filosofia fornece estruturalmente os elementos necessários á formação da consciência (princípios do conhecimento e da ação). Desse modo, a cultura filosófica torna a consciência imune aos estupefacientes culturais que a sociedade de massas e a indústria cultural ofertam incessantemente. Neste sentido, a filosofia é necessária para estabelecer na consciência critérios consistentes de aceitação ou recusa de tudo o que nos rodeia tornando-nos senhores da elaboração de nossas preferências. Formar uma consciência emancipada consiste, pois, em nutri-la filosoficamente através da desconfiança refletida em relação ao que se nos apresenta as diversas instituições sociais.

e. Trânsito da consciência ingênua à problematizadora

A filosofia institui a negatividade como padrão de interpelação do mundo, isto é, recusa ou nega o assentimento imediato em relação a tudo o que é dado, percebido, imposto e leviana e inconsistentemente justificado. Neste sentido, a filosofia dissolve a ingenuidade, que é sempre tributária da aceitação imediata do mundo, substituindo-a pela problematização “inquisitora” que pretende vasculhar o que se oculta sob o disfarce da imediatez. Finalmente, a problematização desdobra novas perspectivas de resolução e transformação do existente e, por conta disso, a filosofia é necessária ao próprio desenvolvimento cultural e ao refinamento civilizatório.

f. Filosofia para nos conduzir à felicidade

Talvez o propósito mais importante da Filosofia seja a condução à felicidade. André-Conte Sponville, filósofo francês contemporâneo, escreveu que o principal objetivo da filosofia seria a condução de cada um à felicidade, mas não a felicidade total e irrestrita, uma alegria contínua e soberana, ou mesmo a ausência total de sofrimento e angústia, pois certamente isso não existe. A felicidade, se a entendemos como uma alegria completa, é apenas um sonho, que nos separa do contentamento verdadeiro. Em busca da felicidade absoluta, nós nos proibimos de viver as felicidades relativas e nos tornamos infelizes. Se, ao contrário, você entender como felicidade o fato de não ser infeliz ou simplesmente de poder desfrutar algumas alegrias, a felicidade não é impossível. E você será feliz somente por não ser triste. À exceção, claro, nos momentos mais difíceis da vida.

O autor nos diz que a felicidade interessa a todo mundo, e todos a buscam, inclusive os suicidas. Para ele, a sabedoria que advém da filosofia é necessária por dois motivos: porque somos infelizes e porque somos mortais. Quando temos tudo para ser feliz e não somos, é porque nos falta sabedoria. E sabedoria é saber viver, aprender a viver.

Para a maioria das pessoas, ser feliz é ter aquilo que se deseja. Mas no momento que temos o que desejamos, o desejo acaba, pois aquilo que passamos a possuir já não nos falta mais. Então procuramos por outros objetos de desejo. São as chamadas armadilhas da esperança, porque quando esperamos a felicidade e ela não é satisfeita, sofremos e nos frustramos. Quando é satisfeita, nos entediamos e nos frustramos também. Para escapar deste ciclo normalmente as pessoas seguem três estratégias: se divertir para esquecer, alimentar novas esperanças (fuga para frente) e depositar esperanças em outra vida (salto religioso).

A esperança é um desejo que não depende de nós, enquanto a vontade é um desejo que depende de nós. O autor propõe uma felicidade desesperadamente, mas não o desespero no sentido comum, mas no sentido de não esperar, não ter esperança. Não significa que as pessoas devam amputar suas esperanças, mas que aprendam a pensar mais, querer o que vale a pena e amar melhor.

Filosofar é pensar sua vida e viver seu pensamento. Em que medida isso pode nos aproximar da felicidade? Ficando mais perto da verdade, nós nos libertamos de várias ilusões e esperanças tolas. Isso nos ajuda a amar a vida mais do que amar a felicidade, a verdade mais do que a fantasia, o amor mais do que a fé ou a esperança. É isso que chamamos de sabedoria. (SPONVILLE, 2002, pg.16).

A felicidade não é absoluta, mas um processo. E, desta maneira, precisamos de sabedoria para entender esse processo. A sabedoria é a felicidade dentro da verdade. É o máximo de felicidade associado ao máximo de lucidez. Essa é a meta da filosofia. Nesse caminho, há muitas ilusões a perder e algumas verdades desagradáveis a confrontar. É por isso que a filosofia passa inevitavelmente pela angústia, pela dúvida, pela desilusão. Continua sendo apenas um caminho. O filósofo prefere a alegria à tristeza, como todo mundo. Mas ele coloca a verdade num patamar mais alto que todo o resto. Isso não quer dizer que seu objetivo seja a infelicidade. É preciso sempre ter coragem para enfrentar a melancolia ou a tristeza quando surgem. É o único caminho.

BIBLIOGRAFIA

CHAUÍ,Marilena.Convite à Filosofia.São Paulo: Ática, 2008.

PLATÃO, Apologia de Sócrates. Introdução, versão do grego e notas de Manuel de Oliveira Pulquério. Brasília,DF. UNB, 1997

_______, A República. Tradução, textos complementares e notas de Edson Bini. Bauru, SP. Edipro, 2006.

SPONVILLE, André-Conte. Apresentação da filosofia. São Paulo. Martins Fontes,2002.

_______. A Sabedoria dos Modernos. São Paulo, Martins Fontes,2000.

09 abril, 2009

'Barebacking' cresce no Brasil e torna-se caso de saúde pública

Recebi ontem uma mensagem do Ailton e fiquei impressionada. Não tinha ouvido falar do termo barebaking:
"barebacking" (derivado da
palavra barebackers, usada em rodeios para designar os caubóis que
montam a cavalo sem sela ou a pêlo).

No sentido do texto, significa um grupo de pessoas que tem relações sexuais com outras sem proteção
sabendo que correm o risco de contrair o vírus da aids.
O termo ficou conhecido internacionalmente como uma gíria para o sexo
sem camisinha, praticado de preferência em grupo, em festas fechadas,
por homens sorodiscordantes (HIVs positivos e negativos).

“Coisa de macho”, garantem os adeptos. O movimento cresce no Brasil,
de forma assustadora, e tornou-se uma questão de saúde pública e
motivo de preocupação social.
Existem anúncios: “Procuram-se HIVs”. claro, anúncios desse tipo não passam despercebidos.

Mas, de fato, o que esperam essas pessoas? Poder finalmente transar sem camisinha? Será só isso? Duvido.

A que ponto pretende-se chegar? Que tipo de risco é esse? Será que o desespero da pós-modernidade fez com que as pessoas
realmente perdessem a noção de cuidado, proteção? Tomara que não.

08 abril, 2009

Sobre Cristovam Buarque e sua cesta básica de livros

Acabei de ouvir uma notícia bem interessante, de um dos poucos, pouquíssimos políticos que me fazem acreditar que ainda existem pessoas com boas intenções nesse meio – não que eles possam mudar algo, o sistema mesmo impede – que é a cesta básica de livros.
Cristovam parte de um princípio que faz sentido e que os Titãs já haviam colocado em uma das suas músicas, a gente não precisa só de comida, mas de diversão e arte. Para mim, a leitura sempre foi, antes de qualquer coisa, diversão. E hoje, mesmo quando ela é “forçada”, é prazerosa. Mas eu sei que eu não faço parte da maioria...
Não sei se estou muito pessimista, mas a primeira reação que eu tive ao ouvir a notícia foi de alegria, mas imediatamente em seguida veio o seguinte pensamento: Quantos destes livros não irão parar na Praça José de Alencar para serem vendidos a R$ 1?
Tomara que não, tomara que eu esteja errada...se pelo menos um destes livros fizer com que alguém se encante e entre no mundo maravilhoso da literatura, já terá valido a pena!

05 abril, 2009

sobre o novo imposto sobre os cigarros

Eu já falei o quanto odeio cigarros, e da falta de educação da maioria dos fumantes que acham que colocar o cigarro longe da "vítima" diminui o inconveniente...agora, achar que aumentar a taxa de imposto que incide sobre o cigarro vai fazer diminuir o número de fumantes ou a quantidade fumada por cada um é, no mínimo, ingenuidade.

Quem fuma, não fuma só porque quer, a maioria realmente é viciada, e vai pagar mais caro por isso. Eu acredito ser melhor taxar menos bens fundamentais e aumentar os supérfluos - e pagar mais pela cervejinha nos finais de semana - e esperar que o preço possa fazer diminuir o consumo...mas duvido que isso vá acontecer, infelizmente.

Aliás, o governo espera por isso, como foi dito, eles pretendem recuperar a perda de arrecadação no cimento, por exemplo, através dos cigarros...

Começou...

Obama não disse que ia diminuir as tropas no Iraque, até deixar o país?

Mas o aumento no número de soldados enviados ao Afeganistão, contra o regime Taliban, pode?

Será porque os Bin Laden são amigos dos Bush? Claro que não, isso é só uma brincadeira, Obama não perderia seu tempo com picuinhas como essas, mas que parece, parece.

01 abril, 2009

dos absurdos absolutamente inaceitáveis

Fui cortar meu cabelo hoje e ao meu lado, na cadeira, uma criança de 4 anos. Uma cabeleireira passava uma espécie de pasta em seu cabelo, e o cheiro forte exalado do tal produto tomava o ambiente. Sua mãe, sentada ao lado, com a cabeça cheira de lâminas de alumínio esperava a tinta fazer efeito. Fiquei me perguntando o que aquela mãe estaria fazendo com a criança e não queria acreditar...até que perguntei discretamente à manicure, que confirmou o que eu já imaginava...ESTAVAM FAZENDO ALISAMENTO NESSA MENINA!!!

A própria manicure achava um absurdo, mas funcionária que era, calava-se. O pior, segundo ela, é que aquilo se repetia de 6 em 6 meses, há quase 2 anos!!!

Não sei se não seria caso de dar queixa, afinal os produtos usados para alisar o cabelo possuem químicas que, obviamente, não devem ser usados em criança.

Pior - se é que algo pode ser pior - é o que essa mãe está fazendo para a auto-estima de uma criança, que ainda não deveria ter sucumbido - como tantas, mais velhas - à obrigatoriedade de seguir um determinado padrão de beleza para poder se enquadrar na sociedade.Seus belos cachos de criança não passarão de lembranças em fotos de sua infância, e o que esse ato trará como consequência, o tempo, sabemos nós, dirá.

30 março, 2009

Para que filosofia?

Antes de mais nada, em relação à pergunta acima: Mais importante que aprender FILOSOFIA - leia-se, História da filosofia -, há que se aprender a FILOSOFAR.
Estou escrevendo um texto sobre o tema e ao fazer minhas pesquisas fiquei impressionada com a quantidade desse tipo de questão na internet...o que seria muito bom, não fosse a qualidade das argumentações...

De volta aos velhos e bons livros...

sobre as notícias iniciais da semana...

...uma biografia do falecido Heath Ledger - alçado a eterno Coringa - me faz pensar sobre tantas pessoas que realmente mereceriam tal honraria e que sequer serão lembradas, simplesmente pelo fato de que suas ações não se dão na glamourosa e superfual hollywood...

... a discussão sobre expulsar ou não um aluno que levou uma arma pra escola em São Paulo - cuja mensalidade é de R$1.700,0 - e a cara de pau de seus pais que disseram que "nem se lembravam que tinham uma arma em casa" me faz pensar no que aconteceria se a mesma situação tivesse ocorrido em uma escola qualquer da periferia de qualquer grande cidade - e ter a quase certeza de que o fato só se tornaria notícia se a arma tivesse sido disparada contra alunos e professores

...um judeu que escreveu sobre coisas engraçadas e ridículas da Bíblia - mas diz que quem não a leu é "cego" - e diz que é melhor ler o seu livro, "que é bem menor do que a Bíblia", me sugere que o mais fácil e mais palatável é o que deve ser seguido...como se algum texto "fácil" mudasse a vida de alguém.

...a Dona da Daslu ter sido sentenciada a mais anos de prisão que o Marcola - líder do PCC - e todo mundo achar isso um absurdo...então não seria o caso de aumentar a pena do Marcola? Ah, e ela só passou uma noite na cadeia, o habeas corpus já a livrou de ter que passar os dias presa enquanto recorre da decisão...enquanto isso ela paga milhões para um dúzia de advogados justificar o injustificável.

...novo estudo diz que a carne vermelha não deve ser cortada da alimentação - contrariando os trezentos estudos que dizem o contrário - mas que deve ser consumida com moderação. Ora, Platão já sugeria tal moderação, e seu discípulo Aristóteles propunha a justa medida...alguma novidade?

...um conselheiro do tribunal de contas do rio de janeiro comprou uma casa por R$ 163 mil mas a casa vale R$ 1,5 milhão...a desculpa dele é que ele diz ser bom em investimento...vai ser bom assim na resolução dos problemas do Rio!!

Todas

as paciências raras

as ansiedades postas

os medos fortes

as coragens grossas

as verdades escuras

as mentiras laicas

as vontades loucas

as vidas mortas

24 março, 2009

Sobre a ditadura...

Branda ou dura? Ditadura

24/03/2009 11:42:14

Emiliano José "... Mas, se as chamadas “ditabrandas” – caso do Brasil entre 1964 e 1985 – partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça – o novo autoritarismo latino – americano, inaugurado por Alberto Fujimori, no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente". (Editorial da Folha de S. Paulo, de 27/02/2009).

Esse parágrafo do editorial Limites a Chávez desnuda qualquer pretensão crítica de Folha de S. Paulo à ditadura militar. Constituiu uma impressionante defesa do golpe militar de 1964. Vamos dar uma olhadinha apenas nele, nesse parágrafo, para que depois entremos com mais rigor no assunto. Primeiro, a Folha diz que não havia golpe. Havia apenas uma simples “ruptura institucional”. Não houve tanques nas ruas, não houve prisões, não houve torturas. Nada.

E na sequência, depois dessa quase angelical ruptura institucional, a ditabranda - o neologismo cunhado pela Folha para definir a ditadura militar – preservou a disputa política na sociedade brasileira, certamente em moldes civilizados, como está quase explícito no texto. A ditabranda, que os leitores desculpem o uso abusivo do termo, depois da ruptura institucional – outra vez peço desculpas – preservou ou instituiu “ formas controladas de disputa política e acesso à justiça”. É, na opinião da Folha, foi apenas isso.

A ditadura garantia não só a disputa política como também acesso à justiça. Diabo é o Chávez que, em 10 anos de poder, disputou 15 eleições, venceu 14, e em todas elas experimentou a presença rigorosa de observadores internacionais. Seguramente não foi esta a ditadura que eu vi, que a sociedade brasileira viu.

"... A via-crucis de Eduardo Collen Leite – Bacuri – durou 109 dias. Foi preso no dia 21 de agosto de 1970, no Rio de Janeiro, pela equipe do delegado Sérgio Fleury, e conduzido a um centro clandestino de tortura em São Conrado. Foi interrogado e torturado em muitos locais no Rio e em São Paulo. Após ser retirado do X-1 do Deops/SP, nunca mais foi visto por ninguém, a não ser por seus algozes. No dia 08 de dezembro de 1970, o corpo de Bacuri foi encontrado nas imediações de São Sebastião, litoral norte do Estado de São Paulo. Seu corpo foi encontrado apresentando hematomas, escoriações, cortes profundos, queimaduras, dentes arrancados, e olhos vazados". ( Dos filhos deste solo: Mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura militar: a responsabilidade do Estado, de Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio).

Não houve a singeleza da ruptura institucional, que só a Folha e a direita brasileira viram. Houve um golpe violento. Sem exagero, regado a sangue. Sangue de brasileiros e brasileiras. Um golpe que usou e abusou da tortura. Que matou covardemente centenas de opositores. Matou quase invariavelmente na tortura. Que prendeu, perseguiu, humilhou, maltratou milhares de pessoas. Que fez desaparecer pessoas. Que seviciou mulheres e crianças. E sempre fez isso à custa do sacrifício da liberdade, inclusive a de imprensa, que, parece, a Folha não viu ou não quis ver. Por que a Folha, então, designa uma ditadura tão violenta, tão sanguinária, de ditabranda?

Uma ditadura que teve à frente generais tão cruéis como Castello Branco, Costa e Silva, como Garrastazu Médici, como Ernesto Geisel, pode ser tida como branda? Uma ditadura que criou monstros como Doi-Codis, como a Operação Bandeirantes, como o CENIMAR, como o Deops/SP, essa infernal máquina repressiva, de tortura, pode ser anistiada assim, como o fez a Folha? Uma ditadura que se vale de um Fleury, de um Ustra, pode ser tida, dita como branda? Só pela Folha mesmo!

"... Lamarca se levantou e tentou se afastar. No mesmo instante, uma rajada de metralhadora, disparada por Dalmar Caribé, atingiu-o pelas costas. Caiu imobilizado pelo impacto de três tiros – nas nádegas, na mão direita e no ombro esquerdo. Deitado estava, deitado ficou, sem tempo de usar o Smith Wesson e o Taurus 38. Ainda estava vivo quando recebeu mais quatro tiros, a curta distância, três deles no peito e um último a queima roupa no coração". (Do livro Lamarca, o Capitão da Guerrilha, de Emiliano José e Oldack de Miranda).

Costumo dizer que, salvo as sempre honrosas exceções, a imprensa brasileira não pode contar sua própria história. Infelizmente, sempre ficou ao lado das ditaduras e contra quaisquer governos democráticos e reformistas. O grupo Folha foi um aliado da ditadura. Por isso essa posição, a que “deixa escapar” o termo ditabranda não deveria surpreender ninguém. O neologismo ditabranda não é um simples ato falho.

Corresponde à história do grupo. Há um livro precioso de Beatriz Kushnir - Cães de Guarda - que deveria ser leitura obrigatória das escolas de jornalismo e de quem pretenda conhecer uma parte considerável da história de jornalismo sob a ditadura, de modo especial a história do grupo Folha. Por ele se compreenderá a gênese da ditabranda, se esclarecerá o quanto de cumplicidade houve entre a ditadura e o grupo Folha. Não falo mais para não prejudicar a leitura.

A Folha, depois de receber uma saraivada de críticas de leitores indignados com o editorial, fez um primor de Nota de Redação. Disse que “na comparação com outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou níveis baixos de violência política e institucional”. Decididamente, o jornal podia ser um pouco mais zeloso, ter um mínimo de respeito com os leitores, consideração com a inteligência dos brasileiros. Será que a Folha, ao fazer sua macabra contabilidade – quantos mortos pela ditadura brasileira, quantos pela ditadura Argentina, por exemplo – queria dizer que se a ditadura brasileira matou “só” algumas centenas de pe ssoas, torturou “apenas” alguns milhares de brasileiros, foi mais branda porque “afinal” podia ter matado e torturado muito mais?

O editorial, para além dos equívocos históricos e conceituais quanto a Hugo Chávez, constitui uma afronta à sociedade brasileira e uma atitude de escárnio face a milhares de familiares de pessoas presas, torturadas, mortas, mutiladas, desaparecidas por conta da ação da ditadura quem em momento algum foi branda, insista-se.

Para aumentar o desastre, a Folha desqualificou a crítica, tentando diminuir os professores Fábio Konder Comparato e Maria Victoria Benevides, que se insurgiram corretamente contra o editorial. Lamentável.

E é sintomático que o editorial de defesa da ditadura apareça no momento em que o Brasil discute a punição dos torturadores. Muito sintomático. A existência rotineira de tortura por si só é a negação de qualquer brandura. Ditadura, nunca mais!

"... Assim que começou a atravessar a rua em direção ao carro, estalou a fuzilaria. Não se sabia de onde exatamente vinham os tiros, porque vinham de todas as direções. O primeiro perfurou-lhe as nádegas, entrando pelo lado direito e saindo pelo esquerdo. O segundo atingiu-o na região pélvica, a bala se alojando no arco pubiano. O terceiro atingiu-o de raspão, no queixo. E um quarto tiro fraturou-lhe uma costela e perfurou a aorta e o pulmão. Carlos Marighella, o inimigo número um da ditadura, estava morto" (Carlos Marighella, o inimigo número um da ditadura militar, de Emiliano José).

05 março, 2009

sobre a homossexualidade

Sempre que eu vou dar aula sobre natureza humana volta o tema sobre a homossexualidade, e

acho incrível como ainda tem gente que acha que é doença...bem pra quem ainda acha...

Revista superinteressante

Homossexualidade é doença?

Não. A comunidade médica é unânime ao afirmar que nenhuma orientação sexual é doença. Em 1973, a Associação Americana de Psiquiatria retirou a palavra da lista de transtornos mentais ou emocionais e a decisão foi seguida por todas as entidades de psicologia e psiquiatria no mundo.

Mas a questão voltou à tona nos últimos meses por causa de um projeto de lei - inédito no mundo - que está tramitando na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. O deputado estadual e pastor evangélico Édino Fonseca (PSC) propõe que verbas públicas sejam usadas no tratamento de pessoas que "voluntariamente optarem por deixar a homossexualidade". No caso de menores, os pais poderão escolher se a criança ou o adolescente deve passar pelo tratamento. Para Édino, a homossexualidade é um distúrbio psicológico. "O tratamento vai desfazer os bloqueios que levaram aquela pessoa à homossexualidade", diz.

Apesar de o Conselho Federal de Psicologia pedir que psicólogos não colaborem com serviços que propõem uma "cura" da homossexualidade, o projeto já foi aprovado por três Comissões da Assembléia (Constituição e Justiça, Saúde e Combate à Discriminação) e está causando polêmica. Alguns o acusam de ser inconstitucional. "Se garante auxílio para um homossexual que queira ser heterossexual, e não para um heterossexual que queria ser homossexual, ele é discriminatório", diz o deputado Carlos Minc (PT). Outros o acusam de ser impertinente. "A origem da homossexualidade está em um somatório de fatores, mas ninguém sabe a causa", diz Carmita Abdo, responsável pelo Projeto de Sexualidade da USP. Se ninguém sabe a causa, como é possível um tratamento contra "bloqueios psicológicos" ser eficiente? E muita gente acusa o projeto de ser retrógrado. Afinal, soluções mágicas para combater a homossexualidade não são nenhuma novidade (veja arco-íris abaixo). "Mais importante que considerar a homossexualidade um problema psicológico, passível de ser tratado, é educar a população para respeitar as individualidades. Diferenças não são escolhas, e sim tendências que fazem parte da natureza da pessoas", diz Carmita.

04 março, 2009

Recebi essa mensagem do amigo Israel e tive que para o que estava fazendo para vir aqui e postar essa mensagem. Desumano, absurdo, sádico...Até onde chegaremos em noma da "arte'?

Estou, decididamente, sem palavras...
Segue a mensagem recebida:

Como muitos devem saber e até ter protestado, em 2007, Guillermo Vargas Habacuc, um suposto artista, colheu um cão abandonado de rua, atou-o a uma corda curtíssima na parede de uma galeria de arte e ali o deixou, a morrer lentamente de fome e sede.

Durante vários dias, tanto o autor de semelhante crueldade, como os visitantes da galeria de arte presenciaram impassíveis à agonia do pobre animal.

Até que finalmente morreu de inanição, seguramente depois de ter passado por um doloroso, absurdo e incompreensível calvário.


parece-te forte?

Pois isso não é tudo: a prestigiosa Bienal Centroamericana de Arte decidiu, incompreensivelment e, que a selvajaria que acabava de ser cometida por tal sujeito era arte, e deste modo tão incompreensível Guillermo Vargas Habacuc foi convidado a repetir a sua cruel acção na dita Bienal em 2009.
Facto que podemos tentar impedir, colaborando com a assinatura nesta petição :


<http://www.petition online.com/ 13031953/ petition. html>


(não tem que se pagar, nem registar) para enviar a petição, de
modo que este homem não seja felicitado nem chamado de 'artista' por tão cruel
acto, por semelhante insensibilidade e desfrute com a dor
alheia

Para ver a cara do "artista" e o pobre cachorro:
http://www.youtube.com/watch?v=uw4ujhvnNzc


03 março, 2009

Milk, ou sobre a importância da Liberdade

CONTARDO CALLIGARIS

"Milk", o preço da liberdade

Para continuarmos livres, é preciso defender a liberdade do vizinho como se fosse a nossa

ASSISTINDO a "Milk - A Voz da Igualdade", de Gus Van Sant (extraordinário Sean Penn no papel de Harvey Milk), lembrei-me de um e-mail que recebi em abril de 2008. Era uma circular de www.boxturtlebullet in.com (um site sobre os direitos das minorias sexuais), que "comemorava" os 55 anos de um evento sinistro: em 1953, Dwight Eisenhower, presidente dos EUA, assinou um decreto pelo qual seriam despedidos todos os funcionários federais que fossem culpados de "perversão sexual". Essa lei permaneceu em vigor durante mais de 20 anos: milhares de americanos perderam seus empregos por causa de sua orientação sexual.

Fato frequentemente esquecido (um pouco como foi esquecida, durante décadas, a perseguição dos homossexuais pelo nazismo), nos anos 50, no discurso do senador McCarthy, a caça às bruxas "comunistas" se confundia com a caça às bruxas homossexuais. Por exemplo, uma carta do secretário nacional do Partido Republicano (citada na circular) dizia: "Talvez tão perigosos quanto os comunistas propriamente ditos são os pervertidos escusos que infiltraram nosso governo nos últimos anos". Essa não era uma posição extrema: na época, a revista "Time" defendeu o projeto de despedir todos os homossexuais que trabalhassem para o governo federal.
É nesse clima que, nos anos 70, em San Francisco, Milk se tornou o primeiro homossexual assumido a ser eleito para um cargo público.

Poderia escrever sobre as razões que, quase invariavelmente, levam alguém a querer esmagar a liberdade de seus semelhantes. O segredo (de polichinelo) é que muitos preferem odiar nos outros alguma coisa que eles não querem reconhecer e odiar neles mesmos. E poderia contar a história de Roy Cohn, braço direito de McCarthy, que morreu, em 1984, odiando e escondendo sua homossexualidade e gritando ao mundo que a causa de sua morte não era a Aids (ele foi imortalizado por Al Pacino na peça e no filme "Anjos na América", de Tony Kushner).

Mas, depois de assistir a "Milk", estou a fim de festejar o caminho percorrido em apenas meio século: o mundo é, hoje, um lugar mais habitável do que 50 anos atrás. Aconteceu graças a milhares de Harvey Milks e a milhões de outros que não precisaram ser nem homossexuais nem comunistas nem coisa que valesse: eles apenas descobriram que só é possível proteger a liberdade da gente se entendermos que, para isso, é necessário defender a liberdade de nosso vizinho como se fosse a nossa. Nos anos 70, quase decorei a carta aberta que James Baldwin (escritor, negro e homossexual) endereçou a Angela Davis (jovem filósofa, negra e militante), quando ela estava sendo processada por um assassinato que não cometera, e o risco era grande que o processo acabasse em uma condenação "exemplar". Baldwin lembrava as diferenças de história, engajamento e pensamento entre ele e Davis, para concluir: "Devemos lutar pela tua vida como se fosse a nossa - ela é a nossa, aliás - e obstruir com nossos corpos o corredor que leva à câmara de gás. Porque, se eles te pegarem de manhã, voltarão para nós naquela mesma noite".
Os direitos fundamentais não são direitos de grupo, eles valem para cada indivíduo singularmente, um a um. É óbvio que grupos particulares (constituídos por raça, orientação sexual, ideologia, etnia etc.) podem e devem militar coletivamente pelos direitos de seus membros, mas, em uma sociedade de indivíduos, a liberdade de cada um, por "diferente" que ele seja, é condição da liberdade de todos. Por quê?

Simples: se meu vizinho, sem violar as leis básicas da cidade, for impedido de ter a vida concreta que ele quer, então meu jeito de viver poderá ser tolerado ou até permitido, mas ele não será nunca mais propriamente meu direito. "Milk" é um filme sobre um momento crucial na história das liberdades, mas não é um filme "arqueológico" . A gente sai do cinema com a sensação renovada de que a militância libertária ainda é a grande exigência do dia. Ótimo assim.

Um amigo me disse recentemente que eu dou uma importância excessiva à contracultura dos anos 60/70. Acho, de fato, que ela foi a única revolução do século 20 que deu certo e, ao dar certo, melhorou a vida concreta de muitos, se não de todos. Acho também que suas conquistas só se mantêm pelo esforço cotidiano de muitos. Afinal (quem viu o filme entenderá), surge uma Anita Bryant a cada dia

02 março, 2009

sobre a impossibilidade de sobreviver perto de uma TV

Cansada da mediocridade, cansada de ver porcaria na TV- que não pode simplesmente ser desligada, há que se respeitar as pessoas ao nosso redor - mas sem nunca parar de reclamar. BBB?
Grande B mesmo...será que as pessoas AINDA acreditam mesmo que nada daquilo é armado? Será possível tamanha ignorância? Desculpem-me, mas não aguento mais calar diante de tamanha imbecilidade!!

26 fevereiro, 2009

23 fevereiro, 2009

sobre o blog do Ailton, reconhecidamente um dos melhores do Brasil!

Ontem eu estava tentando ver na internet o Oscar, já que não tenho mais tv a cabo, e os mui queridos Maneu e Ailton me ajudaram.Percebi que o problema da minha net nao é o 3G da claro em si, mas a quantidade de pessoas na rede. Em outras épocas, acredito que teria sido impossível acompanhar o Oscar ao vivo, on line, mas como é carnaval e a maioria das pessoas estava na rua, foi possível e ainda passamos s transmissão conversando sobre o que ia acontecendo na festa...Muito bacana...mas o mais legal foi saber dessa matéria que saiu na Folha on line sobre o blog do Ailton sobre cienama, o www.cinediario.blogspot.com. Quem ainda não conhece, aproveite!!

Conheça alguns dos melhores sites cinematográficos da rede

Publicidade

CÁSSIO STARLING CARLOS
da Folha de S.Paulo

O volume de informações e material audiovisual lançado a cada segundo na rede deixa o interessado em cinema desnorteado. Quem não tem controle ou não consegue filtrar acaba perdido num oceano em que tudo pode parecer relevante ou irrelevante demais.

23.fev.2008/Amy Sancetta/AP
Kodak Theatre, em Los Angeles, onde acontece o Oscar, principal prêmio do mundo do cinema, no próximo domingo, dia 22 deste mês
Kodak Theatre, em Los Angeles, onde acontece o Oscar, principal prêmio do mundo do cinema, no próximo domingo, dia 22 deste mês

Para o mero curioso, para o atento ou para o profissional, a Variety e o Hollywood Reporter mantêm seus postos de bíblias, cobrindo cada minúsculo movimento da indústria, as futuras produções, o desempenho de bilheterias, os balanços de audiência (no caso das produções de TV, como séries, que também ganham intensa cobertura nestes sites). Para aqueles que não procuram tanta exaustividade, a melhor opção é assinar as newsletter e dar uma espiada diária na caixa de entrada.

Ainda para os que acham que informação nunca é demais, a recomendação passa inevitavelmente pelo Ain't It Cool News, que tem cara e conteúdo de bazar da 25 de Março --prateleiras temáticas e, dentro delas, um caos de tantas notícias.

Por outro lado, o blog Greencine e o site de Dave Kehr alimentam sem dar essa sensação de indigestão. Com um design limpo, o Greencine coloca lançamentos, festivais ou eventos em um patamar superior de exigência, oferecendo apenas o que é estritamente relevante e distribuindo o conteúdo em seções organizadas tematicamente, o que torna tudo bastante fácil de achar.

O Greencine é também um ótimo ponto de partida para a blogosfera cinéfila em inglês, com links para praticamente todos os blogs e revistas eletrônicas que importam, como, por exemplo, a Rouge (www.rouge.com.au) e a Cinema Scope (www.cinema-scope.com).

Ensaios

No caso de ensaios, o que se encontra na rede varia do lixo ao luxo, e vale mais se tornar fiel de publicações como a Senses of Cinema, a Bright Lights (www.brightlightsfilm.com) ou a argentina El Amante (www.elamante.com) do que se dispersar na poligamia.

Para escapar da atualidade a qualquer preço e seus riscos de julgamentos apressados, um oásis é a seção de artigos do site do Museum of the Moving Image, capaz de juntar desde interpretações sobre os filmes históricos feitos por Roberto Rossellini para a TV até uma análise da aparência dos videogames dos primórdios, como o PacMan.

No Brasil

Para quem não quer ficar refém nem da língua, nem da perspectiva estética estrangeira, a rede brasileira não deixa nada a desejar, com destaque para a produção crítica.

A Cinética e a Contracampo são pontos de passagem obrigatórios para quem procura profundidade e atenção especial ao cinema contemporâneo. A agenda e outros tópicos atuais da produção audiovisual também encontram boas indagações em português na Cinequanon (www.cinequanon.art.br) e na FilmesPolvo (www.filmespolvo.com.br/site).

Já a profusão de blogs em português tende tanto ao ultranarcisista como à citação entre amigos. Fora dessas duas tentações, ninguém vai ficar com a sensação de perda de tempo se acompanhar o cuidadoso trabalho de formiga feito no Diário de um Cinéfilo e as entusiasmadas releituras do cinema brasileiro propostas no Estranho Encontro.

Por fim, o maior serviço de utilidade pública para quem quer aprofundar os conhecimentos vem sendo feito pelo grupo do Dicionários de Cinema (dicionariosdecinema.blogspot.com), com traduções de textos essenciais da grande crítica francesa.

22 fevereiro, 2009

de Saramago, sobre israelenses e palestinos...

GAZA
José Saramago

A sigla ONU, toda a gente o sabe, significa Organização das Nações Unidas, isto é, à luz da realidade, nada ou muito pouco. Que o digam os palestinos de Gaza a quem se lhes estão esgotando os alimentos, ou que se esgotaram já, porque assim o impôs o bloqueio israelita, decidido, pelos vistos, a condenar à fome as 750 mil pessoas ali registadas como refugiados. Nem pão têm já, a farinha acabou, e o azeite, as lentilhas e o açúcar vão pelo mesmo caminho.

Desde o dia 9 de Dezembro os caminhões da agência das Nações Unidas, carregados de alimentos, aguardam que o exército israelita lhes permita a entrada na faixa de Gaza, uma autorização uma vez mais negada ou que será retardada até ao último desespero e à última exasperação dos palestinos famintos. Nações Unidas? Unidas? Contando com a cumplicidade ou a cobardia internacional, Israel ri-se de recomendações, decisões e protestos, faz o que entende, quando o entende e como o entende.

Vai ao ponto de impedir a entrada de livros e instrumentos musicais como se se tratasse de produtos que iriam pôr em risco a segurança de Israel. Se o ridículo matasse não restaria de pé um único político ou um único soldado israelita, esses especialistas em crueldade, esses doutorados em desprezo que olham o mundo do alto da insolência que é a base da sua educação. Compreendemos melhor o deus bíblico quando conhecemos os seus seguidores. Jeová, ou Javé, ou como se lhe chame, é um deus rancoroso e feroz que os israelitas mantêm permanentemente actualizado.

20 fevereiro, 2009

sobre a crise nos bancos Mundiais

UMA "PROFECIA" DE 1867, QUE SE CUMPRE EM 2009

O "inventor" do Socialismo disse:

"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar
bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até
que se torne insuportável.

O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado".

Karl Marx, Das Kapital, 1867


(recebido do amigo Marcelo Amoreira)

18 fevereiro, 2009

Ainda sobre o problema das torcidas...

TOSTÃO

Contradições humanas


A violência urbana, dentro e fora dos estádios, e a falta de cidadania são uma vergonha para o Brasil

O SER HUMANO está, com frequência, dividido, mesmo quando não percebe, entre o prazer e a realidade, entre a ambição e a ética, entre ganhar uma partida a qualquer preço e respeitar as regras e os adversários.
Além da guerra urbana e da ida dos marginais para os estádios, a violência dentro e fora dos campos ocorre por causa da hostilidade entre os dirigentes, da pressão que sofrem os atletas e os treinadores para vencer de qualquer jeito e do exagerado destaque que a mídia dá às rivalidade entre os grandes clubes de um Estado.
Na emoção de uma partida, muitos atletas, mal-educados e pressionados por todos os lados, esquecem os valores éticos e o respeito pelo adversário e mostram todo o ódio e a agressividade humana.
No relacionamento com as torcidas organizadas, os dirigentes têm um discurso para a imprensa e outro quando recebem esses torcedores em seus gabinetes.
O presidente do Corinthians deu um grande número de ingressos para o jogo de domingo para a turma barra-pesada. Essa relação perniciosa, que acontece em muitos clubes, contribui para a violência. Esses torcedores se sentem protegidos, poderosos e acima das leis.
As contradições estão em toda a parte. É frequente ver pessoas, no futebol e em todas as atividades, participando de atividades solidárias, posicionando-se contra as injustiças e, ao mesmo tempo, tendo comportamento ganancioso e pouco ético no cotidiano.
Alguns grandes empresários, que se orgulham de seus trabalhos sociais, são os mesmos que pressionam e se aliam a políticos para serem beneficiados em seus lucros, prejudicando a população.
Como escreveu Ferreira Gullar, Lula tem um discurso para os ricos e outro para os pobres. Ocorre o mesmo em relação ao esporte.
O presidente fala uma coisa para os dirigentes e outra quando dá uma entrevista à ESPN Brasil, uma emissora independente e crítica.
Lula não pode nem deve mudar as regras do esporte por meio de decretos, mas pode influenciar mudanças nas leis, como a de acabar com a prática de dirigentes se perpetuarem no poder.
Na semana passada, o presidente do Vasco recebeu acusações e críticas. Roberto Dinamite se defendeu. Os fatos precisam ser apurados. Uma das críticas, confirmada por Dinamite, é a de que o clube paga um salário de R$ 9.500 para um parente. Como dizem os políticos, o presidente alegou que precisa de uma pessoa de confiança a seu lado.
No futebol, em todas as atividades e em todo o mundo, os que lutam pelo poder, alegando motivos nobres, costumam fazer as mesmas coisas que seus antecessores.
No Brasil, as irregularidades são mais frequentes, por causa da impunidade e da prática disseminada do jeitinho brasileiro.
Pior, mesmo as pessoas de bem se acostumam com tudo isso.
Poucas ficam indignadas com o absurdo da violência urbana e nos estádios, com os abusivos gastos no Pan-Americano, com as agress� �es entre os jogadores durante as partidas, com as pessoas que jogam lixo nas ruas pelas janelas de seus carros de luxo, que estacionam em filas duplas e com tantas outras coisas comuns no cotidiano.

16 fevereiro, 2009

Sobre os abusos das torcidas...

Até quando teremos que ver a barbárie tomar conta em cada clássico? Em São Paulo, não adiantou a polícia fazer a torcida do Corinthians esperar para sair do estádio, ainda assim a confusão foi enorme.
Aqui no Ceará é sempre um problema em dia de jogo, ontem tivemos que chamar a Ronda do quarteirão por causa de um quase assalto e eles disseram que em dia de classico fica difícil fazer qualquer coisa fora da área do jogo...

Esse pessoal de torcida organizada gosta de confusão? gosta...Mas também gostam de ir ao estádio assistir ao jogo....façam como mãe faz com filho quando quer dar um castigo, tirem deles o que eles mais gostam. Gastem o dinheiro que o povo paga pra poder ter segurança comprando camêras e identifiquem os bárbaros, proibam a entrada deles nos jogos e vamos ver se não melhora...no mínimo vamos saber quem são e poderemos agir...

Tem coisa que me tira a paciência...

10 fevereiro, 2009

Sobre as dores...

das dores menores a gente fala, as maiores a gente cala...

01 fevereiro, 2009

Primeira publicação

Participei de um Encontro internacional de platonistas em Brasília, em junho, e meu texto foi selecionado para publicação da Revista da Archai...

taí o link, pra quem se interessar:

http://archai.unb.br/revista/

29 janeiro, 2009

Viver
dolorosa travessia
entre o foi
e o virá
com vontades
e frustrações
no meio

23 janeiro, 2009

Sobre como os paulistas vêem o mapa do Brasil


Conversa com uma amiga da minha mãe, pouco tempo depois de eu ter vindo morar no Ceará:

Ela: e ai, ta gostando da Bahia?

Eu: To adorando, o Ceará, que é pra onde eu vim...

Ela: Ai, sei que ai é tudo lindo! sol, mar (até ai, tudo bem) acarajé, axé (ops!)

Eu; Pois é, até tem acarajé aqui, mas o melhor é o da Bahia

Ela: Ai, pois vê se arranja um baiano bem bonito ai pra mim!!!

Eu: Posso até tentar, mas acho que cearense seria bem mais fácil...

21 janeiro, 2009

Barak Hussein Obama


Jovem
Negro
Democrata
Canhoto

Gostaria muito de acreditar que os americanos realmente elegeram alguém novo, com idéias progressistas e preocupado com o bem público.

Que votaram em um filho de africano ( e que a cor da pele não tenha sido sequer motivo de discussão, por ser algo que não altera em nada o caráter ou a índole de alguém).

Que votaram em um homem nascido em um Estado pouco expressivo nacionalmente

Que ignoraram os mitos relacionados ao fato de alguém ser canhoto*

Que não associaram seu nome a "terroristas"

Mas, se assim fosse, não teríamos ouvido tanto falar na eleição do "Primeiro presidente americano negro".

Ou não saberíamos de que país da África seu pai é. Ou o que ele e a mulher tiveram que superar ao longo da vida para "chegar aonde estão".

Se os americanos tivessem realmente superado seu maniqueísmo nacionalista, a campanha de Obama não teria sido a mais cara de todos os tempos, e ele teria sido eleito mesmo se estivesse em um pequeno partido fora do "bipartidarismo oficial" americano.

Não acredito em salvadores, até porque é impossível algum tipo de salvação dentro do modo capitalista que rege o mundo. Sei que as pessoas do mundo estão vendo nele um Messias negro que irá salvar a humanidade do mal. Sei que pensam, em cada lugar do mundo, que ele irá fazer vigorar a lei dos direitos humanos e acabará com as guerras, gerando um período de paz mundial nunca antes visto.

Sei que cada um de nós deseja, no íntimo, que ele seja melhor que o Bush.

Mas, convenhamos, pior que o Bush é praticamente impossível.



*No antigo Egipto, o deus Set era chamado "o olho esquerdo do Sol" e era considerado o mal e o Diabo. Hórus, o deus da vida, era chamado "o olho direito do Sol".
No budismo Buda diz que o caminho para o Nirvana (o estado puro e da salvação) divide-se em duas partes: o da mão esquerda, que é a maneira errada de viver e deve evitar-se e, claro, o da mão direita, que é o caminho certo...
Nos países muçulmanos e na Índia, as pessoas não comem usando a mão esquerda, porque é com ela que se limpam depois de defecarem ... Só a direita é que é a "mão limpa", por isso só com ela é que podem comer.
O nome dado ao Diabo é Satanás. E diz o livro sagrado dos judeus (o Talmude) que o Diabo tinha um comandante, o príncipe dos demónios, cujo nome significava "o lado esquerdo". Como isso significava o Mal, o Bem tinha de ser o lado direito
Em várias línguas estas palavras têm (infelizmente) significados negativos:
latim - sinister - significa "sinistro, demónio".
italiano - sinistra - significa "esquerda".
romeno - bongo - significa "torto" ou "diabo".
inglês (termo escocês) - gawk-handed - significa "canhoto", mas gawk quer dizer "pessoa tola".
inglês (termo americano) - goofy é a pessoa que usa o lado esquerdo, mas também é usado para "pateta" e "trapalhão"
italiano - mancino - significa "canhoto", mas quer dizer também "pessoa desonesta".
francês - gauche - significa "esquerda", mas quer dizer também "pessoa desajeitada". Gaucher - significa "canhoto".
espanhol - zurdo - significa "canhoto", e "ir azurdas" quer dizer "ir na direcção errada".
russo - levja - significa "canhoto", é também um insulto e veio da expressão no levo que significa "mau", "vil". Quer também designar um traficante do mercado negro.
polaco - lewo - significa "canhoto", é também algo ilegal ou proibido.
alemão - linkisch - significa "desajeitado", links quer dizer "esquerda"...

19 janeiro, 2009

Filme brasileiro: Vingança

A seleção para a Berlinale 2009 de um filme brasileiro, cuja realização custou apenas 80 mil reais constitui, de fato, uma vingança do cinema independente nacional contra a ditadura do patrocínio - na feliz definição de Neville D´Almeida - instaurada pelas leis de incentivo à cultura vigentes.

O longa do gaúcho Paulo Pons, sugestivamente denominado “Vingança”, passaria despercebido não fosse a surpreendente iniciativa do Festival de Berlim, indubitavelmente um dos mais importantes de todo o mundo.

Rompe-se desta forma um paradigma basilar: é necessário e inevitável que o conceito de baixo orçamento seja reformulado urgentemente, no que concerne a produções do gênero, visando a futuros editais da Ancine e do MinC, bem como de todos os demais órgãos públicos atinentes à cultura.

Com “Vingança” como parâmetro, uma dúzia de filmes pode ser produzida com um milhão de reais, ao invés de apenas um.

Assim, torna-se premente e indispensável a criação de uma categoria de filmes de baixíssimo orçamento, cuja verba seja diretamente concedida pelo poder público, abolida a mediação do patrocinador subsidiado, figura caricata e surrealista típica de nossas plagas, um patente paradoxo, um modelo teratológico e claudicante do bestialógico institucional do Brasil, abominação suscitada pelo cínico emprego do princípio de renúncia fiscal no autêntico paraíso dos escroques em que (sobre)vivemos, onde o caixa 2 é a norma oculta e a burguesia só paga os tributos que bem

entende

15 janeiro, 2009

Minha turma de Pacajus



Escolher uma profissão com pouco reconhecimento, seja social ou financeiro, não é fácil. Enfrentar as dificuldades de uma nova carreira depois dos 30 anos, também não. Mas são fatos como os que aconteceram ontem que me fazem a cada dia ter a certeza de que fiz a escolha certa.

Foi a segunda disciplina que dei em Pacajus, uma na sequencia da outra, com o recesso do final do ano entre elas. Desde a primeira aula já identifiquei um grupo interessante e interessado, o que faz a alegria de qualquer professor (ok, dos que são interessados em trabalhar de verdade, não dos que só querem passar o tempo), mas ao longo das aulas comecei a ver que outros alunos passaram a se interessar mais e que aquilo que eu estava falando tinha algum reflexo. A sementinha que eu tento plantar parece que germinou, e ontem, ao finalizarmos a disciplina, recebi umas das maiores demonstrações de carinho que já tive. Me fez acreditar que vale a pena acreditar num mundo melhor, que as pessoas podem se superar e buscar algo novo e que nossa dedicação não foi em vão.

Infelizmente aqui não cabem todas as fotos tiradas, mas com certeza ficarão comigo...Num grupo cheio de artistas, ganhei uma retrato em preto e branco maravilhoso, dos melhores que já vi, um cordel contando um pouco da minha vida e muitos mimos, aos quais agradeço de coração...

Queria agradecer ao grupo de Pacajus pelos momentos maravilhosos que passei, não só ontem, mas durante toda a disciplina. Espero poder reecontra-los em breve....

O cordel (era filosofia viu gente, não psicologia...na especialização é que foi psicopedagogia :) ):

Venho lhes pedir agora
um pouco de atenção
pois vou falar de alguem
que foi so contradição

Ela eu pouco conheço
seu nome é Erika Bataglia
tem jeito de nome estrangeiro
parece que veio da Itália

Professora, vou pedir
licença pra contar
um pouco da sua história
que lhe ouvimos falar

sua família é italiana
gente bem tradicional
que quer tudo bem certinho
radicalismo total

Ela morava em São Paulo
na escola pública estudou
mas suas lições não fazia
pois sua mãe não deixava

tinha que cuidar da cada
e também de seus irmãos
mas as notas; as melhores
Ou já vinha o cinturão

Ao tornar-se adolescente
tinha uma grande paixão
era fã de carteirinha
do "nada crítico" Lobão

Essa paixão revelava
umensa contradição
com que a família pregava
Imaginem a confusão!

Fez fotos para modelo
só pra família irritar
pois não tinha pretensão
da carreira executar

Adolescente casou-se
talvez pra fugir de casa
teve um filho e separou-se
Agora sim, tinha asas!

Em uma empresa importante
começou a trabalhar
mas não era suficiente
pra sua vida completar

Foi transferida pra vir
trabalhar no Ceará
Então foi que descobriu
as voltas que a vida da

prestou vestibular
na faculdade ingressou
escolheu Psicologia
E com êxito se formou

Fez sua pós-graduação
e suas raízes fincou
Dentro da educação
que faz com imenso amor

está cursando mestrado
na área de Filosofia
foi buscar nos grandes sábios
inspiração e sabedoria

Para nós você é exemplo
de mulher batalhadora
e mais que isto, é espelho
de uma grande vencedora

Mas ela não é só isso
há o que se desconhece
se quiserem ver o que é
procurem na internet

Vamos dar apenas dicas:
Vocês conhecem a mulher-gato?
Não sei se é fantasia,
ou se de fato é seu retrato

é apenas brincadeira
desculpe a invasão
queremos é agradecer
por sua contribuição

Fica a nossa saudade
e nossa admiração
Por ter dado o seu recado
com tanta dedicação!

13 janeiro, 2009

Correria de início de ano

Sem férias, o ano em que terei que escrever uma dissertação começa quase como um caos...me mudei e ainda nao tive tempo pra arrumar as minhas coisas, e tenho a impressão que mesmo quando tiver tempo as coisas não estarão tão arrumadas assim (falta de espaço é algo que não imaginava ser tão preocupante). Tenho que me estruturar pra começar de verdade as leituras pra dissertação, mas as emergências do dia-a-dia me tomam e não me deixam tempo pra pensar...

Tenho que mudar isso, mas está difícil...

09 janeiro, 2009

do ano que terminou...

caos, dúvidas, sofrimentos e alguns (bons) momentos inesquecíveis, no pior e no melhor sentido...

o ano começou e não tenho muitas coisas pra falar, não parei de trabalhar ainda (bem).

to sem net, sem saco pras pessoas que não gostam de mim e fingem que gostam e menos ainda com vontade de escrever, entao, é isso...