Era uma vez um idiota. Depois de muitos anos idiotando perto de mim, o idiota consegue finalmente se aproximar, pegando no meu calcanhar de Aquiles, claro. Contra idiotas, eu sou boa, mas aquele foi um golpe baixo. Me pegou pela poesia.
Depois de muito tempo idiotando minha vida e de quem me cercava, o idiota, num rompante de sinceridade meticulosamente calculado para continuar me enganando, disse que aquele papelzinho com a poesia que havia me tocado tanto, na verdade não era de sua autoria, mas do Reginaldo Rossi. Fiquei surpresa. O tempo passou, o idiota morreu. Hoje, lendo poemas na internet, me deparei com um site com a letra de uma canção do Carlinhos Vergueiro, que contém partes daquele papelzinho...Completa, é muito mais bonita. Longe do idiota, então...
(Carlinhos Vergueiro)
O tempo, não é minha amiga,
Aquilo que você pensou,
As festas, as fotos antigas,
As coisas que você guardou,
Os trastes, os móveis, as tranças,
Os vinhos, os velhos cristais,
Lembranças, lembranças demais,
O tempo não para no porto,
Não apita na curva,
não espera ninguém,
Você vem deitar no meu ombro,
Querendo de novo ficar,
Eu olho e até me assombro,
Como pode esse tempo passar,
O tempo é areia que escapa,
Até entre os dedos do amor,
Depois há o vazio, é o nada,
É areia que o vento levou,
O medo correndo nas veias,
Deixou tanta vida prá traz,
E a gente ficou de mãos cheias,
Com as coisas que não valem mais,
E fica um gosto de usado,
Naquilo que nem se provou,
A gente dormiu acordado,
E o tempo depressa passou!
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