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08 setembro, 2011


Passou entre as pedras na areia que vão em direção ao mar. Os pés calejados de tantas andanças não sentiam a aspereza das pedras e o coração amortecido pela dor parecia não bater...seguia como pluma levada pelo vento sem pressa de chegar, tomado de uma inexplicável leveza que somente o entorpecimento é capaz de causar.

Uma leve brisa lançava seus cabelos desordenadamente em tantas direções quanto as que seu coração pretendia seguir. Todas as decisões tão arduamente tomadas pareciam grãos de areia sob as mãos molhadas na água salgada do mar, ínfimas partículas que se misturavam e se perdiam, tão pequenas que eram quase impossíveis de se ver.

Os pés chutavam a água que vinha com as ondas tentando mandá-las para longe, mas a água ignorava sua vontade e só voltava em seu balanço natural. Contra certas coisas não há força que valha mas mesmo assim seguia tentando. Sua crença era maior que as obviedades, e por mais que toda a verdade lhe fosse jogada como avalanche de areia, não conseguia, ainda assim, vitar sonhar...tinha raiva de si por ainda ter que lutar contra sentimento tão ignóbil, e em sua luta interna acreditava ganhar mesmo sabendo que a esperança ainda pairava naquele ar duro de fim de tarde.

As ondas que vinham já cobriam suas coxas e o caminhar era cada vez mais árduo. Em certos momentos flutuava levado pela água que depois pousava novamente seus pés no chão. Uma leve chuva começava a cair e rapidamente tornou-se tormenta, com suas gotas resvalando no mar e molhando ainda mais o seu rosto, confundindo os sais, da água e da lágrimas. Agora já estava quase coberto pelas ondas cada vez maiores que vinham e iam, com sua força excepcional. Os pés não mais tocavam o chão, os braços engolidos pela água boiavam ao seu lado, não havia mais motivo para tentar ter força, estavas a boiar quando uma leve vertigem tomou conta de seu corpo e o fez tombar. Morreu de angústia.

3 comentários:

Igor disse...

Lindo texto moça! Suas palavras são como o vento que bate no rosto a beira mar, num fim de tarde qualquer.

Aletheia disse...

obrigada mon ami...voltando aos poucos a escrever por aqui...

Anônimo disse...

Pois escreva, minha quirida!
E a impressão q dá é q tuas dores têm te inspirado mais do q qlqr outra coisa.
E vc viu o filme Melancolia? Belíssimo e cheio de dor, q nem teus textos.
Beijão.
Israel