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26 julho, 2011

sobre os meus 38 anos...


Mais um aniversário. 38 anos. Mais que um número, um marco. Para alguns, parece muito, a mim me parece pouco diante do que ainda tenho para (espero) viver.

Para alguns, parece pouco, a mim me parece muito diante de tanto que já vivi.

Filósofa que me faço, sofro com essa subjetividade, queria o universalismo que pretendiam os gregos antigos. Ao mesmo tempo, sou contemporânea e vivo e sinto cada palavra com toda a sua intensidade possível, sempre buscando respostas mas sempre compreendendo o quanto há de dito no não dito, o quanto não se diz e deveria ser dito, o quanto simplesmente não se diz. "Sobre aquilo que não se pode falar, deve-se calar", Estaria certo Wittgenstein quando o não dito é o sentido? É possível falar o sentimento?

38 anos e algumas conquistas, outras tantas derrotas e uma certeza: Eu sou melhor hoje que ontem, e serei melhor amanhã...Milagre? Não, não acredito em milagres, acredito em construção. Acredito em força, em determinação, em empenho. Nada na minha vida veio facilmente, cada pequena conquista tem uma história, cada história uma angústia e uma vitória, inclusive nas derrotas.

38 anos e há poucos deles mudei minha vida. Abandonei certezas improváveis e mergulhei no escuro como se não houvesse opção (e realmente não tinha). Mudei de vida, mudei de profissão, mudei de ideia, acertei, errei, em raríssimos momentos me arrependi mas tal arrependimento não foi pelo que me tornei, foi pelo que perdi, pessoas que se foram por não terem mais em mim o porto seguro que as confortava em tantas situações. Perdi, na verdade, o que não tinha, pois se realmente tivesse não haveria perdido. Mudei. Aceitei que mudassem. Me adaptei. Chorei. Chorei. Ainda choro pela distância do meu amor maior, apesar de compreender sua necessidade de distanciamento.

38 anos e como eu sorri. Em cada olhar atônito de um aluno que se surpreendia com algo que nunca havia pensado, em cada gesto de carinho de outros alunos que me tiveram por perto por apenas 15 dias, ou por um final de semana, ou por um semestre. Cada palavra de carinho, de agradecimento, de afeto, me davam cada vez mais a certeza da escolha certa.

Nesses anos todos me fiz e me refiz, me desfiz pra me reinventar, e a cada momento percebia que não são números que me definem. Tenho 8, 84, 2, 104, 26, e terei ainda 3 ou 83, dependendo do que sinto, do que vivo, do que quero...Aguardo os cabelos brancos para pintá-los, não para esconder o que sou, mas para me sentir mais bonita me refazendo. Espero as rugas se aprofundarem e ao invés de escondê-las vou sorrir ainda mais aberto para torná-las tão vivas quanto os anos que as esculpiram. Sou idiossincrática, sim, sou.

Não torneio o meu corpo apesar de saber que deveria, como frutas mas também bebo cerveja, bebo água mas não abandono o doce. Sei o que é certo e faço, mas as vezes não faço que é pra ter certeza que ainda sou dona de mim. Não cedo aos padrões mas me quero bonita, o problema é que o que é bonito pra mim, não o é pra todo mundo. Resolvi que ao invés de tentar agradar todo mundo vou agradar a mim mesma, e que as pessoas que se agradem de mim venham para perto, as que não, podem voar longe.

Escolhi viver e amar intensamente, a dar atenção aos detalhes e aos pequenos gestos e esquecer os grandes erros, meus e dos outros. Nem sempre é fácil, aliás, nem sempre é possível. Quero muito, cobro muito, vivo muito...me machuco e levanto, como criança pequena que precisa seguir em frente sem nem olhar para trás. Mas também estendo a mão para aqueles que ao cair pensam que não há mais saída. Sou intensa, e com isso sou chata. Crítica. Espontânea, falo demais e me exponho demais, já sofri por isso, mas o sofrimento não foi tão forte que me fizesse querer mudar. Prefiro ser assim. "Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim". Meu mundo é hoje. Mas não sou determinada, não uso essa frase para explicar meus erros, vivo em busca dos acertos. Sou contraditória, já disse isso? Sou una e sou múltipla, aliás,"Sou um olhar atento às menores coisas, um sorriso aberto aos toques de delicadeza, a palavra dita ou suspirada...sou una e sou múltipla, sou música e melodia, paixão e nostalgia, sou quem eu quiser"

Nestes 38 anos fiz algumas escolhas, mudei de rumo e me superei. Deixei para trás quem não me queria, ou me queria de um jeito que não me bastava. Não aceitarei os que vierem com o mesmo intuito, deixarei os que porventura me convençam e me decepcionem, deixarei a todos e isso não é pedantismo, é compartilhar a liberdade, é viver em busca de uma verdade que até pode mudar posteriormente, mas que tem que ser respeitada, compartilhada.

Eu cuido de mim e não preciso que ninguém faça isso. Por conta dessa liberdade, posso me dar o prazer de me deixar ser cuidada por alguém. Alguém que me queira idiossincrática, bipolar e esquizofrênica às vezes (nem sempre culpa da TPM). Aliás, não uso mais essa palavra, culpa...Sartreanamente estou condenada a ser livre, e cada escolha trás consigo toda as consequências e suas oportunidades pseudoperdidas. Só existe o ter em função do não-ter. O que eu tenho necessariamente me faz não ter algo. Pretendo continuar tendo a escolha do que pretendo não ter em função do ter.

Antes do outro, tenho a mim mesma, e hoje, mais do que nunca, isso me basta.

6 comentários:

Amanda disse...

Viva aos seus 38 anos e todos os outros que virão!

Val disse...

Vc disse que esticou? Nan! O texto está a mais pura verdade! Parabens, minha amiga! Que venham outros, que continuemos juntas!

Anônimo disse...

Dentre as muitas coisas bonitas q já li suas, essa foi a mais bela delas! Tenho grande orgulho de te ter como amiga.
E da minha vida, só me arrependo de ter me faltado em alguns momentos essa coragem q te sobra.
Beijão.
Israel

Aletheia disse...

Meus queridos, obrigada por esse carinho de sempre...e Israel, não lhe faltou coragem quando você de fato precisou dela...amo voces...

Unknown disse...

Linda Narrativa

Unknown disse...

Amei a parte que fala: 38 anos e algumas conquistas, outras tantas derrotas e uma certeza: Eu sou melhor hoje que ontem, e serei melhor amanhã! Vou copiar e colocar na minha mesa de niver! Amei seu texto.