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26 novembro, 2009

De Taperoá para o mundo, sem sair do Brasil


A felicidade das coisas simples é algo maravilhoso. Em meio a tempos tão turbulentos, sentar e ver a bela imagem de um senhor simpático e sagaz, de voz rouca mas suave, com uma memória incrível do alto dos seus 82 anos é um alívio para as dores do corpo e da alma.

Ariano me deixa sempre a sensação de ser um parente querido, daqueles que a gente vê pouco mas a cada reencontro parece ter estado por perto o tempo todo. Sua fala graciosa não priva das críticas aquilo que deve ser criticado, mas o faz de maneira tão leve que faz corar quem não concorda com ele. A impressão que me deu é que quem acha que a banda Calipso é a cara do povo brasileiro deve ter ficado sem graça ao ouvir aquele homem mostrar de maneira tão delicada mas consciente que esse é um grande erro. Banda Calipso e Xinbinha não podem ser o retrato de um povo. Falar que ele é genial! E Bethoven, é o que? O trecho da música que ele cantou da banda mostra o quanto temos nosso espaço invadido o tempo todo por "bandas" como essas, e como elas não nos trazem nada de novo. E o pior, segundo ele, é que seu neto disse que tem coisa muito pior. Ele disse que nem podia imaginar o que seria pior! Eu fiquei com a grata satisfação ao constatar que alguém como ele falou o que eu sempre disse, mas quando falo parece crítica boba. Eu disse uma vez que depois que ouvi um forró que dizia "vamos juntar o mijador com o mijador" eu desisti de ouvir esse tipo de forró, mesmo alguns alunos dizendo que tem coisa muito pior...concordo com Suassuna, se tem pior, me poupem!

Gracioso, delicado, sagaz, crítico, amoroso...sua declaração de amor à mulher com quem divide a vida há 60 anos foi belíssima. Ele disse que a pobre não deve aguentar mais ouvi-lo falando sempre a mesma coisa, há tanto tempo. Eu duvido. Ouvir Ariano nunca deve ser tedioso.


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