Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

17 outubro, 2009

Enochatos

Qualquer pessoa que queira mostrar que sabe mais que outra me incomoda, mesmo as que sabem mesmo. Passar anos nos corredores, bares e salas de aula da Filosofia me fizeram detestar mais ainda aqueles que se sentem superiores por, durante diálogos monologais*, recitarem trechos de livros que hoje já estão disponíveis em sites especializados em frases de famosos, muitas vezes com erros absurdos.

Da mesma forma acho muito chato, num debate filosófico ou não, alguém sentir prazer quando encontra na fala do outro algum engano, e usa este engano para se mostrar superior. Querer ser melhor comparando-se a um pior é um tremendo equívoco.

Agora, o que vem me incomodando ultimamente são os enochatos. Você já deve ter ouvido falar deles, aqueles sabichões que estudam vinhos e, diante de uma bela garrafa, ficam recitando os aromas, os fundos e um monte de outras besteiras a 99% dos mortais que, como eu, não tem as papilas gustativas tão desenvolvidas para perceber tão sutis diferenças.Mais chato é a tal harmonização, que hoje parece ser algo mais importante que a paz no Oriente médio. Até programas de TV especiais sobre o assunto já existem. Ok, é legal degustar um bom prato com um vinho bom, o que não dá é pra limitar tal prato a tal vinho, tornando uma heresia sem perdão qualquer outra opção. Eu já comi peixe tomando vinho tinto, prefiro o branco, claro, mas na falta daquele não pensei duas vezes. Até porque o peixe era bem forte e temperado. Dá vontade de falar isso pra um desses enochatos só pra ver a cara de nojo que ele iria fazer.

Quem aqui nunca tomou uma taça de vinho super recomendado e achou horrível que atire a primeira rolha! Vinho bom é aquele que faz a gente sentir vontade de beber mais uma taça, que faz a gente ficar com um gosto bom na boca, que faz a gente relaxar num papo com amigos. Meus amigos gostam do Mioranza, um vinho barato e bem gostoso. Eu prefiro os mais encorpados, mas não vou deixar de beber outro. Como não sou alcoólatra, o vinho é um coadjuvante de um conjunto de prazeres, como cozinhar para os amigos, e, hoje e sempre, o prazer mais importante é o do bom papo. Para um enochato, se o vinho não combinar como o dna de gêmeos siameses ele deve se levantar e ir embora! Pois que vá!

E viva a leve a ótima sensação de beber um bom vinho com a companhia ideal! Infelizmente, hoje aqui em casa não tem uma garrafa sequer! Quem sabe eu venço a preguiça e saio pra comprar uma...

*isso deve ser um neologismo também, é como eu consegui ilustrar aquelas conversas onde várias pessoas falam quase ao mesmo tempo e onde um não presta atenção ao que o outro diz, tentando impor sua opinião sem dar chance ao outro de debater!

Um comentário:

Val disse...

ÊÊÊ! Mioranza tá chique, já merece até citação da Erika!! hehehe. Bjo, tentando tirar o atraso da leitura do blog =P