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08 setembro, 2011


Passou entre as pedras na areia que vão em direção ao mar. Os pés calejados de tantas andanças não sentiam a aspereza das pedras e o coração amortecido pela dor parecia não bater...seguia como pluma levada pelo vento sem pressa de chegar, tomado de uma inexplicável leveza que somente o entorpecimento é capaz de causar.

Uma leve brisa lançava seus cabelos desordenadamente em tantas direções quanto as que seu coração pretendia seguir. Todas as decisões tão arduamente tomadas pareciam grãos de areia sob as mãos molhadas na água salgada do mar, ínfimas partículas que se misturavam e se perdiam, tão pequenas que eram quase impossíveis de se ver.

Os pés chutavam a água que vinha com as ondas tentando mandá-las para longe, mas a água ignorava sua vontade e só voltava em seu balanço natural. Contra certas coisas não há força que valha mas mesmo assim seguia tentando. Sua crença era maior que as obviedades, e por mais que toda a verdade lhe fosse jogada como avalanche de areia, não conseguia, ainda assim, vitar sonhar...tinha raiva de si por ainda ter que lutar contra sentimento tão ignóbil, e em sua luta interna acreditava ganhar mesmo sabendo que a esperança ainda pairava naquele ar duro de fim de tarde.

As ondas que vinham já cobriam suas coxas e o caminhar era cada vez mais árduo. Em certos momentos flutuava levado pela água que depois pousava novamente seus pés no chão. Uma leve chuva começava a cair e rapidamente tornou-se tormenta, com suas gotas resvalando no mar e molhando ainda mais o seu rosto, confundindo os sais, da água e da lágrimas. Agora já estava quase coberto pelas ondas cada vez maiores que vinham e iam, com sua força excepcional. Os pés não mais tocavam o chão, os braços engolidos pela água boiavam ao seu lado, não havia mais motivo para tentar ter força, estavas a boiar quando uma leve vertigem tomou conta de seu corpo e o fez tombar. Morreu de angústia.

06 setembro, 2011

sobre os sonhos e as fantasias...



Sonho não é fantasia
quando à paixão renuncia
por uma amor verdadeiro
que pode não ser o primeiro
ou derradeiro...


sobre os erros e os acertos...


Se você errou, peça desculpas, mas sinceras, fingir que se arrependeu não adianta.

Se errou, veja onde errou e conserte o erro, e a única forma de fazê-lo é sendo sincero a respeito dele.

Se acha que a pessoa exagerou por não acreditar que você é o centro do mundo e que o seu problema é maior que o de todo mundo, e que por ser grande demais você tem o direito de desrespeitar, tripudiar e ignorar a dor alheia, peça desculpas veementemente. Nada justifica sua intolerância.

Se tudo não passou de mal entendido, lembre-se que nós seres humanos usamos a linguagem como forma de nos comunicarmos e por si mesma a linguagem é relação, e não coisa em sí, e portanto pode ser falha. Seja claro, não fale nas entrelinhas, não espere que o outro adivinhe que depois de fazer uma grande besteira você percebeu isso e quer ser perdoado (muitas pessoas não conseguem nem falar essa palavra, sentem que serão menores ou menosprezadas por isso, e isso não é verdade, aceitar um erro é ser mais sábio que aquele que continua encontrando justificativas superficiais para ele), ou pior, que no fundo a pessoa quer que você finja que nada aconteceu. Pior erro comete aquele que não consegue compreender isso.

As pessoas erram, mas permanecer no erro é bobagem e tem consequências. Se a sua felicidade futura depende de refazer seus trajetos e mudar os rumos, mude, mas mude logo porque o tempo passa rápido e quando você perceber pode ser tarde demais.

Não adianta pedir para a pessoa ignorar o que passou, falem, discutam, briguem e sigam em frente. Fingir que algo não aconteceu nunca fez o problema desaparecer...em algum momento a sujeira sai de baixo do tapete e normalmente não há como colocá-la de volta. Melhor limpar logo toda a sujeira.

Certas coisas, por óbvias que são, não precisam ser ditas. Se você quer esquecer algo, a melhor forma de começar é não falando disso.

Certas coisas, mesmo óbvias, precisam ser ditas. Por mais que alguém saiba do amor do outro, é preciso demonstrar, e demonstrar de novo, e fazer de novo...Não há nada que dure para sempre, mas se for infinita enquanto durar, já é de grande valor. O poetinha tinha razão. Mas se acabou, acabou. Siga em frente e guarde pra si suas lembranças. Todo mundo as tem mas nem todos ficam expondo isso o tempo todo.

Se gosta dos seus amigos, diga a eles. Eu amo meus amigos que são mais que irmãos para mim. Eles serão sempre meu porto seguro em cada uma das minhas navegações, precisas ou não precisas. Eles entendem meus erros, compreendem minhas angústias e não as usam para me diminuir. Só isso já faz deles o bem maior que há no mundo.

Se escolheu um caminho, siga em frente. Fazer escolhas sempre é conquistar algo e perder algo. Não inventaram ainda jeito pra isso, e enquanto não inventarem, conforme-se. Eu sou a pessoa menos conformada do mundo, mas também entendo que certas coisas são indissolúveis. Se não depende de mim, paciência. Se depende, eu mudo. Faço e refaço o meu caminho, mas nunca olho para trás. Decisões tomadas, trajetos pensados, siga em frente.

Ouvir é das coisas mais difíceis para um ser humano mediano. Nós. Os sábios ouvem muito e falam pouco. Eu serei assim um dia.

Sua verdade, por ser sua, é importante, mas não é a única e provavelmente não é a melhor. Dialética é das coisas mais importantes que Platão inventou, e ele era um sábio. Pare de achar que sabe mais que todo mundo, humildade é fundamental.

O amor é o sentimento mais importante, mas sem respeito ele acaba. Seja pelo amigo, pelo filho, pelo amado...Amar é doar, e poucas pessoas estão prontas para isso. Se não estiver pronto, apresse-se. A vida passa e o que foi perdido nunca volta. Viver é viver agora.

05 setembro, 2011

...uma bailarina torta...


Baila baila bailarina

seu pax de deux ideal

baila bailarina baila

ri da vida, seja o sonho

rima pernas, braços e sorrisos,

lábios olhos e destino

enlaça em corpo ardente

desejoso de suas curvas

em suaves tons, vais e vem...

passa, volta, vive, solta

baila baila bailarina torta

mas só baila em fantasia

seja apenas noite, não dia

que só em fantasia baila

a fantasia de outrora

do pax de deux ideal

não torne pax de deux real

pois somente platonicamente

idealmente vive

quando ideal em real se torna

corta a carne e a fantasia é morta

e tu, bailarina torta


agora é somente bailarina morta...

02 setembro, 2011

sobre o não ser, sendo...


jogue sua alma na minha, jogue seu corpo no meu
não me tire a graça, caminha comigo, seja meu
só não me faça pensar, ouvir, falar
daquilo que já não posso
cada passo que dou é distância
não me leve de volta à lama
onde me entornas, exausto