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15 janeiro, 2011

A Casa de Asterion - Jorge Luis Borges

A Casa de Asterion: "O fato é que sou único. Não me interessa o que um homem possa transmitir a outros homens; como filósofo, penso que nada é comunicável pela arte da escrita"

sobre a bela Flor

Eu já falei aqui sobre o quanto o nome dela me toca...Florbela, doce e delicada, e Espanca...dolorosa realidade vivida...acho que nunca um nome foi tão pertencente a uma pessoa...



08 janeiro, 2011

sobre a beleza das palavras


Eu sou uma pessoa de muitas palavras. Posso passar horas falando sobre assuntos diversos, e adoro isso! Por outro lado, é um problema quando preciso sintetizar ideias em poucas palavras. usar o twitter tem sido uma forma de treinar isso, e acho que já consegui algum progresso...

Mas, apesar do progresso, uma coisa continua sendo um problema: Dar título às coisas!

Estou aqui matutando qual título deveria ter o livro que estou escrevendo com diversos amigos e parceiros, e simplesmente não me ocorre nada! Aí, pego um Rubem Alves e sua maestria nesse quesito! Que maravilha! Como ele consegue, em duas ou três palavras, sintetizar tanta coisa bela!

Resolvi lê-lo tentando me inspirar, e me deparo com outra grande escritora, das maiores desse Brasil, na epígrafe de seu livro:
No mistério do sem fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro:
no canteiro, uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta

Canção mínima - Cecília Meireles

sobre paliativos e filosofia


É, não adianta. Pílulas só dão conta de parte do problema, e olhe lá.

Tem gente que aprende a lidar com esses problemas com terapia, e eu acho muito válido. Eu uso a filosofia. Há quem diga que filosofar também é fazer terapia, então sigo aqui tentando remediar minha vida a partir do pensamento...

sobre idiotas e belas canções


Era uma vez um idiota. Depois de muitos anos idiotando perto de mim, o idiota consegue finalmente se aproximar, pegando no meu calcanhar de Aquiles, claro. Contra idiotas, eu sou boa, mas aquele foi um golpe baixo. Me pegou pela poesia.

Depois de muito tempo idiotando minha vida e de quem me cercava, o idiota, num rompante de sinceridade meticulosamente calculado para continuar me enganando, disse que aquele papelzinho com a poesia que havia me tocado tanto, na verdade não era de sua autoria, mas do Reginaldo Rossi. Fiquei surpresa. O tempo passou, o idiota morreu. Hoje, lendo poemas na internet, me deparei com um site com a letra de uma canção do Carlinhos Vergueiro, que contém partes daquele papelzinho...Completa, é muito mais bonita. Longe do idiota, então...



O Tempo
(Carlinhos Vergueiro)

O tempo, não é minha amiga,
Aquilo que você pensou,
As festas, as fotos antigas,
As coisas que você guardou,

Os trastes, os móveis, as tranças,
Os vinhos, os velhos cristais,
Lembranças, lembranças demais,

O tempo não para no porto,
Não apita na curva,
não espera ninguém,

Você vem deitar no meu ombro,
Querendo de novo ficar,
Eu olho e até me assombro,
Como pode esse tempo passar,

O tempo é areia que escapa,
Até entre os dedos do amor,
Depois há o vazio, é o nada,
É areia que o vento levou,

O medo correndo nas veias,
Deixou tanta vida prá traz,
E a gente ficou de mãos cheias,
Com as coisas que não valem mais,

E fica um gosto de usado,
Naquilo que nem se provou,
A gente dormiu acordado,
E o tempo depressa passou!

sobre as mulheres


Esta é para os homens:



Entenderam? Simples assim! =)

CE: Edisca apresenta espetáculo “Sagrada” | Economia do Nordeste: Tudo sobre negócios, empresas e investimentos

CE: Edisca apresenta espetáculo “Sagrada” | Economia do Nordeste: Tudo sobre negócios, empresas e investimentos

O belo trabalho da Edisca, que tem várias ex alunas minhas...vou dar um jeito de ir assistir!

07 janeiro, 2011

sobre o pensar


Graffiti: "Pensar incomoda"
Local: Rua Azevedo de Albuquerque, Porto
Data de registo: 9 de Setembro de 2010

“Pensar incomoda como andar à chuva, quando o vento cresce e parece que chove ma
is. Não tenho ambições, nem desejos. Ser poeta, não é uma ambição minha, é a minha maneira de estar sozinho”

Alberto Caeiro [Fernando Pessoa] - O Guardador de Rebanhos


Eu sempre soube que eu ia incomodar muita gente...sempre...mas não vou parar de pensar, nunca...

01 janeiro, 2011

sobre bom senso X senso comum

Eu gosto muito quando encontro pessoas que gostam de discutir assuntos os mais diversos, e acabei de deparando com uma pessoa assim no twitter, hoje. Seu nome é Mauricio, nós passamos boa tarde do dia discutindo o uso da palavra "culto" e "erudito" e ele escreveu um comentário sobre o meu texto no blog que eu reproduzo aqui (ele já está nos comentários, mas vou colocar aqui pra facilitar, já que pretendo continuar debatendo com ele)...Segue o texto dele:

Este debate me faz botar em pauta um outro termo, que eu acredito não ser usado da melhor forma. Em português temos o termo bom senso, que geralmente se faz correspondência ao termo em inglês "common sense", que traduzindo literalmente seria senso comum. Senso comum significa a percepção comum, ou seja, a percepção que a maioria das pessoas tem. É a "opinião da maioria", por assim dizer. No entanto, no meu ver, o "bom senso" deveria ser uma "percepção boa", ou seja, a mais lógica ou correta, e não a mais "popular". Posso imaginar que na maioria dos casos estas duas coisas chegam no mesmo resultado. No entanto, eventualmente, a opinião da maioria das pessoas não é a melhor alternativa. Por exemplo, a população querendo linchar o pai que supostamente jogou a filhinha pela janela do sexto andar. A maioria pode querer morte, mas o mais correto é punir de acordo com as leis. Neste caso fica claro o que eu acredito que deveria ser a diferença entre "senso comum" (matar o desgraçado por apedrejamento heheh ) e "bom senso" (prender e julgar normalmente). Nas minhas conversas com as pessoas ao meu redor, sou levado a crer que as pessoas realmente utilizam o termo "bom senso" no sentido de "senso comum", o que pode ser mais um caso de não usar o termo da forma mais adequada.

Eu gostaria muito de saber a tua opinião sobre isto. Não tenho nenhum título em filosofia ou letras. Acho que sou o objeto da tua tese de mestrado, querendo discutir coisas das quais não sou especialista. heheheh Mas, no meu ver, na pior das hipóteses eu vou aprender mais um pouco.

Aqui, segue meus pensamentos sobre o que ele disse:

Oi Mauricio! O seu nome é o mesmo de um grande amigo meu, espero ser um bom sinal!

Não precisa ser formado em filosofia para filosofar, você é prova disso! Acabou de fazer uma excelente colocação sobre um mau uso de palavras que, por estarem tão presentes em nosso meio, nem paramos para pensar sobre seus significados.

Meus estudos no mestrado foram sobre ética e política na filosofia antiga, especialmente em Platão. Minha hipótese era sobre a crítica que Platão fazia à democracia e aos sofistas. Resumidamente, ele dizia que, nas assembléias, enquanto para tratar de assuntos específicos se chamavam os especialistas, quando se tratava de falar sobre política, qualquer um podia dar a sua opinião e fazer valer tal opinião não se baseando na “verdade” da coisa, mas na retórica capaz de convencer a maioria, mesmo que aquilo não fosse o melhor para a cidade.

Explico: Se a cidade pretende construir um navio, a pessoa que vai opinar sobre isso é o construtor naval, se se pretende construir pontes, o arquiteto. Se um arquiteto quiser dar opinião sobre qual a melhor forma de se construir navios, ele será rechaçado, da mesma forma que um engenheiro naval não opina sobre pontes. Oras, diria Platão, se para assuntos como esses se procura sempre o embasamento de um especialista, por que no assunto mais importante, que é a política (já que dita os rumos de toda a cidade) qualquer pessoa pode tomar para si a palavra e convencer uma platéia incauta? Basicamente é uma crítica explícita à democracia. Eu colocaria que é mais ou menos isso que vivemos hoje. Não quer dizer que sou contra a democracia, ainda acho que, dentro do que teríamos como opção, é a menos ruim. O problema é que vivemos em uma pseudodemocracia onde uma pequena parcela da comunidade tem o domínio dos meios de comunicação e acaba dominando ideologicamente a maioria que vota sem conhecer de fato seus direitos e deveres, e quem está no poder pretende que esse cenário se mantenha para que eles possam se manter no poder (um resumo muito do parcial sobre o que eu estudei a respeito, só pra ilustrar minimamente).

Dessa maneira, apesar de cada cidadão brasileiro ter o direito de um, e apenas um, voto, e aparentemente possuir igualdade, na verdade o que acontece está muito longe de ser uma verdadeira democracia, já que esta pressupõe conhecimento, a “cultura” de que tanto falamos hoje. Se não for assim, a pessoa é facilmente manipulável.

Fiz toda essa preleção para falar sobre a questão do senso comum. Acho que você foi bastante feliz no que falou, e concordo plenamente. Nos acostumamos a achar que a opinião da maioria é a melhor, passamos a aceitá-la, nos deixamos levar por ela. O caso que você citou é muito claro e eu usei-o bastante em minhas aulas. Por mais que a pessoa tenha cometido um crime como aquele, nós, enquanto indivíduos, não temos o direito de fazer nada contra ele. Temos leis que devem ser seguidas se não quisermos voltar à barbárie. Não quer dizer que toda lei é boa e não pode ser melhorada, mas neste caso devemos mudar a lei (enquanto grupo, não individualmente), e não transgredi-la.

Sócrates fala, pela boca do Platão, sobre isso no seu livro Críton, onde a personagem homônima, seu amigo de longa data, tenta convencê-lo a fugir para se livrar da pena de morte que Sócrates recebera. Em belíssimas passagens Sócrates chama para um diálogo As leis, como se encarnadas, e trava com elas um debate sobre sua validade. Resumidamente, ele diz que a Lei em si não pode ser questionada, pois se assim fosse nenhuma lei seria reconhecida e assim não poderíamos viver em grupo. O que se pode fazer é questionar o bom ou mau uso destas, e, se for o caso, lutar em grupo para mudá-las. Isso me parece que foge um pouco às pessoas mais afoitas e menos atentas...Elas acabam agindo sem pensar, impulsionadas normalmente por um clamor popular que parece justificar a desordem...não quero dizer que devamos todos seguir cegamente qualquer regra, ao contrário, nesse sentido serei sempre subversiva, irei me contrapor ao status quo até que ele me mostre ser válido, mas não se pode fazer isso de qualquer maneira, tem que haver debate profundo para verificar a validade de qualquer ação.

Acredito que esta é uma das missões da filosofia, fazer com que as pessoas compreendam que não é porque a maioria apóia tal ou qual opinião que ela passa a ser verdadeira e válida. Há que se duvidar sempre. Neste sentido, melhor que o senso comum, seria o bom senso. Infelizmente, em um país como o nosso, ainda vence a maioria, que não tem acesso a uma educação séria e age por impulsos dogmáticos. O que podemos fazer, e o que eu tento fazer enquanto professora, é tentar ajudar cada vez mais pessoas a pensar por si e não acatar prontamente qualquer tipo de clamor popular. Não é fácil, mas é necessário.

sobre as más interpretações no Twitter

Escrever algo polêmico em 140 caracteres é pedir pra entrar em confusão não é? Mas eu não tenho mesmo muito freio e acabei entrando numa bola de neve que me fez inclusive ser citada em um blog de uma pessoa que eu não conheço, mas que fez a gentileza de me avisar sobre tal citação.

Vamos aos fatos, agora explicados em mais de 140 caracteres, mas ainda de maneira bem resumida e sob MEU olhar (não é egocentrismo, ou é, já que esse blog é meu e só quem escreve nele sou eu).

O Roger (do Ultraje a Rigor) postou no twitter que toda essa excitação pela nova presidente mulher, como se ser mulher fosse garantia de algum tipo de qualidade superior, é coisa de gente não culta. Vamos dividir aqui em duas partes:

1. Eu concordo. Ser mulher, negro, operário, ou qualquer outro rótulo de "excluídos" que queiram usar, acreditando que tal rótulo garanta a idoneidade da pessoa, é ignorância. E ignorância no sentido de ausência de conhecimento mesmo.

2. Eu não concordo com o uso do termo "culto". Prefiro erudito. Vamos aos motivos:

Em seu livro Convite à Filosofia, Marilena Chauí fala sobre isso. Resumidamente, é o seguinte: Para o homem, ao nascer, se tornar humano, ele precisa do outro para garantir a ele a posse da linguagem, dos atos, dos valores, etc, para garantir sua existência e suas características. Se um filhote de cachorro perde e mãe e é criado por um gato, ele continuará latindo, e não irá miar. Já o homem não. Existem casos registrados, como do menino encontrado na cidade de Aveyron, na França, no final do século XVIII, e Amala e Kamala, na década de 1920, mostra que pessoas que foram abandonadas e não tiveram contato com humanos (foram “criadas” por animais) não desenvolveram a fala, não andaram eretas, não sorriam ou choravam nem tinham valores morais. Agiam como os animais.

Ou seja, para se tornar de fato humano, o homem precisa se “humanizar”. E isso só é possível no meio de outras pessoas, portanto, no meio cultural. Sendo assim, todas as pessoas devem ser consideradas cultas já que elas são produtos de seu meio. Só falamos como falamos, comemos como comemos, julgamos como julgamos por estarmos no meio de certo tipo de cultura. Assim, existem culturas diferentes, mas não ausência de cultura.

E aquilo a que comumente chamados de ser culto, como sinônimo de ser instruído? No dizer de Chauí, o termo correto a ser utilizado deveria ser “erudito”. Assim, a cultura de um sertanejo é diferente de um comerciante, a cultura de um povo é diferente da de outro povo ou mesmo diferente de sua própria cultura, em épocas diferentes. Mas todas são igualmente, culturas. Dessa maneira, ainda segundo a autora, não se deveria falar em Cultura, no singular, mas em culturas, no plural. E erudita seria aquela pessoa instruída, “formada”, nos próprios termos do senso comum, que tem conhecimentos aprofundados em diversas áreas.

Um seguidor dele me disse que no Aurélio o termo culto tem como sinônimo o termo instruído. Chauí discorda desse uso. Filosoficamente e Sociologicamente, eu concordo com ela. Mas, obviamente, não quer dizer que essa é a única verdade.

Sempre fui fã do Ultraje, desde os meus 8/9 anos (e lá se vão mais de 28 anos, ou seja, quase o tempo de existência da banda) e gosto particularmente do Roger. Não quis fazer “trollagem”, termo que acabei de aprender durante tal discussão, polemizando com ele e com os seus vários “defensores”, mas também não podia deixar de tentar esclarecer isso. Felizmente o Roger tratou toda a questão com muita gentileza, um certo quê de ironia em alguns momentos mas completamente educado, coisa difícil quando se trata de desacordos ideológicos que ocorrem no twitter.

Outra coisa, ao tentar me explicar, usei minha titulação. Não fiz isso por esnobismo, mas para tentar mostrar que sobre aquele assunto, eu tinha certa erudição. Se estamos falando de questões filosóficas ( ou sociológicas) eu me dou ao direito de abrir o debate. Se forem falar sobre o superávit primário eu me recolheria ao meu estado de mera expectadora, com parcos conhecimentos, e tentaria aprender. Ou sobre moda, ou sobre zen budismo, ou sobre qualquer outro tema que eu não domine. Minha dissertação de mestrado falava exatamente sobre a crítica que Platão fazia a esse tipo de pessoa que quer falar sobre qualquer tipo de assunto como se fosse especialista. Como nas relações da internet nós falamos sobre diversos assuntos com quem mal conhecemos, acho natural dizer que eu estava dando opinião sobre o assunto com base em algo academicamente fundado. Não quer dizer que tenho a verdade, ao contrário, enquanto amante da sabedoria, acepção grega da palavra filosofia, pretendo aprender sempre e nunca achar que tenho as respostas. Mas nunca vou parar de buscá-las.

Apesar de tudo, adorei o debate, as críticas e as possibilidades de conversas interessantes que surgiram. Que venham outras tantas polêmicas.