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25 junho, 2010

ainda sobre o perrenge DungaXGlobo

Exatamente o que eu gostaria de dizer sobre essa patética tentativa da Globo de se colocar acima do Dunga mas não tive tempo de escrever:

Se não quiser ler tudo, leia ao menos a última parte: Final de uma era:


Jornal de Debates
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DUNGA vs. GLOBO
O fim do besteirol esportivo

Por Leandro Fortes em 24/6/2010

Reproduzido do blog do autor, 24/6/2010; título original "A nova Era Dunga: o fim do besteirol esportivo"

Foi na Copa do Mundo de 1986, no México, com Fernando Vanucci, então apresentador da TV Globo, que a cobertura esportiva brasileira abandonou qualquer traço de jornalismo para se transformar num evento circense, onde a palhaçada, o clichê e o trocadilho infame substituíram a informação – ou pelo menos a tornaram um elemento periférico.

Vanucci, simpático e bonachão, criou um mote ("Alô, você!") para tornar leve e informal a comunicação nos programas esportivos da Globo, mas acabou por contaminar, involuntariamente, todas as gerações seguintes de jornalistas com a falsa percepção de que a reportagem esportiva é, basicamente, um encadeamento de gracinhas televisivas a serem adaptadas às demais linguagens jornalísticas, a partir do pressuposto de que o consumidor de informações de esporte é, basicamente, um retardado mental.

Por diversas razões, Vanucci deixou a Globo, mas a Globo nunca mais abandonou o estilo unidunitê-salamê-minguê nas suas coberturas esportivas, povoadas por sorridentes repórteres de camisa pólo colorida. Aliás, para ser justo, não só a Globo. Todas as demais emissoras adotaram o mesmo estilo, com igual ou menor competência, dali para frente.

Musa da Copa

Passados quase 25 anos, o estilo burlesco de se cobrir esporte no Brasil passou a ser uma regra, quando não uma doutrina, apoiado na tese de que, ao contrário das demais áreas de interesse humano, esporte é apenas uma brincadeira, no fim das contas. Pode ser, quando se fala de handebol, tênis de mesa e salto ornamental, mas não de futebol.

O futebol, dentro e fora do país, mobiliza imensos contingentes populacionais e está baseado num fluxo de negócios que envolve, no todo, bilhões de reais. Ao lado de seu caráter lúdico, caminha uma identidade cultural que, no nosso caso, confunde-se com a própria identidade nacional, a ponto de somente ele, o futebol, em tempos de Copa, conseguir agregar à sociedade brasileira um genuíno caráter patriótico. Basta ver os carros cobertos de bandeiras no capô e de bandeirolas nas janelas. É o momento em que mesmos os ricos, sempre tão envergonhados dos maus modos da brasilidade, passam a ostentar em seus carrões importados e caminhonetes motor 10.0 esse orgulho verde-e-amarelo de ocasião. Não é pouca coisa, portanto.

Na Copa de 2006, na Alemanha, essa encenação jornalística chegou ao ápice com a idolatria forçada em torno da seleção brasileira pentacampeã do mundo, então comandada pelo gentil Carlos Alberto Parreira. Naquela Copa, a dominação da TV Globo sobre o evento e o time chegou ao paroxismo. A área de concentração da seleção tornou-se uma espécie de playground particular dos serelepes repórteres globais, lá comandados pela esfuziante Fátima Bernardes, a produzir pequenos reality shows de dentro do ônibus do escrete canarinho. Na época, os repórteres da Globo eram obrigados a entrar ao vivo com um sorriso hiperplastificado no rosto, com o qual ficavam paralisados na tela, como em uma overdose de botox, durante aqueles segundos infindáveis de atraso de sinal que separam as transmissões intercontinentais. Quatro anos antes, Fátima Bernardes havia conquistado espaço semelhante na bem sucedida seleção de Felipão. Sob os olhos fraternais do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, foi eleita a musa dos jogadores, na Copa de 2002, no Japão. Dentro do ônibus da seleção. Alguém se lembra disso? Eu e a Globo lembramos: estáaqui.

Fim de uma era

O estilo grosseiro e inflexível de Dunga desmoronou esse mundo colorido da Globo movido por reportagens engraçadinhas e bajulações explícitas confeitadas por patriotadas sincronizadas nos noticiários da emissora. Sem acesso direto, exclusivo e permanente aos jogadores e aos vestiários, a tropa de jornalistas enviada à África do Sul se viu obrigada a buscar informações de bastidores, a cavar fontes e fazer gelados plantões de espera com os demais colegas de outros veículos. Enfim, a fazer jornalismo. E isso, como se sabe, dá um trabalho danado.

Esse estado de coisas, ao invés de se tornar um aprendizado, gerou uma reação rançosa e desproporcional, bem ao estilo dos meninos mimados que só jogam porque são donos da bola. Assim, o sorriso plástico dos repórteres e apresentadores se transformou em carranca e, as gracinhas, em um patético editorial.

Dunga será demitido da seleção, vença ou perca o mundial. Os interesses comerciais da TV Globo e da CBF estão, é claro, muito acima de sua rabugice fronteiriça e de sua saudável disposição de não se submeter à vontade de jornalistas acostumados a abrir caminho com um crachá na mão. Mas poderá nos deixar de herança o fim de uma era medíocre da crônica esportiva, agora defrontada com um fenômeno com o qual ela pensava não mais ter que se debater: o jornalismo.

24 junho, 2010

As coisas são bonitas nos olhos de quem acha


A divulgação do vídeo que nossa querida amiga Juw fez...Na Mostra Olhar do Ceará, no Dragão, domingo!

sobre a boca e o novo acordo ortográfico


É um contrassenso. Agora se escreve assim.

Gosto da palavra contrassenso. Segundo o Aurélio: con.tras.sen.so. Substantivo masculino. Dito ou ato contrário ao bom senso. Gosto porque a uso quando vejo coisas absurdas por ai, e não são poucas vezes.

Uso muito essa palavra. Mas ela ficou tão feia assim! Não gosto muito de palavras feias de ler ou feias de falar. "Boca", por exemplo, é bonita de ver e mais ainda de falar..."boca", parece uma pequena explosão entre o "ó" e o "ca", sem contar seu teor sensual, é uma palavra sensual.

Contrassenso é bom de falar, mas feio de ver, parece palavra que não existe, a gente fica na dúvida se é assim mesmo que se escreve...Ah, gosto das palavras simples, "boca", por exemplo, é simples, e é linda...tenho pensando nessa palavra nos últimos dias..."boooca"...a gente tem que fazer um biquinho pra falar, dependendo do local e do teor alcoólico isso pode ser explosivo...é, sem dúvida, a simplicidade pode ser extremamente sexy. E sexy também é uma palavra bonita de ver e de falar...sexy...

20 junho, 2010

sobre as vantagens de usar o Twitter

Muita gente me pergunta o motivo pelo qual eu uso o twitter, já que tenho tão pouco tempo. Talvez exatamente por isso ele seja interessante no meu caso. Como não tenho tempo para ficar procurando coisas interessantes na net, eu sigo amigos interessantes que tenho e que disponibilizam os links do que vale a pena ser lido/visto/enviado. Thanks Babita e Val por esse texto que diz exatamente o que penso sobre a Veja.

sobre Cala bocas e Saramagos

sáBADO, 19 DE JUNHO DE 2010Copa 2010 | 17:03

A ERA DO GRUNHIDO

O Brasil tem uma revista semanal, “Veja”, que se considera a maior do país. Deve até ser mesmo, sei lá quais são os critérios, não sei quantos leitores tem, quanto fatura, não me interessa. Deixei de assinar essa porcaria anos atrás, já não me lembro se por algum motivo específico, ou se foi, apenas, porque um dia peguei na porta de casa e me espantei: eu ainda gasto dinheiro com esta merda?

Tal revista perdeu a relevância, para estabelecer um marco, depois da queda de Collor de Mello. Naqueles anos de impeachment, as semanais deram vários furos, foram importantes, descobriram coisas. Depois, sumiram. Hoje, a “Veja” é reduto de uns caras chiliquentos como Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes. “Ah, você não lê, como sabe?”, vai perguntar alguém.

Eu de tudo sei, tudo conheço. Piadinha interna.

Mas não quero falar aqui dessas figuras ridículas que acham que escrevem bem e que se julgam parte de algum grupo de pensadores contemporâneos, já que são cheios de fazer citações by Wikipedia e com elas impressionam seus leitores babacas. O que escrevem e dizem, para não ofender demais, repercute entre eles três e seus leitores babacas, todos compartilhados. Eles detestam o Lula e o PT, e é tudo que conseguem exprimir com sua verborragia enjoativa e padronizada. Mas dali não sai, suas opiniões e ataques histéricos contra o que chamam de esquerda brasileira não têm importância alguma, não produzem eco algum.

Só que a capa da “Veja”, embora a revista seja uma droga indizível, tem importância, sim. Afinal, ela é vista por alguns milhões de pessoas, repousa amarrotada durante meses em mesinhas de consultórios médicos, dentistas e despachantes, e as pessoas a notam nas bancas de jornais, ao lado de mulheres peladas. E algumas pessoas ainda puxam assunto em mesas de bares e restaurantes dizendo “li na ‘Veja’”, e tal. São os “formadores de opinião”. Uau.

E aí aparece aqui na minha frente, no estúdio da rádio, a ”Veja” que foi hoje às bancas. Na capa, “CALA BOCA GALVÃO”, uma foto do narrador da Globo, e está dada a senha para uma pretensa reportagem séria de sete páginas, um “box” e três gráficos sobre o poder do Twitter, motivada por uma bobagem infanto-juvenil que nem os “tuiteiros” levam muito a sério, lançada no dia da abertura da Copa. Aliás, nem o Galvão levou a sério, claro, porque discutir um uma “hashtag” de Twitter é como sugerir um seminário para analisar a musicalidade de uma vuvuzela, ou um congresso sobre comunidades bizarras do Orkut.

Ontem morreu José Saramago. O maior escritor da língua portuguesa mereceu desse semanário indefensável meia página, com uma foto e uma legenda editorializada, porque ”Veja” tem opiniões formadas até sobre índice e numeração de páginas. Diz a legenda: “ESTILO E EQUÍVOCO”, reduzindo Saramago a isso, a alguém que tinha estilo e era equivocado, para atacar as posições políticas e religiosas do escritor, comunista e ateu.

Alguém ser comunista e ateu, para a “Veja”, é algo mais condenável do que estuprar a mãe no tanque. “Ao lado da criação literária, manteve-se sempre ativo, e equivocado, na política”, diz o texto pastoso, que nem assinado foi. Uma pobreza jornalística inacreditável. “Nos países cujos regimes ele defendia, nenhum escritor que ousou discordar teve o luxo de uma morte tranquila”, encerra o autor. Como é que alguém pode escrever uma merda desse tamanho? Será que essa gente não tem vergonha do que coloca no papel?

Pois todas as palavras ditas e escritas por Saramago, capaz de obras-primas da literatura universal como “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, “Ensaio Sobre a Cegueira”, “Todos os Nomes”, “Memorial do Convento”, “Caim”, “Jangada de Pedra”, mereceram da “Veja” meia página, enquanto três palavras bobas espalhadas pelo Twitter foram parar na capa da revista e em sete de suas páginas.

O que mais me atormenta, quando vejo essas coisas, é saber que graças a decisões editoriais como essa, uma babaquice como o “CALA BOCA GALVÃO” assume, diante dos olhos e do julgamento dos retardados que levam tal revista a sério, uma importância bem maior do que a vida e a obra de Saramago.

Saramago pedindo um café a sua esposa tem mais conteúdo, provavelmente, do que todas as edições juntas de “Veja” dos últimos 15 anos. Ele tinha razão, quando falava do Twitter — não se enganem, Saramago tinha até blog, não era um velhote vivendo numa caverna. Numa recente entrevista por e-mail a “O Globo”, disse: “Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido”.

Pois a “Veja”, hoje, inaugurou a era do grunhido impresso.

Autor: Flavio GomesTags: , ,

sobre os pseudo-filósofos e a morte de Saramago

  1. Besteiras ditas pelo pseudofilósofo Paulo Giraldeli no twitter:
    Vaticano diz que Saramago era um "populista extremista". Eu acho que o Vaticano errou, Saramago era apenas um impostor estalinoide.
  2. A língua portuguesa teve um gênio da literatura: Machado de Assis.
  3. Percebemos quando uma pessoa sabe o que é literatura quando ela lê Machado, e sabemos que não entende quando gosta de Saramago.
  4. A literatura em língua portuguesa teve um gênio: Machado de Assis. E teve um impostor: Saramago.
  5. Saramago finalmente parou de escrever. Deus, mesmo não existindo, nos abençoou!
  6. Saramago está vagando, morto, procurando Deus. E Deus está se escondendo dele, pois o cara era muito chato mesmo!

    Deus não existe, mas só para poder dar um "pedala robinho" na cabeça vazia do Saramago, ele se auto-criou durante alguns dias.


Não tenho problemas com a filosofia pop, desde que seja realmente parte de uma reflexão profunda, tentando tocar as pessoas para tentar melhorar o mundo, acho bacana...o que não dá pra aguentar é filósofo que não consegue ver além do próprio nariz...

Eu, sempre que posso, mudo de opinião. Acho importante. Sou contra toda forma de determinismo, e se for pra melhorar, mudo mesmo. Mas tem gente que, ou não conhece nada, ou só quer aparecer, ou as duas coisas...mas, não nesse caso. O que me pareceu estupidez um dia, se confirmou:

Tem um tal de Paulo Giraldeli que se diz filósofo. Lembro que na época da graduação alguém me falou pra não cita-lo na minha monografia, não era muito bem visto pela academia. Achei besteira, mas acabei eliminando a citação por outros motivos.

Nesta semana o tal filósofo mais uma vez me mostrou que não tem muito a dizer...Com a morte do Saramago, querendo aparecer, resolveu criticar os que dizem ter perdido um grande escritor da língua portuguesa, dizendo que grande escritor mesmo foi o Machado de Assis. Não tenho dúvida que Machado é fantástico, assim como Fernando Pessoa E Saramago. Além de grande escritor, admiro sua coragem e capacidade de se indignar com as mazelas do mundo. Sempre fiquei admirada com sua força, sua generosidade, sua clareza, sua dedicação, sua luta por um mundo melhor para todos, com sua busca por justiça ( e sempre fez isso não porque deus queria, mas porque era certo). Era ateu e comunista. E daí? Precisa ser crente pra ser bom? (tantos exemplos teríamos agora que provam o contrário...). Dizem que gosto não se discute. Depois de boquinha da garrafa, dança da motinha e Rebolation alguém ainda poderia dizer isso? Eu discuto gosto sim. Li/Leio Machado e Saramago. Ambos são sensacionais.

Ah, escrevi para ele dizendo que achava estranho alguém se dizer filósofo e ter tal atitude...ele respondeu assim:
    Eu sou filósofo. E você é Loira.


Adorei a resposta, reforçou ainda mais o que eu já pensava a seu respeito. Mas, como ser humano que sou, não podia deixar de responder a ele no mesmo nível:

  1. Eu sou filósofa. E loira.
Ainda sobre a morte de Saramago, a presidenciável Marina Silva teve a infeliz ideia de fazer um comentário dizendo que é uma blasfêmia tanta gente se importar com a morte de um ateu...

Respeito quem tem suas crenças mas também exijo que respeitem as minhas. Uma pessoa ser atéia ou não não deveria ser motivo para os gnósticos tentarem minimizar a importância da luta, da coerência e da grandiosidade de alguém como Saramago. Não sou atéia mas tem hora que dá vontade de ser só para combater com ainda mais força quem se acha superior e tenta impor sua crença aos outros. Pelo mesmo motivo já pensei em ser lésbica ou negra, mas por motivos óbvios isso era inviável...

Fiquei muito triste com a morte desse grande escritor e grande SER HUMANO. No dia tentei escrever aqui sobre ele mas não consegui, como agora não consigo falar sem me emocionar. Como pessoa extremamente crítica que sou, não consegui aceitar os comentários das duas pessoas citadas acima e por conta disso não vou falar do mestre agora. Volto a falar somente sobre ele depois que passar a raiva, que sei que vai passar mais rapidamente que a tristeza...