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29 abril, 2009

ainda sobre a farra das passagens

Resolveram aprovar o corte das passagens numa tentativa de calar a opinião pública, e no dia seguinte dizem que vão aumentar a verba de cada parlamentar? Devem estar brincando comigo...

20 abril, 2009

III Coloquio Internacional de Metafísica

De hoje a sábado participarei do citado colóquio e, pelos palestrantes convidados, acredito que será muito proveitoso.
Minha apresentação será na quarta. Veremos

18 abril, 2009

Ainda sobre os abusos dos políticos

Eu não viajo por não ter dinheiro.Já viajei bastante,mas gostaria de viajar mais, só que o meu dinheiro atualmente não da para isso. Por que tenho que pagar para políticos viajarem ao exterior com a família? É um absurdo o que está acontecendo, e sabe qual a desculpa deles? Fizeram "economia" viajando em voos noturnos para poder usar as passagens para ir à Paris com a família...E por que não voam somente nesses voos?

Quem é pego diz que vai devolver os dinheiro, como o caso do namoradinho da Galisteu. E quem não é pego? Quantos não são pegos? Nessa roleta muito menos parlamentares são descobertos e nosso dinheiro continua indo pelo ralo.

Eu acho que cada parlamentar deveria ter uma quantidade de passagens mínima para o seu Estado de origem e, quando necessitarem voar para outros Estados com fins especificamente de trabalho, solicitar a passagem, explicando para que servirá e anexando comprovantes, como se faz em qualquer empresa particular.

E para não ficar somente nesse lamento internético irei agora na página da Câmara fazer uma reclamação...como uma formiguinha, sempre

Café e Filosofia

16 abril, 2009

Café e Filosofia



Fui convidada pelo Prof. Casemiro para fazer um bate papo no Sesc. Me chamou muita a atenção o fato de pessoas se interessarem pelo tema Filosofia, normalmente restrito ao ambiente da Faculdade. E, além do local ser excelente, muito agradável, as pessoas que lá estiveram se mostraram bastante receptivas e interessadas. Adorei a conversa, e mais ainda saber que pessoas que trabalham o dia inteiro reservam um tempinho para cuidar das coisas importantes na vida,normalmente relegadas ao esquecimento....

Debates filosóficos


Divulgação
Projeto Café e Filosofia divulga programação de abril

O projeto Café e Filosofia, atividade do SESC que desenvolve reflexões filosóficas sobre os fatos do cotidiano, divulga sua programação para este mês de abril. Os encontros são gratuitos e acontecem sempre às quintas-feiras, às 18h, no auditório do Sesc Centro. As inscrições podem ser feitas na Biblioteca da Unidade.

Mediadas por professores, filósofos e especialistas no assunto, as discussões buscam despertar nos participantes uma leitura crítica da realidade. Participe!

Confira a programação dos encontros:

2 de abril:
Tema: “Para que serve a filosofia?”
Mediadora: Profª. Erika Bataglia (Filósofa, Mestranda em Filosofia pela UFC)

16 de abril:
Tema: “Tempo de transformações: para onde caminha o mundo hoje?”
Mediador: Profº. Tilso Bataglia (Mestrando em Filosofia – UFC)

23 de abril:
Tema: “Respeite os meus direitos; logo existo!”
Mediador: Profº. Casemiro Campos (Doutorando em Filosofia – UFC)

Serviço:
Projeto Café e Filosofia
2, 16 e 23 de abril, às 18h às 21h
Auditório do SESC Centro (Av. 24 de maio, 692 – Centro)
Entrada Gratuita
Informações: (85) 3452-2114 / 2115.

Para que Filosofia? Uma pequena reflexão acerca

da pergunta que nos cerca.


Erika Bataglia da Costa

Mestranda em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará – UFC

Bolsista Capes-Reuni

“Se se deve filosofar, deve-se filosofar, e se não se deve filosofar, deve-se igualmente filosofar; em qualquer caso, portanto, deve-se filosofar; se, de fato, a filosofia existe, somos obrigados de qualquer modo a filosofar, dado, justamente, que ela existe; se, ao invés, não existe, também nesse caso somos obrigados a pesquisar como a filosofia não existe; mas pesquisando, filosofamos, porque a pesquisa é a causa da filosofia”

(Aristóteles, Protrético, 2)

Se um filho resolve falar para os seus pais que decidiu fazer vestibular para cursar Medicina, Direito ou Engenharia, não ouvirá deles a pergunta sobre o porquê da escolha. Se, no entanto, ele disser que decidiu fazer Filosofia, a primeira e estridente reação será: Filosofia? Por quê? O que é isso? Para que serve?

Ao ouvir que alguém faz faculdade de Matemática ou Física, História ou Geografia, a pergunta terá um teor um pouco diferente. Ela será em função do estranhamento diante da visão de alguém que quer ser professor, pois no mundo em que vivemos qualquer destas disciplinas referem-se essencialmente ao ensino, e, nós sabemos, ser professor no nosso país não faz com que a pessoa seja “rica”, “famosa” ou “poderosa”.

Em ambos os casos a questão que se coloca é a mesma. Só é aceitável aquele que procura profissões que possam garantir dinheiro ou poder, ou, melhor ainda, os dois. Procura-se aquilo que seja útil, que possa transformar em riqueza material qualquer coisa, tornando-as mercadorias, inclusive as pessoas.

Antes de falar sobre para que “serve” a Filosofia, precisamos nos indagar sobre o que é esse “servir” e qual a sua origem.

Em nossa vida cotidiana possuímos crenças que nos são passadas culturalmente através das gerações. Essas crenças são fatos, ideias e acontecimentos que aceitamos como se fossem óbvios e sequer questionamos, como se fossem verdades absolutas. A esse conhecimento prático, normalmente irrefletido, chamamos de senso comum.

É o senso comum que nos imputa as regras a serem seguidas, as normas a serem aceitas, a forma que devemos viver e, principalmente, para que “servem” as coisas. Segundo Chauí:

Achamos óbvio que todos os seres humanos seguem regras e normas de conduta, possuem valores morais, religiosos, políticos, artísticos, vivem na companhia de seus semelhantes e procuram distanciar-se dos diferentes dos quais discordam e com os quais entram em conflito. Isso significa que acreditamos que somos seres sociais, morais e racionais, pois regras, normas, valores, finalidades só podem ser estabelecidos por seres conscientes e dotados de raciocínio. (CHAUÍ, 15).

O problema é que, apesar de sermos seres racionais, normalmente não “raciocinamos” sobre as coisas do mundo, e simplesmente aceitamos os fatos como eles nos aparecem. E, pior, sequer percebemos que isto acontece, o que pode nos gerar terríveis consequências.

Ao longo da história da humanidade diversas crenças, antes aceitas incontestavelmente, começaram a ser questionadas e, em muitos casos, foram abandonadas. Aprendemos, em certos casos, que tomar por certos comportamentos, atitudes e ideias sem ao menos questioná-las pode ser perigoso.

Foi o caso, por exemplo, do nazismo. A Alemanha nazista, através de uma maciça campanha de propaganda, conseguiu convencer uma nação inteira da superioridade de sua raça e que as demais deveriam ser exterminadas. Um grupo de pessoas, inconformado com tal absurdo, questionou tal ação. Muitos morreram em função disso, mas os demais conseguiram mobilizar vários países e, tempos depois, ficou comprovado cientificamente, que não há diferença entre raças, aliás, o próprio termo raça foi abolido. Outro episódio que demonstra o quanto um determinado conhecimento, dado como certo e verdadeiro, pode passar séculos convencendo as pessoas foi a Inquisição da Igreja Católica. Durante boa parte da era medieval, os dogmas da Igreja foram impostos a todas as pessoas dos reinos da Europa. Porém, algumas pessoas passaram a questionar tais dogmas e, com medo de uma crise de fé, a Santa Inquisição julgou e condenou, muitas vezes à morte, estas pessoas que questionavam os seus dogmas. Podemos citar ainda, em nossa história recente, a revolução inicial de um grupo de pessoas na década de 1960 que, ganhando força, acabou derrotando a ditadura brasileira.

Aqueles alemães que não aceitaram o extermínio como natural, os “infiéis” que questionaram a forma com que a Igreja lucrava com os indultos cobrados dos fiéis e os jovens que foram às ruas lutar pela democracia no Brasil tinham algo em comum. Eles não aceitaram como óbvias as “verdades” impostas por aqueles que estavam no poder, eles questionaram, criticaram, combateram. Em suma, de certa maneira, podemos dizer que eles filosofaram.

Será então possível que todas as pessoas possam filosofar? Gramsci, filósofo italiano, costumava dizer:

Todos somos filósofos, no entanto, temos que distinguir o «filósofo» que todos somos, que ocasionalmente filosofa espontaneamente, do filósofo que sabe do ofício, o filósofo intencional, que concebe uma visão do mundo e da vida, que incessantemente está no encalce da verdade e na busca de fundamentos para as suas ideias, princípios e concepções.(apud CHAUÍ, 2008, pg. 14)

“Filosofar”, antes de tudo, é ter uma atitude diferente diante das “verdades postas”, daquilo que é aceito, do senso comum. Quando algo que era objeto de crença começa a nos aparecer como algo contraditório ou problemático, esse algo passa a ser motivo de questionamentos e indagações. A partir daí, mudamos da atitude a qual estamos acostumados e passamos à atitude filosófica.

Quem não se contenta com as crenças ou opiniões preestabelecidas, quem percebe contradições e incompatibilidades entre elas, quem procura compreender o que elas são e por que são problemáticas está exprimindo um desejo, o desejo de saber. E é exatamente isso o que, na origem, a palavra filosofia significa, pois, em grego, philosophía quer dizer “amor à sabedoria”. (CHAUÌ, 2008. pg.16).

Para Platão, a filosofia nasce com a admiração, e Aristóteles dizia que ela nascia com o espanto. Ambos perceberam que somente diante do desconhecido passamos a ter uma atitude que pode nos levar ao verdadeiro conhecimento. O grande problema é que nós achamos que já conhecemos tudo, que já sabemos o que são as coisas, e simplesmente as aceitamos como certas. Como vimos anteriormente, quase sempre nos enganamos quando temos essa postura. Por isso, é importante nunca deixar de ter uma atitude crítica diante não só do desconhecido, mas especialmente do “conhecido”.

Voltando à questão do “servir”, ou seja, da utilidade da filosofia, podemos perceber que aquilo que o senso comum, histórica e culturalmente, considerada útil, é aquilo que possui uma finalidade prática, clara e evidente. Como exemplo podemos citar as ciências. Ninguém questiona a utilidade das ciências, pois entende que o seu produto, a técnica, “serve”, ou seja, tem uma utilidade visível. O telescópio, o cronômetro, a luz elétrica, o avião, o computador, todos são instrumentos de uso indiscutível que surgiram a partir dos estudos científicos.

O problema que a maioria das pessoas não vê é que, se a ciência pretende ser um conhecimento verdadeiro, tem que se basear em instrumentos e formas corretas de agir. Essa pretensão das ciências pressupõe que elas admitem a existência da verdade, do correto, do pensamento racional, da melhor aplicação do conhecimento, e todos estes objetivos e propósitos não são científicos, mas filosóficos! Os cientistas partem destas questões como já resolvidas, mas é a filosofia quem as propõe e investiga!

Podemos dizer então que, da forma como o senso comum pensa a utilidade das coisas, a filosofia não teria uma determinada utilidade. Mas, se pensarmos melhor, perceberemos que em vários aspectos a utilidade da filosofia estaria ligada às mais importantes atitudes humanas. Enumeraremos algumas:

a. Filosofia como crítica à ideologia;

b. Filosofia para pensar bem (lógica);

c. Filosofia para agir bem (ética);

d. Filosofia para formar a consciência;

e. Filosofia para o trânsito da consciência ingênua à consciência problematizadora;

f. Filosofia para nos conduzir à felicidade;

a. Filosofia como crítica à ideologia

Ideologia é um termo usado comumente pelo senso comum com o sentido de um conjunto de ideias, doutrinas e visões de mundo de um determinado grupo, normalmente influenciada por quem detém o poder. Para Karl Marx, filósofo alemão, a ideologia é o modo pelo qual a classe dominante aliena a classe operária para dela tirar proveito.O processo de alienação faz com haja a transferência do domínio de algo para outrem. Dessa maneira, a ideologia submete o indivíduo à heteronomia (Do grego heteros (diversos) + Nomos (regras), sem que este o saiba. Desta forma, o sujeito transfere para o outro a responsabilidade pela criação das regras e dessa maneira passa a aceita-las sem questioná-las. O indivíduo, desta maneira, passa por um processo de “perda de si mesmo”, e todas as suas relações no mundo e com o mundo são moduladas em função da reprodução dos poderes hegemônicos.

A filosofia, nesse sentido, pode ser instrumento de emancipação do indivíduo, isto é, da “recuperação de si”. Para tanto, ela denuncia a dominação disfarçada de pseudo-liberdade que a ideologia nos impõe. Neste sentido, a filosofia é necessária ao restabelecimento da autonomia do indivíduo na medida em que, invocando a razão crítica presente nele mesmo, submete o próprio conteúdo de sua consciência ao exame da validade de seus fundamentos sociais, políticos, etc. Assim, esta autopurgação sistemática (conhece-te a ti mesmo), seguindo regras claras em sua elaboração, aplana o terreno existencial sobre o qual brotará a liberdade genuína.

b. Filosofia para pensar bem (Lógica)

A palavra lógica originou-se do grego logos, que significa palavra, ideia, discurso. Por outro lado, o discurso, a fala, a linguagem, é aquilo que manifesta o pensamento. Este, por sua vez, é fundamental para o conhecimento da realidade. Pode-se mesmo dizer, que o conhecimento é a realidade organizada em e no pensamento. Quando o pensamento esta de acordo com a realidade o sujeito encontra-se na verdade. Para tanto, o pensamento atribui a si mesmo regras e princípios rigorosos (princípio de identidade, não-contradição, terceiro excluído, causalidade) que o permitem discorrer ordenadamente sobre os dados oriundos da realidade externa e interna. É necessária a obediência a estas regras para que a verdade sobre tais dados seja alcançada. A lógica é, precisamente, a parte da Filosofia que irá garantir as regras de retidão do pensar. No entanto, ela não se constitui como fim em si mesma, mas apenas como meio para se garantir que nosso pensamento proceda corretamente a fim de chegar a conhecimentos verdadeiros. Neste sentido, a Filosofia, através da lógica, torna possível o ordenamento do pensar garantindo a posse pelo espírito de um valor fundamental à civilização, refiro-me à verdade.

c. Filosofia para agir bem (Ética);

A palavra ética vem do grego ethos e significa costumes, modo de ser e também caráter. É uma parte da Filosofia que pretende investigar e estabelecer os fundamentos e a validade das normas morais e dos juízos de valor ou de apreciação sobre as ações humanas qualificadas de boas ou más. Podemos dizer que o seu objetivo maior é fazer com que as pessoas vivam em comunidade da melhor maneira possível.

A ética é pautada por princípios, e é a reflexão filosófica que fundamenta as normas e os princípios em questão. Assim, caberá à filosofia justificar racionalmente a submissão da liberdade ao bem. Neste sentido, a filosofia é necessária à harmonização das liberdades entre si e do comércio destas com o mundo. Muito embora o direito e a moralidade também promovam a harmonia, não o fazem, no entanto, em uma dimensão fundacional, tal qual a filosofia, e, além disso, podem estar a serviço dos interesses de uma minoria. Ademais, é a filosofia quem denuncia quando o direito e a moralidade se encontram a serviço não da liberdade de todos, mas de poucos.

Platão, a este respeito, escreveu que devemos sempre agir de forma a buscar o bem e o justo, e em um de seus diálogos nos diz que Uma vida sem este exame não é digna de ser vivida (PLATÃO, 1997. pg.38a).

Como devemos agir, quais regras devem ser seguidas e quais devem ser descartadas, como interagir com o outro respeitando sua liberdade e tendo a minha liberdade respeitada, como colaborar para a convivência harmônica sem ser submisso às ideologias vigentes, como respeitar o outro e ser por ele respeitado, são objetos da reflexão ética fundamentais para a vida em comum.

d. Formar a consciência (definição de consciência)

A filosofia fornece estruturalmente os elementos necessários á formação da consciência (princípios do conhecimento e da ação). Desse modo, a cultura filosófica torna a consciência imune aos estupefacientes culturais que a sociedade de massas e a indústria cultural ofertam incessantemente. Neste sentido, a filosofia é necessária para estabelecer na consciência critérios consistentes de aceitação ou recusa de tudo o que nos rodeia tornando-nos senhores da elaboração de nossas preferências. Formar uma consciência emancipada consiste, pois, em nutri-la filosoficamente através da desconfiança refletida em relação ao que se nos apresenta as diversas instituições sociais.

e. Trânsito da consciência ingênua à problematizadora

A filosofia institui a negatividade como padrão de interpelação do mundo, isto é, recusa ou nega o assentimento imediato em relação a tudo o que é dado, percebido, imposto e leviana e inconsistentemente justificado. Neste sentido, a filosofia dissolve a ingenuidade, que é sempre tributária da aceitação imediata do mundo, substituindo-a pela problematização “inquisitora” que pretende vasculhar o que se oculta sob o disfarce da imediatez. Finalmente, a problematização desdobra novas perspectivas de resolução e transformação do existente e, por conta disso, a filosofia é necessária ao próprio desenvolvimento cultural e ao refinamento civilizatório.

f. Filosofia para nos conduzir à felicidade

Talvez o propósito mais importante da Filosofia seja a condução à felicidade. André-Conte Sponville, filósofo francês contemporâneo, escreveu que o principal objetivo da filosofia seria a condução de cada um à felicidade, mas não a felicidade total e irrestrita, uma alegria contínua e soberana, ou mesmo a ausência total de sofrimento e angústia, pois certamente isso não existe. A felicidade, se a entendemos como uma alegria completa, é apenas um sonho, que nos separa do contentamento verdadeiro. Em busca da felicidade absoluta, nós nos proibimos de viver as felicidades relativas e nos tornamos infelizes. Se, ao contrário, você entender como felicidade o fato de não ser infeliz ou simplesmente de poder desfrutar algumas alegrias, a felicidade não é impossível. E você será feliz somente por não ser triste. À exceção, claro, nos momentos mais difíceis da vida.

O autor nos diz que a felicidade interessa a todo mundo, e todos a buscam, inclusive os suicidas. Para ele, a sabedoria que advém da filosofia é necessária por dois motivos: porque somos infelizes e porque somos mortais. Quando temos tudo para ser feliz e não somos, é porque nos falta sabedoria. E sabedoria é saber viver, aprender a viver.

Para a maioria das pessoas, ser feliz é ter aquilo que se deseja. Mas no momento que temos o que desejamos, o desejo acaba, pois aquilo que passamos a possuir já não nos falta mais. Então procuramos por outros objetos de desejo. São as chamadas armadilhas da esperança, porque quando esperamos a felicidade e ela não é satisfeita, sofremos e nos frustramos. Quando é satisfeita, nos entediamos e nos frustramos também. Para escapar deste ciclo normalmente as pessoas seguem três estratégias: se divertir para esquecer, alimentar novas esperanças (fuga para frente) e depositar esperanças em outra vida (salto religioso).

A esperança é um desejo que não depende de nós, enquanto a vontade é um desejo que depende de nós. O autor propõe uma felicidade desesperadamente, mas não o desespero no sentido comum, mas no sentido de não esperar, não ter esperança. Não significa que as pessoas devam amputar suas esperanças, mas que aprendam a pensar mais, querer o que vale a pena e amar melhor.

Filosofar é pensar sua vida e viver seu pensamento. Em que medida isso pode nos aproximar da felicidade? Ficando mais perto da verdade, nós nos libertamos de várias ilusões e esperanças tolas. Isso nos ajuda a amar a vida mais do que amar a felicidade, a verdade mais do que a fantasia, o amor mais do que a fé ou a esperança. É isso que chamamos de sabedoria. (SPONVILLE, 2002, pg.16).

A felicidade não é absoluta, mas um processo. E, desta maneira, precisamos de sabedoria para entender esse processo. A sabedoria é a felicidade dentro da verdade. É o máximo de felicidade associado ao máximo de lucidez. Essa é a meta da filosofia. Nesse caminho, há muitas ilusões a perder e algumas verdades desagradáveis a confrontar. É por isso que a filosofia passa inevitavelmente pela angústia, pela dúvida, pela desilusão. Continua sendo apenas um caminho. O filósofo prefere a alegria à tristeza, como todo mundo. Mas ele coloca a verdade num patamar mais alto que todo o resto. Isso não quer dizer que seu objetivo seja a infelicidade. É preciso sempre ter coragem para enfrentar a melancolia ou a tristeza quando surgem. É o único caminho.

BIBLIOGRAFIA

CHAUÍ,Marilena.Convite à Filosofia.São Paulo: Ática, 2008.

PLATÃO, Apologia de Sócrates. Introdução, versão do grego e notas de Manuel de Oliveira Pulquério. Brasília,DF. UNB, 1997

_______, A República. Tradução, textos complementares e notas de Edson Bini. Bauru, SP. Edipro, 2006.

SPONVILLE, André-Conte. Apresentação da filosofia. São Paulo. Martins Fontes,2002.

_______. A Sabedoria dos Modernos. São Paulo, Martins Fontes,2000.

09 abril, 2009

'Barebacking' cresce no Brasil e torna-se caso de saúde pública

Recebi ontem uma mensagem do Ailton e fiquei impressionada. Não tinha ouvido falar do termo barebaking:
"barebacking" (derivado da
palavra barebackers, usada em rodeios para designar os caubóis que
montam a cavalo sem sela ou a pêlo).

No sentido do texto, significa um grupo de pessoas que tem relações sexuais com outras sem proteção
sabendo que correm o risco de contrair o vírus da aids.
O termo ficou conhecido internacionalmente como uma gíria para o sexo
sem camisinha, praticado de preferência em grupo, em festas fechadas,
por homens sorodiscordantes (HIVs positivos e negativos).

“Coisa de macho”, garantem os adeptos. O movimento cresce no Brasil,
de forma assustadora, e tornou-se uma questão de saúde pública e
motivo de preocupação social.
Existem anúncios: “Procuram-se HIVs”. claro, anúncios desse tipo não passam despercebidos.

Mas, de fato, o que esperam essas pessoas? Poder finalmente transar sem camisinha? Será só isso? Duvido.

A que ponto pretende-se chegar? Que tipo de risco é esse? Será que o desespero da pós-modernidade fez com que as pessoas
realmente perdessem a noção de cuidado, proteção? Tomara que não.

08 abril, 2009

Sobre Cristovam Buarque e sua cesta básica de livros

Acabei de ouvir uma notícia bem interessante, de um dos poucos, pouquíssimos políticos que me fazem acreditar que ainda existem pessoas com boas intenções nesse meio – não que eles possam mudar algo, o sistema mesmo impede – que é a cesta básica de livros.
Cristovam parte de um princípio que faz sentido e que os Titãs já haviam colocado em uma das suas músicas, a gente não precisa só de comida, mas de diversão e arte. Para mim, a leitura sempre foi, antes de qualquer coisa, diversão. E hoje, mesmo quando ela é “forçada”, é prazerosa. Mas eu sei que eu não faço parte da maioria...
Não sei se estou muito pessimista, mas a primeira reação que eu tive ao ouvir a notícia foi de alegria, mas imediatamente em seguida veio o seguinte pensamento: Quantos destes livros não irão parar na Praça José de Alencar para serem vendidos a R$ 1?
Tomara que não, tomara que eu esteja errada...se pelo menos um destes livros fizer com que alguém se encante e entre no mundo maravilhoso da literatura, já terá valido a pena!

05 abril, 2009

sobre o novo imposto sobre os cigarros

Eu já falei o quanto odeio cigarros, e da falta de educação da maioria dos fumantes que acham que colocar o cigarro longe da "vítima" diminui o inconveniente...agora, achar que aumentar a taxa de imposto que incide sobre o cigarro vai fazer diminuir o número de fumantes ou a quantidade fumada por cada um é, no mínimo, ingenuidade.

Quem fuma, não fuma só porque quer, a maioria realmente é viciada, e vai pagar mais caro por isso. Eu acredito ser melhor taxar menos bens fundamentais e aumentar os supérfluos - e pagar mais pela cervejinha nos finais de semana - e esperar que o preço possa fazer diminuir o consumo...mas duvido que isso vá acontecer, infelizmente.

Aliás, o governo espera por isso, como foi dito, eles pretendem recuperar a perda de arrecadação no cimento, por exemplo, através dos cigarros...

Começou...

Obama não disse que ia diminuir as tropas no Iraque, até deixar o país?

Mas o aumento no número de soldados enviados ao Afeganistão, contra o regime Taliban, pode?

Será porque os Bin Laden são amigos dos Bush? Claro que não, isso é só uma brincadeira, Obama não perderia seu tempo com picuinhas como essas, mas que parece, parece.

01 abril, 2009

dos absurdos absolutamente inaceitáveis

Fui cortar meu cabelo hoje e ao meu lado, na cadeira, uma criança de 4 anos. Uma cabeleireira passava uma espécie de pasta em seu cabelo, e o cheiro forte exalado do tal produto tomava o ambiente. Sua mãe, sentada ao lado, com a cabeça cheira de lâminas de alumínio esperava a tinta fazer efeito. Fiquei me perguntando o que aquela mãe estaria fazendo com a criança e não queria acreditar...até que perguntei discretamente à manicure, que confirmou o que eu já imaginava...ESTAVAM FAZENDO ALISAMENTO NESSA MENINA!!!

A própria manicure achava um absurdo, mas funcionária que era, calava-se. O pior, segundo ela, é que aquilo se repetia de 6 em 6 meses, há quase 2 anos!!!

Não sei se não seria caso de dar queixa, afinal os produtos usados para alisar o cabelo possuem químicas que, obviamente, não devem ser usados em criança.

Pior - se é que algo pode ser pior - é o que essa mãe está fazendo para a auto-estima de uma criança, que ainda não deveria ter sucumbido - como tantas, mais velhas - à obrigatoriedade de seguir um determinado padrão de beleza para poder se enquadrar na sociedade.Seus belos cachos de criança não passarão de lembranças em fotos de sua infância, e o que esse ato trará como consequência, o tempo, sabemos nós, dirá.