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30 setembro, 2008

Uma verdade inconveniente





Até quando esperar?


Se quiserem saber
se volto diga que sim
Mas só depois
que a saudade
se afastar de mim
Só depois que a saudade
se afastar de mim

Zé Keti

25 setembro, 2008

Das dores, dos horrores...

Angustiada por ver as pessoas em quem a gente mais confia e acredita sendo injustas, por ver a teimosia e a falta de coragem barrar coisas tão lindas, por estar longe de quem a gente ama, por amar errado, por não ver solução onde esta seria tão simples, por ter que fingir estar bem sem estar, por ter que ser racional quando estou tão emotiva, por tentarem me convencer de algo que não sou...mas esperançosa por saber que tenho amigos que estão perto de mim me amparando, me mostrando que eu tenho um bom coração e mereço ser feliz, que erros acontecem mas que tenho uma vida de acertos pra me mostrar que tudo isso vai passar e por mais doloroso que seja no final eu sei que muita gente vai perceber os erros que cometeram e quanto foram injustas...

21 setembro, 2008

quem não tem mais nada a perder acaba cometendo grandes erros...

09 setembro, 2008

“A mim parece que, desde os últimos três séculos, a civilização européia desleixou a lei do equilíbrio. Ela levou, sim, de uma maneira admirável, a cultura da ciência e sua aplicação técnica e organizatória ao seu pleno desenvolvimento. Mas não terá ela desenvolvido, também, e cunhado a capacidade de estar em poder de armas mortais e de saber o que nossa cultura carrega, com isso, de responsabilidade para a humanidade em seu todo?”

H-G. Gadamer

06 setembro, 2008

Besteirol corinthiano

JOSÉ GERALDO COUTO

"United Colors of Corinthians"


Idéia de vender espaço para fotos de torcedores transforma camisa do time em revista "Caras" de pano

A IMAGINAÇÃO dos cartolas brasileiros não tem limites, pelo menos quando se trata de levantar dinheiro rápido à custa da paixão do torcedor.
A mais nova idéia genial, daquelas que fazem uma lampadinha acender acima da cabeça do sujeito, é da diretoria corintiana: imprimir fotos de torcedores nas camisas usadas pelos jogadores na partida que selar a volta do clube à Série A, mediante a módica quantia de R$ 1.000 por cabeça.
De acordo com os autores da idéia, cada camisa dos dez titulares da linha (o goleiro, por algum motivo, está excluído) teria espaço para 400 fotos. Com isso, o clube arrecadaria R$ 4 milhões em 90 minutos. Pode ser que eu tenha entendido tudo errado, mas vejo alguns problemas na concretização da proposta.
Primeiro, num torneio de pontos corridos, é impossível saber de antemão em que partida um clube confirmará sua classificação, uma vez que isso depende de uma série de resultados de outros jogos da rodada.
A não ser que se combine com todos os clubes envolvidos, a CBF, o comitê de arbitragem etc. -o que, afinal, talvez não seja tão difícil assim.
Mas há também a prosaica questão material, métrica -ou antes, milimétrica. Por mais que a camisa de um atleta possa ser ampla, ela tem uma superfície limitada. Para que caibam nela 400 caras de torcedores, essas terão que ser minúsculas fotos 3x4, mesmo porque tem de sobrar espaço para o número do jogador, o distintivo do clube, o logotipo do fornecedor de material esportivo e o reluzente nome do patrocinador.
Outra coisa: com tantas carinhas impressas na camisa, dificilmente ela terá uma cor facilmente discernível, como o preto e o branco característicos do time. E cada camisa, trazendo impresso um conjunto diferente de retratos (e portanto de indivíduos, com sua diversidade étnica e cromática), tenderá a ter uma cor diferente das outras.
Você consegue imaginar a confusão carnavalesca de um elenco vestido com semelhante "desuniforme"? No mínimo vai parecer obra do Bispo do Rosário. Ou anúncio da série "United Colors of Benetton".
Os autores da idéia mencionam uma iniciativa semelhante que teria sido adotada pela equipe de F-1 Honda. Tudo bem, mas um piloto não tem que se vestir de modo a se igualar a seus companheiros de equipe e a se diferenciar dos rivais.
Mas deixemos de lado a miudeza dos entraves práticos. O que esse plano genial, no fundo, significa? Para mim, que os dirigentes estão apelando mais à vaidade do que propriamente à fidelidade do torcedor.
Na sociedade da imagem e da superexposição pessoal em que vivemos, faz sentido que uns endinheirados queiram estampar seus rostinhos numa camisa, digamos, histórica.
Os torcedores mais fiéis provavelmente prefeririam usar os R$ 1.000, se os tivessem, comprando ingressos para todos os jogos do Corinthians na competição, ou para viajar com o time para um importante confronto fora de casa. (Isso tudo, claro, depois de comprar comida, pagar aluguel, passe de ônibus etc.) Mas talvez eu esteja jurassicamente enganado, falando sozinho num mundo em que faz todo o sentido a transformação da camisa do Corinthians numa espécie de edição têxtil da revista "Caras".

jgcouto@uol.com.br

05 setembro, 2008

Tanta coisa pra fazer e às vezes vem um cansaço da alma, cansaço por tanta coisa sobre as quais não tenho controle nenhum...

02 setembro, 2008

Quem sabe, um dia...

Thiago de Mello


Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony



Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.


Santiago do Chile, abril de 1964